Lições Bíblicas CPAD
TEXTO ÁUREO
“Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece” (2 Co 3.11).
VERDADE PRÁTICA
A glória da Antiga Aliança desvaneceu ante a glória superior da Aliança revelada em Cristo Jesus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Coríntios 3.1-11.
1 - Porventura, começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós?
2 - Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens,
3 - porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
4 - E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 - não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 - o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica.
7 - E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
8 - como não será de maior glória o ministério do Espírito?
9 - Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
10 - Porque também o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória.
11 - Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
COMENTÁRIO
introdução
Nova aliança: Providência divina pela qual Deus estabeleceu um novo relacionamento de responsabilidade entre Si mesmo e o seu povo.
Havia um conhecimento da parte dos coríntios acerca de Paulo, que substituía qualquer documento comprobatório de seu apostolado. Paulo fundara aquela igreja durante a primavera do ano 50 d.C., permanecendo na cidade, inicialmente, por 18 meses (At 18.1,8-11). Os irmãos reuniam-se em casas particulares como a de Tito Justo (At 18.7), e então, começaram a surgir os primeiros líderes daquela igreja (1 Co 1.1,14; 16.17). Esta se fortaleceu, e Paulo teve o cuidado de enviar-lhe obreiros experientes como Timóteo, Silas e Apolo, a fim de a confirmarem doutrinariamente (At 18.5,27,28). Portanto, o pai espiritual da comunidade cristã de Corinto era Paulo, não havendo necessidade de qualquer carta de recomendação vinda de Jerusalém. Entretanto, o apóstolo deparou-se com uma forte oposição, que colocava em dúvidas a legitimidade de seu ministério. Ele então apresenta uma justificativa que se constitui na maior e melhor recomendação que existe: o ministério que recebeu diretamente de Jesus Cristo e o modo como cumpria tal chamada. A prova de sua aprovação apostólica era a própria existência da igreja coríntia (v.2).
I. PAULO JUSTIFICA SUA AUTORRECOMENDAÇÃO (3.1,2)
1. A recomendação requerida (3.1). Era hábito dos judeus que viajavam com frequência, levarem cartas de recomendação para que, assim, ao chegar a lugares onde não eram conhecidos, pudessem ser hospedados durante o período em que ali estivessem. Imagine o fundador da igreja, conhecido de todos, ter de cumprir a exigência de ser portador de “cartas de recomendação”, apenas para satisfazer o espírito opositor que dominava alguns judeus-cristãos, que estavam com dúvidas acerca da autenticidade do seu apostolado! Algo injustificável.
2. Paulo defende sua autorrecomendação (3.1). Todos em Corinto sabiam que Paulo, mesmo não tendo sido um dos doze que estiveram com Jesus, recebera um chamado de Cristo para ser apóstolo. Seu testemunho pessoal era a prova concreta de que não lhe era necessário nenhuma recomendação. Seus sofrimentos por Cristo evidenciavam seu apostolado entre os gentios e, especialmente, em Corinto, dispensando, portanto, qualquer tipo de recomendação por escrito. No texto de 2 Coríntios 5.11, o apóstolo Paulo faz uma defesa de sua atitude dizendo que “o temor que se deve ao Senhor” lhe dava condições de se autorrecomendar, porque a sua vida e ministério eram manifestos na consciência de cada um daqueles crentes. A atitude paulina não tinha por objetivo ofender a ninguém, mas baseava-se na confiança do conhecimento que os coríntios tinham da sua pessoa e ministério.
3. A mútua e melhor recomendação (3.1). Na parte “b” do versículo 1, Paulo questiona: “[...] necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós?” Tal questionamento é retórico, pois apela para uma reciprocidade que havia entre ele e a igreja, a qual dispensava a recomendação de Jerusalém requerida por alguns opositores do seu ministério, uma vez que ele o havia desenvolvido entre os coríntios. O apóstolo, por sua vez, via-se como insignificante, mas os coríntios eram o seu verdadeiro louvor e glória. Assim, nem os coríntios precisavam de recomendação escrita, porque, dizia: “vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens” (v.2). A maior e melhor recomendação que um servo de Cristo pode ter é a evidência do seu ministério no coração e na vida daqueles que foram por ele alcançados para o Senhor Jesus. Quando Paulo diz aos coríntios que sua carta de recomendação foi escrita no coração deles, pelo próprio Cristo, “não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo” (vv.2,3), a preocupação maior de Paulo era referendar como verdadeiro o caráter do seu ministério apostólico (2 Co 3.6).
NOVO TESTAMENTO
Esse título implica um contraste com o AT, ou com as Sagradas Escrituras que a Igreja herdou do Judaísmo. O nome Novo Testamento (gr. He kaine diatheke) pode ser melhor traduzido como “nova aliança” e revela um contrato estabelecido por Deus que o homem pode aceitar ou rejeitar, mas não pode alterar. O termo foi usado, pela primeira vez, pelo Senhor Jesus ao instruir a Ceia, com a finalidade de definir a nova base da comunhão com Deus que Ele pretendia estabelecer através de sua morte (Lc 22.20). A essência dessa nova alinça reside no cumprimento da antiga aliança por meio de um sacrifício que fosse adequado para remover todos os pecados (Hb 9.11-15), e operasse nas motivações interiores ao invés de ser meramente um regulamento para condutas exteriores (Jr 31.31-34).
(Hebreus 9:16 Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; ) e só a morte de Cristo trouxe a redenção, tanto para nós como para as “transgressões que havia debaixo do primeiro testamento” (Hb 9.15) Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
O testamento constitui, deste modo, o âmago da revelação redentora de Deus, e a Escritura consiste do “Antigo Testamento” e do “Novo testamento”. Se por um lado pode haver somente um testamento (uma morte: “o sangue do Novo Testamento”, Mateus 26.28, de acordo com os melhores manuscritos), por outro a revelação ainda se organiza sob o testamento mais antigo, com seus símbolos antecipatórios do sacrifício de Cristo (2 Co 3.14; Jr 31.32) e sob o testamento mais novo, que comemora o cumprimento da expiação ( 2 Co 3.6; Jr 31.31). A estrutura testamentária de Deus contém os seguintes elementos: um testador, Deus o Filho, “O Mediador” (Hb 9.15); herdeiros, “os chamados” (9.15); um método objetivo de efetuação, ou seja, uma herança de graça (9.16); as condições subjetivas pelas quais os herdeiros se qualificam para a herança, pelo comprometimento com Cristo (9.28); e uma herança de reconciliação, a “salvação eterna” (9.15,28).
“assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”(9.28)
Sua efetuação objetiva é sempre marcada por: monergismo, “um realizador”, Deus exercendo sua pura graça (Gn 15.17; Ex 19.4. Jr 31.2,3), sem o auxílio das obras do homem (Ef 2.8,9); a morte do testador (Ex 24.8;
Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras. Hb 9.18-22); a promessa, “E eu serei seu Deus, e eles serão o meu povo” (Gn 17.7 até Ap 21.3); a eternidade (Sl 105.8-10) “o sal [preservação eterna] do testamento”); para nóe (Gn 9.12,13), o êxodo para Moisés (Ex 20.2), ou a ressurreição de Cristo para nós (Rm 1.4). A apropriação subjetiva do testamento é da mesma forma marcada por características imutáveis da resposta humana: fé (Gn 15.6; Dt 6.5; Hb 11.6) e obediência, tanto moral (At 22.16), pois a fé genuína deve ser demonstrada por meio de obras (Tg 2.14-26).
Por outro lado, as revelações que Deus concedeu sobre seu testamento também exibem uma progressão histórica (testamento, plural, Rm 9.4. algumas versões trazem os termos concertos e alianças). Sob o testamento mais antigo, aparece o testamento do éden (Gn 3.15) Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar , o de Noé (9.9) Eis que estabeleço a minha
aliança convosco, e com a vossa descendência , o de Abraão (15.18) Naquele mesmo dia, fez o
SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o
rio do
Egito até ao grande rio Eufrates: , o do Sinai (Ex 19.5,6) Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a
terra é minha , o Levítico (Nm 25.12,13), e o de Davi (2 Sm 23.5) Não está assim com
Deus a minha casa? Pois estabeleceu comigo uma
aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não me fará ele prosperar toda a minha
salvação e toda a minha esperança? . Cada um deles antecipou a mesma morte redentora; mas as diferenças aparecem, particularmente, na resposta cerimonial de cada um. Até mesmo o nosso testamento mais recente exibe desse modo dois estágios: o novo testamento em Cristo, no presente (Jr 31.33,34; Hb 8.6-13), e sua cerimônia, a Ceia, exibindo “a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.26). As Escrituras também falam de um testamento futuro de paz entre todas as Nações (Ez 34.25-31), quando a comunhão espiritual com Cristo se tornará uma realidade desfrutada “Face a Face” (Ez 37.27;39.29).
II. A CONFIANÇA DA NOVA ALIANÇA (3.4-11)
1. A suficiência que vem de Deus. Após fazer a defesa de sua autorrecomendação perante os coríntios, Paulo usa a figura metafórica da lei escrita em tábuas de pedra, pelo próprio Deus (Êx 31.18; Dt 5.22), e a compara à nova lei, o novo pacto, predito pelos profetas, que afirmaram que Deus a escreveria no coração do seu povo (Jr 31.31-34). Os dois pactos são provenientes de Deus, mas o segundo é superior, porque veio mediante a pessoa de Jesus Cristo, que consumou todas as coisas do Antigo Pacto, em um único ato sacrificial (Hb 7.27; 12.24; 1 Pe 1.2).
A INSTITUIÇÃO DE UMA VONA ALIANÇA (31.31-34)
A concepção de Jeremias de uma nova aliança nasceu da sua experiência de muitos anos no ofício profético. Nas reformas de Josias ele tinha visto seu povo derramar toda sua esperança em formas exteriores de religião, mas sem a melhora correspondente no aspecto ético da vida. A religião nacionalizada não proveu motivos adequados para o indivíduo sentir sua responsabilidade pessoal. Assim, a antiga religião falhou no aspecto da responsabilidade individual.
Evidentemente foi durante as reformas de Josias que Jeremias tornou-se convicto de que a única esperança para a nação era uma revolução interna e individual: “Lavrai para vós o campo de lavoura [...] tirai os prepúcios do vosso coração” (4.3,4). Com o passar dos anos, o profeta parece ter ficado cada vez mais convicto de que a religião devia ser individualizada. Sua própria experiência nasceu do fato de que a religião individual era imediato e interior. O que era possível para ele deveria ser possível para cada indivíduo da nação.
Seria insensato dizer que Jeremias via qualquer coisa com perfeita clareza. No entanto, ele era capaz e ver o esboço das coisas futuras, e foi isso que ele passou para o povo hebreu.
Quais então são os traços distintos de uma nova aliança de acordo com a descrição de Jeremias?
1) a nova aliança será escatológica em caráter, porque está no coração do porpósito redentor de Deus. ela não é uma inferência íntima divina. Da maneira que a religião mosaica fazia parte do plano redentor, assim a nova aliança surgirá na plenitude dos tempos.
2) O aspecto seguinte será a introdução e uma nova metodologia. Antes Deus tinha trabalhado através da nação como uma unidade, mas a nação estava prestes a desaparecer. Para poder cumprir os propósitos de Deus, um novo método precisava ser encontrado. A partir de agora, ele trabalhará por intermédio do indivíduo. A nova metodologia envolverá três coisas: a) um tipo diferente de motivação: POREI A MINHA LEI...NO SEU CORAÇÃO (33). B) um conhecimento imediato de Deus : TODOS ME CONHECERÃO (34). C) O perdão individual pelo pecado: PERDOAREI A SUA MALDADE. Deus agora podia lidar com a mola principal da ação humana. Então, ao trabalhar através do indivíduo, a religião podia tornar-se universal.
3) Haverá uma nova dimensão espiritual. A religião não será mais meramente exterior, a intimidade será o aspecto predominante no futuro. Aintigamente as leis de Deus haviam sido escritas em tábuas de pedras, agora elas serão escritas no coração. Em vez de tratar sintomas exteriores, Deus estará lidando com os princípios interiores. Sob a nova aliança, as pessoas responderão de acordo com a motivação interior, em vez de agirem sob formas exteriores de compulsão.
4) Haverá um novo relacionamento. Sob a nova aliança, o relacionamento do homem com Deus será íntimo e pessoal: TODOS ME CONHECERÃO (34). Sob a antiga aliança, o relacionamento do homem com Deus era formal, debaixo da nova aliança, ele será espiritual, quando a lei é escrita no coração, a religião tem uma qualidade dinâmica que proporciona infinitas possibilidades.
5) Haverá um novo nível de moralidade. Judá tinha sofrido por causa de um coração “enganoso” e “desesperadamente corrupto”(17.9). Essa era a grande necessidade para uma transformação moral – um coração transformado, sob a nova aliança, isso será uma possibilidade gloriosa. A verdadeira religião terá, doravante, aspirações fundamentadas no conhecimento pessoal de Deus, e operará a partir de leis espirituais escritas no coração. O resultado disso será que novos princípios morais governarão a sociedade.
A restauração de Israel alcança seu clímax com a instituição da nova Aliança. Esse talvez sejam os quatro versículo mais importante do livro e Jeremias, visto que dizem muito sobre o que aconteceu no campo da religião desde os seus dias. Paulo usou a idéia de Jeremias, fazendo uma clara distinção entre a antiga e a nova aliança. O autor da epístola aos hebreus inicia e termina sua exposição do ministério Jesus ao citar Jeremias 34.31-34. Jesus instituiu a Ceia do Senhor ao dizer. “ Isto é o meu sangue, o sangue do Novo testamento (alinça), que é derramado por muitos”(Mt 26.28) a religião individual encontra uma de suas origens em Jeremias. Ele foi o principal elo entre a antiga ordem em Israel e a Nova.
2. A distinção entre as duas Alianças (3.6). Paulo mostra aos coríntios que a “velha lei” ou o “velho pacto” tinha em seu conteúdo a sentença de morte sobre o moralmente culpado, por isso, a Antiga Aliança era da “letra”: gravado com letras em pedras (2 Co 3.7). A Nova Aliança é do “Espírito”, e ministrada por Ele (v.8), pois é um ministério da justiça (v.9), o qual vivifica (v.6) e é permanente (v.11). A Antiga Aliança era de condenação; a nova é de justiça e salvação (v.9). O Antigo Pacto veio por Moisés; o novo veio por Cristo (At 20.28; Hb 9.12; 7.27; 12.24).
A ADEQUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO NOVO CONCERTO (3.4-11).
Paulo continua a se proteger contra a interpretação equivocada da descrição triunfante do seu ministério apostólico (2.14-17). Os seus motivos eram puros, pois ele realmente não precisava se recomendar aos coríntios (3.1-3). Agora, em 4-11, a base da sua confiança já não está mais em si mesmo, pois foi DeUs quem o fez adequado como um ministro do novo concerto. Isto ele já tinha anunciado com a sua imagem do versículo 3. Como um ministro do Espírito, e não da letra, o ministério do novo concerto transcende o do antigo. Isto Paulo exemplifica com uma alusão ao brilho no rosto de Moisés, que ele cobriu com um véu para o bem dos israelitas depois que retornou vindo do Monte Sinai (Ex 34.29-35).
A Confiança (4) que Paulo expressa se refere, basicamente, à sua convicção de que os próprios coríntios constituem uma testemunha irrefutável da validade do seu chamado apostólico. Ele estava convencido da verdade do evangelho e da realidade da sua vocação. Hodge comenta que “é fácil determinar se tal confiança é presunção, ou a força de Deus na alma. Se for a primeira, ela tem os seus companheiros naturais que são o orgulho, a arrogância, a indiferença, e o desprezo pelos demais. Se for a segunda, ela é de ser o menor, e por todas as demais graças do Espírito”. Tal confiança veio a Paulo por Cristo e de Deus, a quem Paulo recorre como o seu último Recurso. Não era uma confiança humana, mas, em um certo sentido, era um relacionamento face a face (pros) com Deus, e que poderia suportar a prova do juízo.
Consequentemente, ele prossegue explicando, não que sejamos capazes (hikanos), por nós (5), de “ter um único pensamento por nossa própria iniciativa” (literalmente, “de pensar alguma coisa, como de [ek] nós mesmos”) em relação ao evangelho e ao seu ministério, mas a nossa capacidade (hikonetes) vem de (ek) Deus. (cf. 4.7;5.18;6.4;7.5-6;11.23;12.9-10;13.3-4;1co 15.10). A compreensão e o domínio que Paulo tinha do seu ministério apostólico não nasce dos seus próprios recursos. Ele não pode fazer nenhuma reivindicação pessoal sobre a sua capacidade no evangelho. Pela mesma linguagem com a qual ele levantou a pergunta pela primeira vez em 2.16: “QUEM É IDÔNEO?”, Paulo está desenvolvendo a sua resposta nos vv5 e 6 (cf NASB, capazes ou adequados”). O QUAL NOS FEZ.... CAPAZES DE SER MINISTROS DUM NOVO TESTAMENTO (3.6)
Nenhuma capacidade nata qualifica ninguém para ser ministro de Deus. É o chamado de Deus que qualifica, pois com seu chamado Ele fornece a capacitação.
Então, com uma alusão ao seu chamado (At. 9.3-18;22.14-16;26.16-18; 1 Tm 1.12), Paulo insiste que “a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros (servos) de um Novo testamento” (5,6 NASB). A partir da perspectiva bíblica completa, “concerto” pode ser mais adequado do que TESTAMENTO, como uma tradução de diatheke no Novo Testamento, com a possível exceção de Hebreus 9.15-20. “Concerto” na bíblia refere-se a um acordo, entre Deus e o povo. É constituído pela graciosa oferta de Deus da sua presença salvadora e confirmada pela resposta agradecida do seu povo no cumprimento das suas obrigações. Paulo é ministro de um NOVO concerto (Jr 31.31-34; Mt 26.28; I Co 11.25, em contraste com o antigo (3.14; Ex 24.3-8; Gl 4.24). É uma novidade, não somente no tempo, mas também no tipo – “novo e eficiente... em contraste com o antigo e obsoleto” – pois NÃO é DA LETRA, MAS DO ESPÍRITO (Rm 2.28,29).
NOS FEZ TAMBéM CAPAZES DE SER MINISTROS DUM NOVO TESTAMENTO, NÃO DA LETRA, MAS SO ESPÍRITO. PORQUE A LETRA MATA, E O ESPÍRITO VIVIFICA (3.6)
Mas o que Paulo quer dizer com a letra, gramma? Tanto o Antigo como o Novo Concerto são revelações divinas. Ambos, corretamente interpretados, invocam a fé e convidam aqueles que ouvem a confiar em Deus para a salvação. Mas Israel deixou de entender esta mensagem de salvação, vendo somente a Letra da Lei. Ao entrar o Antigo Testamento como letra, como palavra que pretende invocar o esforço próprio em vez da fé, a nação de Israel foi morta, em vez de ser vivificada.
Mas agora, abordando as mesmas Escrituras no Espírito, o crente descobre que a lei aponta para alguém que viria mais adiante, para Cristo, e invoca a completa confiança da graça de Deus que constitui a fé salvadora.
Por LETRA, Paulo entende o antigo concerto, conforme definido em um “código escrito” exterior. Por ESPÌRITO ele está caracterizando a revelação do novo concerto em Cristo, em termos de um código interno dinâmico e espiritual, em contraste com outro legal. Embora a referência não seja diretamente ao Espírito Santo, certamente a presença do Espírito de Deus está envolvido de uma maneira totalmente nova. Assim, embora o uso que Paulo faz do Espírito seja geralmente em um sentido qualitativo, o que ele quer dizer não pode ser compreendido independentemente das operações do Espírito Santo. A gloria do ministério do novo concerto como um ministério de Espírito está gravada em relevo pelo fato de que a LeTRA MATA, E O ESPÌRITO VIVIFICA(Rm 7.6) . A vontade e o objetivo de Deus, expressos somente na forma de proibições escritas só poderiam incitar e condenar o pecado Rm 7.7-25, pois não tinham poder devido à fraqueza da carne Rm 8.3. Assim, só poderiam levar à morte. Mas “o Espírito de Vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2; 1 Co 15.45) é capaz de gravar a vontade de Deus no coração (3.3, At 15.9) capacitando o cristão a cumprir os requisitos justos de um Deus Santo (3.9; Rm 8.4). No entanto, a Lei não ficava invalidada, pois ‘a lei é santa’ Rm 7.22. Em lugar disso, ela fica estabelecida Rm 3.31 ou cumprida, Rm 13.8-10, quando pelo poder da constante presença do Espírito de Cristo Rm 8.2-9 a fé opera através do amor na preocupação ética do cristão Gl 5.6. A suficiência do chamado de Paulo é aquela que está ancorada em um ministério superior, o ministério de um Espírito transformador (3.18).
Agora o apóstolo apresenta de um modo claro o que ele tinha apenas mencionado previamente (3.6) – contraste entre as dispensações da Lei e do Espírito, entre o ministério de moisés e o de Paulo. O ministério de Moisés é caracterizado pela GLÓRIA (BRILHO), no rosto de Moisés. “Transitória como era” era ainda assim tão brilhante que OS FILHOS DE ISRAEL NÃO PODIAM “olhar atentamente” para ela(Ex 34.29-30). A ênfase de Paulo está na GLÓRIA ou no esplendor do ministério de Moisés como revelação da eterna vontade de Deus. Assim, se o MINISTÉRIO DA MORTE, GRAVADO COM LETRAS EM PEDRAS VEIO EM GLÓRIA, não é obvio, pergunta Paulo, que seja de maior glória (ou resplendor) O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO, que dá vida (3.6).
Então, na segunda fase do seu contraste, ele prossegue explicando que “se o ministério da condenação” Dt 27.26, foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça (9). A lei comenta Calvino, “deve nos mostrar a doença, de modo a não nos mostrar, ao mesmo tempo, qualquer esperança de cura; o evangelho deve trazer o remédio àqueles que já não têm mais esperança”. O último supera a primeira “porque é uma coisa muito maior absolver o pecador condenado do que condená-lo”. Uma só considera a lei escrita nas pedras; o outro, considera o sangue do próprio filho de Deus e o Poder do Espírito. A justiça sobre a qual Paulo baseia a superioridade do seu ministério é “a justiça de Deus” revelada no “evangelho de Cristo” Rm 1.16-17, que ele expõe em termos de justificação e santificação em Romanos 3.31- 8.39.
Este contraste entre ministério pode até mesmo ser considerado tão radical, que o primeiro, QUE FOI GLORIFICADO (10) como um instrumento da auto-revelação de Deus, agora, “nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” – a glória do segundo, que o supera em muito jo 1.17. “A sua glória agora está diminuindo, como o brilho dos lampiões quando chega o amanhecer” (knox).
Paulo desenvolve o seu ponto final do contraste (11) a partir do brilho do rosto de Moisés (3.7), que já desaparecida, de acordo com a tradição judaica, mesmo quando ele estava descendo do Monte Sinai. Ele viu isto como sendo um sinal da natureza transitória do antigo concerto, que Moisés representava. O contraste é com a permanência da revelação do Espírito. PORQUE, SE O QUE ERA TRANSITÓRIA FOI PARA GLÓRIA, MUITO MAIS É EM GLÓRIA O QUE PERMANECE.
Assim, a adequação do ministério apostólico de Paulo é a sua superioridade como um ministério do novo concerto – um ministério do Espírito – superior (1) como a vida é mais gloriosa do que a morte, (2) como a justiça é mais gloriosa do que a condenação, e (3) como aquilo que é permanente é mais glorioso do que aquilo que é transitório.
3. A “letra” que mata (3.6). Por muito tempo, a má interpretação desse texto provocou receio quanto ao estudo secular e mesmo o teológico. Entretanto, como já ficou claro, tal passagem não se refere ao estudo, mas à aplicabilidade das sanções, sentenças e penalidades da lei mosaica que, contrastava-se com o Novo Concerto, o qual tem como propósito único vivificar e absolver.
III. A GLÓRIA DA NOVA ALIANÇA (3.7-18)
1. A superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga Aliança (3.7-12). Quando Paulo fala das alianças, ele utiliza paralelos entre a Antiga e a Nova, a fim de esclarecer os crentes quanto às diferenças entre o que era transitório e o que é permanente; entre a lei que condenava e a que liberta. A glória do Antigo Pacto era passageira porque trazia à tona a realidade do pecado, sua maldição e condenação. O Novo Pacto demonstrou outra característica da glória de Deus, o seu poder misericordioso para salvar e dar vida. A glória do Primeiro Concerto revelou o ministério da morte, porque condenava e amaldiçoava todo aquele que não cumpria a lei, mas a glória do Segundo Concerto revelou o ministério da vida e da graça de Deus. Por isso, a glória do evangelho é superior à da lei.
A LIBERDADE DO MINISTÉRIO DO NOVO CONCERTO (3.12-18)
Com um ministério assim, Paulo, diferentemente dos seus oponentes, é capaz de falar de forma corajosa, sem esconder nada. O ministério de Paulo, diferentemente do de Moisés, que personifica a Lei, possui a liberdade do Espírito do Senhor que capacita todos a ver a sua glória de uma maneira que transforma a vida.
Paulo declara que a MUITA OUSADIA NO FALAR (PARRESIA) com a qual ele conduz o seu ministério, se baseia na ESPERANÇA que ele tem (12). Ele fala do ministério do novo concerto como uma ESPERANÇA, primeiramente em vista da sua permanência (11), ele tem um futuro glorioso (8). Em segundo lugar, é uma ESPERANÇA porque a glória de Deus no futuro está autenticamente presente no ministério do Espírito Rm 8.24. Esta tão adequada ESPERANÇA (1.5-6) permite, na verdade exige, um ministério que é corajoso e franco.
Para exemplificar esta afirmação ampla, Paulo retorna ao contraste entre o seu ministério e o de Moisés, que foi caracterizado pelas informações ocultas. A tradução da KJV de ex 34.33 dá impressão de que Moisés cobriu o seu rosto para evitar assustar os israelitas pela glória da sua aparência. Esta interpretação parece incoerente com todo o relato do Antigo Testamento. No entanto, o texto hebraico deste versículo em Ex, e a interpretação que Paulo faz do evento, indicam um fato adicional. O que Moisés fez foi colocar um VÉU SOBRE A SUA FACE (13) depois que ele entregou a mensagem de Deus ao povo. Isto foi feito para que OS FILHOS DE ISRAEL NÃO OLHASSEM FIRMEMENTE PARA O FIM “daquilo que era transitório”. A versão Berkeley: “Para evitar que os filhos de Israel olhassem para alguma coisa que estava desvanecendo”. O que Paulo quer dizer aqui é que os israelitas não tinham a permissão (13) de olhar para a glória de Moisés enquanto ela desaparecia. No verso 7 ele esclarece que eles não tinham permissão de olhar ininterruptamente para a glória. As limitações desta revelação eram tais, que o seu ministério tinha que esconder até mesmo uma glória transitória. O ministério de Paulo é exatamente o oposto. Ele usa, não um véu, mas MUITA OUSADIA NO FALAR. A sua mensagem não é de condenação nem de morte, mas de graça, de misericórdia e de vida. Pela fé, o cristão pode ver atentamente o seu Senhor sem interrupções.
A razão para o véu sobre o rosto de Moisés era porque OS SEUS SENTIDOS FORAM ENDURECIDOS (14) por causa da sua rejeição moral à luz At 28.27. adicionalmente, e comprovando o que ele acabou de dizer, ATÉ HOJE O MESMO VÉU ESTÁ POR LEVANTAR... QUANDO É LIDO MOISÉS. (o antigo concerto 14-15). Isto é verdade, porque o véu “é abolido somente por Cristo. Paulo agora está falando da atual cegueira ou do atual endurecimento de Israel, igual ao que aconteceu com os seus antepassados. A recepção apropriada da mensagem de Moisés teria preparado o caminho para Cristo (jo 5.46-47). Mas o véu permanece, uma vez que eles não estavam retornando a Cristo Rm 9-11. MAS, quando os corações de Israel SE CONVERTEREM AO SENHOR, ENTÃO, O VÉU SE TIRARÁ (16), da mesma maneira como Moisés removeu o véu do seu rosto na presença do Senhor ex 34.34. eles então serão capazes, em Cristo, de olhar firmemente para a glória do Senhor, como fez Moisés. Esta era a experiência pessoal de Paulo como “um hebreu de hebreus” (Fp 3.5). quando ele se encontrou com o Jesus ressuscitado na estrada para Damasco, começou a ver o verdadeiro significado do novo concerto como cumprido em Jesus Cristo (At 10.4). O véu tinha sido removido da sua compreensão espiritual. A cruz de Jesus, antes tão completamente desprezível, agora estava banhada com a verdadeira glória do próprio Deus.
QUANDO SE CONVERTEREM AO SENHOR pode ser traduzido como: “Sempre que alguém se converte ao Senhor”. O SENHOR a quem Paulo se volta para que o véu seja removido é Jesus, o Cristo ressuscitado (14). “a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Aqui Paulo de acordo com a igreja primitiva, identifica o Jesus ressuscitado e exaltado como o SENHOR do antigo Testamento diante de quem Moisés compareceu. O Verso 16 é uma citação direta de Ex 34.34. o Deus do antigo testamento se revelou em Jesus Cristo. Não há descontinuidade nem contradição entre o antigo e o novo concerto.
ORA, O SENHOR É ESPÍRITO, prossegue Paulo, para deixar claro os termos do seu argumento (17). O Espírito Santo aqui é distinto em visão, mas não em termos de alguma identidade pessoal com Cristo. Paulo fala mais exatamente de uma identidade que aparece em ação redentora, pela qual ele explica especificamente por que o véu que esconde a glória de Deus é removidi em Cristo. Sob uma perspectiva, a revelação messiânica do Espírito de Deus ocorreu em Jesus Cristo. Sob outra, os benefícios totais do novo concerto são, na realidade, transmitidos aos homens por meio do Espírito. O Espírito está somente onde Cristo está, e onde o Espírito está, ali está Cristo.
A concepção Do Espírito centralizada em Cristo que Paulo tem foi determinada por sua fé em Jesus Cristo, e sua experiência com o Espírito (3) o convenceu da natureza espiritual do ministério do novo concerto. A ênfase aqui não está na personalidade do Espírito santo, pois o Espírito se oculta na sua apresentação de Cristo, para não se separar do nosso Senhor(JO 15.26) . A ênfase de Paulo está mais no poder do Espírito, pois a qualidade da ação redentora do Espírito caracterizada de maneira suprema a nova revelação em Cristo jo 4.24. ele se refere à função do espírito Santo par esclarecer mais completamente o caráter básico o seu ministério como sendo “não da letra, mas do Espírito” (6).
Assim Paulo pode corajosamente afirmar que, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Esta liberdade é basicamente a libertação da Lei, o alívio das limitações do antigo concerto Rm 7.5-6, pela purificação do coração. A liberdade da Lei, concretizada pela presença vivificadora do Espírito Santo, abrange a libertação do pecado Rm 6.6-7, da morte Rm 6.21-23 e da condenação Rm 8.1. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus, me livrou da Lei do Pecado e da morte” Rm 8.1-2. Esta é a libertação que vem da filiação Rm 8 14-16. a posse da perspectiva da “liberdade da glória dos filhos de Deus” JO 8.36.
Paulo culmina o seu contraste entre o ministério de Moisés do antigo concerto e o seu próprio ministério do novo, à medida que ele reflete sobre os privilégios de todos os cristãos. Todos os que estão em Cristo têm a seguinte bênção:... com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (18). No antigo Pacto, somente Moisés poderia ver a glória do Senhor, pois um véu escondia do povo de Israel até mesmo o seu reflexo transitório, simbolizando a condição daqueles que estavam sob a lei (13-15). Mas o véu é removido dos corações de todos aqueles que se voltam ao Senhor e que são capazes, pela fé, de ver Cristo, “que é a imagem de Deus” JO 1.14. e assim , refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, a qualidade da sua vida cristã está no processo de ser transformada “transfigurada” na mesma imagem. Pois assim como um espelho revela as características físicas para que alguém possa arrumar-se corretamente, também a constante visão de Cristo pela fé revela os defeitos do caráter cristão e inspira a sua correção. A transformação que resulta é uma transformação de glória em glória, isto é, à semelhança de Cristo Ef 4.13. esta transformação penetra na vida interior do homem e não terminará até o dia em que nós vejamos Face a Face. Então nós seremos semelhantes a ele, porque assim como é o veremos (Rm 8.18). A liberdade do novo concerto do Espírito inclui não apenas os momentos cruciais do perdão dos pecados e da purificação do coração, mas também enfatiza a contínua santificação de toda a vida 7.1. este processo só atinge a plenitude na glorificação em completa conformidade com a imagem do Filho de Deus (Rm 8. 28-30).
Uma liberdade assim gloriosa ocorre pelo Espírito do Senhor, ou “do Senhor, o Espírito”. Esta liberdade espiritual pode ser a atual experiência de todos os que se voltam para o Senhor, pois o poder do grande futuro de Deus foi distribuído entre os homens pela pessoa e pela obra de Jesus Cristo – ministério do novo concerto. Assim é a presença prática do Espírito Santo, que reforça o ministério de Paulo e o leva a falar dele como uma “esperança” (12). Este fato promove uma sinceridade completa no seu acesso a Deus em Cristo, e na sua proclamação do evangelho. Pois no evangelho de Cristo existe uma liberdade1) que está verdadeiramente presente ente os homens, 2) que pode penetrar no íntimo da personalidade, e 3) que é intesamente promissora nas suas perspectivas futuras. Em Cristo, o cristão tem liberdade de acesso 1) à presença de Deus, 2) às profundas necessidades do seu próprio coração, e 3) à esperança certa da glória de Deus para sempre na sua vida Rm 5.1-5.
Dedique tempo a ser santo. O mundo se move com muita pressa;
Passe muito tempo a sós com Jesus.
Ao olhar para Jesus, como Ele você será;
Os seus amigos, através do seu comportamento,
Verão a semelhança que você tem com Ele.
(W.D Longtaff)
2. A glória com rostos desvendados (3.13-16). Quando Paulo usa a figura da glória resplandecente da face de Moisés, ele reforça o fato de que tal glória teve que ser coberta com véu e que se desvaneceu com o tempo, portanto, era transitória. Porém, a glória da Nova Aliança manifestou-se descoberta, sem véu, porque Cristo a revelou no Calvário. Trata-se da liberdade que temos mediante a obra expiatória de Cristo.
A GLÓRIA DO NOVO CONCERTO (3.7-18)
CONTEXTO. Nós somos imediatamente surpreendidos pelo uso constante que Paulo faz da palavra “glória”, que aparece 12 vezes nestes 11 versos. O antigo concerto tinha a glória própria, mas o Novo Concerto tem glória maior. Antes de examinar os contrastes que Paulo desenvolve entre o Antigo e o Novo Concerto, é útil entender o significado de “glória”.
No Antigo Testamento, a glória de Deus está intimamente ligada à auto-revelação do Senhor. Há muitas imagens: esplendor fulgurante, e santidade flamejante marcam sua presença (Ex 16.10;2Cr 7.1,2). Mas, nenhum poder elementar ou santidade flamejante expressam a Deus de maneira absolutamente adequada. Desta forma, e Êxodo relaciona a glória de Deus com revelação de seu caráter amoroso. Quando Moisés implorou para que Deus lhe mostrasse sua glória, a Bíblia relata: “Ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti e apregoarei o nome do Senhor diante de ti, e terei misericórdia de quem eu tiver misericóridia e me compadecerei de quem me compadecer. E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Ex 33.19,20). Com o mesmo sentido e revelação, Deus diz: “serei glorificado”, no caso da recusa do Faraó em deixar que Israel saísse do Egito (Ex 14,4). O grande poder redentor de Deus foi exibido no Êxodo (Nm 14.22), da mesma forma como seu poder criativo é exibido quando “os céus manifestam” sua glória (Sl 19.1).
Mas “glória” implica em mais do que revelação de como Deus é. Implica em invasão do universo material, expressão da presença ativa de Deus entre seu povo. Assim, o antigo Testamento conscientemente relaciona o termo “glória” à presença de Deus em Israel, em tabernáculos e templos (Ex 29.43, Ez 43.4,5, Ag 2.3). a glória objetiva de Deus é revelada por sua vinda, para estar presente conosco – seu povo – e para se mostrar a cada um de nós por suas ações neste mundo.
Agora Paulo argumenta não que o Antigo Concerto não possuía “glória”, mas que a glória do Novo Concerto supera muito aquela do antigo. Ao falar sobre isto, Paulo fixa nossa atenção em como a glória de Deus é exibido em sua vinda para estar com seu povo sob o Antigo Concerto e sob o Novo. Ao fazer isto, ele também nos mostra como o cristão é verdadeiramente livre para adotar a abordagem de “risco” ao ministério do Novo Concerto, que ele próprio, Paulo, exibiu ao mostrar-se vulnerável no Capítulo 1.
INTERPRETAÇÃO. Paulo indicou que Deus, o Espírito santo, escreveu nos corações dos coríntios, fazendo deles uma “carta de Cristo”. Está é a essência do ministério do Novo Concerto: Deus exibe sua glória por meio de sua presença dentro do crente. Mas, um momento de reflexão sugere que esta é uma exibição pobre da glória de Deus! afinal, os coríntios certamente são mais pobre que uma expressão da glória de Deus! ora, os coríntios exibiam as características conteciosas de homens carnais toleravam a imoralidade à lei em cortes pagãs, estavam divididos sobre o comer carne oferecida nos templos dos ídolos, e estavam aprisionados por muitas outras falhas óbvias. Como é que Paulo pode dizer que eles são uma carta de Cristo? Certamente a leitura desta carta não revela nada da glória de Deus!
Até mesmo Paulo é exemplo pobre. Paulo admite que sentiu tribulações que estavam acima de sua capacidade de suportar, a ponto de se desesperar da própria vida (2 Co 1.8). certamente, o antigo Concerto, entregue por Moisés, homem verdadeiramente admirável, exibe glória muito maior do que este Novo Concerto que Paulo elogia!
Paulo concorda que Moisés é a figura humana associada com o antigo concerto. E por isto, ele pede que seu leitor compare a glória de Deus exibida em Moisés com a glória de Deus exibida no crente do Novo Concerto. Para fazer isto, paulo seleciona um episódio registrado em ex 34.29-35, e usando somente princípios estabelecidos pelo midrash (explicação comentário) judaico, mostra que a glória do Antigo – aquela evidência visível da presença de Deus naquela época- era uma glória passageira, em contraste com a glória do Novo – a evidência atual visível da presença de Deus – que é uma glória crescente (3.18). a passagem que Paulo desenvolve em 2 Coríntios diz:
E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai (e Moisés trazia as duas tábuas do Testemunho em sua mão, quando desceu do monte), Moisés não sabia que a pele de seu rosto resplandecia, depois que o Senhor falara com ele. Olhando, pois, Arão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele de seu rosto resplandecia, pelo que temeram de chegar-se a ele. Então, Moisés os chamou, e Arão e todos os príncipes da congregação tornaram a ele, e Moisés lhes falou. Depois, chegaram também todos os filhos de Israel. E ele lhes ordenou tudo o que o Senhor falara com ele no monte Sinai. Assim, acabou Moisés perante o Senhor, para ouvi-lo, tirava o véu até que saía e, saindo, falava com os filhos de Israel o rosto de Moisés, e que resplandecia a pele do rosto de Moisés, e tornava Moisés a pôr o véu sobre seu rosto, até que entrava para falar com Deus.
Examinando esta passagem, Paulo a vê como exemplo vívido da diferença entre a “glória” admitida da revelação do Antigo Concerto, e a Glória muito maior da era do novo Concerto.
Paulo observa que quando Moisés foi falar com o Senhor, seu rosto ficou resplandecente. Estar na presença de Deus transformou a aparência de moisés. Mas Paulo observa alguma coisa mais. Quando Moisés deixava a presença do Senhor, ele falava com o povo sem véu. Mas, logo, ele colocava um véu sobre seu rosto e o deixava ali entrar novamente na presença de Deus. por que Moisés comporta-se desta maneira? Certamente, não era para poupar as pessoas da visão assombrosa, pois ao retornar da presença de Deus ele falava com o povo sem véu. A verdadeira razão para o véu, afirma Paulo, era temporária e desaparecia! Assim, Moisés punha o véu sobre seu rosto “para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório”!(3.13) portanto, fica claro que o antigo concerto, conforme exeplifica na própria pessoa que deu as leis, não oferece transformação permanente!
Agora, diz paulo, comparemos o impacto do Novo Concerto. Em lugar de subir ao sinai ou de entrar na tenda para comparecer diante de Deus, o Novo Concerto traz o Espírito Santo até o crente. E, com o Espírito vem uma glória que, ao invés de desaparecer, aumenta! Pois, como diz Paulo, “todos nós...somos transformados de glória em glória, na mesma imagem [de Cristo], como pelo Espírito do Senhor”(3.18).
O judeu que olhava para moisés e via seu rosto resplandecente como evidência da presença gloriosa de Deus no Antigo Concerto, agora olha para o cristão e não vê este sinal. Mas, diz Paulo, o judeu não endenteu! O véu ainda permanece, de modo que ele não percebe que a glória do antigo concerto é transitória, temporária, ao passo que a do Novo Concerto é glória transformadora e crescente!
A exibição real inconfundível admite que o Antigo Concerto continha uma glória própria. Deus revelou se por meio daquelas letras gravadas na pedra. Mas o Novo concerto tem uma glória muito maior, pois hoje o Espírito de Deus reside naqueles que conhecem a Cristo, e escreve ativamente em suas personalidades aquela santidade que exibe a presença de Deus em uma glória muito maior do que a do Antigo.
APLICAÇÃO. Paulo entrelaça a aplicação da verdade em seu argumento. O cristão com esta expectativa segura esperança de uma transformação contínua esta de muita ousadia. Nisto, nós não somos como Moisés, que punha um véu sobre a face (3.13). ele vai ainda amais adiante: “todos nós, diz Paulo, “com cara descoberta”...(3.18).
Moisés cobria seu rosto para que os israelitas não pudessem ver o que estava acontecendo com sua vida. Em contraste, os cristãos removem o véu, para que os outros possam ver exatamente o que está acontecendo em suas vidas! Naturalmente, isto é exatamente o que Paulo fez, quando no cap 1 revelou sua vulnerabilidade, e falou da grande pressão que sentia, se sua própria incapacidade de suportar e do sentimento de desespero que se apoderava ele.
Mas, certamente, alguém dirá: “Paulo, isto é fraqueza. Você não está expondo-se às críticas?” e a resposta de Paulo é: “Claro que sim!” É por isto que é necessário ter ousadia para ser um cristão (3.12). nós realmente nos fazemos vulneráveis para sermos criticados e mal interpretados. E é assustador, sermos nós mesmos com os outros, removendo os véus por trás dos quais a maioria dos homens esconde sua fraqueza.
Mas alguém poderá objetar: “Paulo, você deveria pregar Cristo. Você deveria dizer aos outros como Ele é suficiente e poderoso, e quão maravilhoso é ser um cristão. Este tipo de ousadia que você sugere não destrói sua mensagem, e faz com que ser cristão torne-se algo menos atraente?” e a resposta de Paulo é um categórico não! A mensagem do evangelho não é: Creiam em Cristo e sejam perfeitos agora. A mensagem do evangelho é: Cristo salva os pecadores. Ele consola e capacita os homens inadequados. A mensagem do evangelho ensina que Jesus nos entende em nossas fraquezas, nos encontra onde estivermos, e trabalha para nos tornar novas criaturas. E, além disso, sua ora dentro de nós é exibida ao longo do tempo. Nós olhamos para trás e fazemos a descoberta maravilhosa de que, embora ainda não sejamos o que vamos ser, nós já não somos o que éramos! O Espírito de Deus esteve trabalhando em nossas vidas, e nós crescemos à semelhança de Deus.
Para Paulo, é por isto que nós, cristãos, devemos ser muito ousados. É “com cara descoberta” que todos nós refletimos a glória do Senhor. A palavra grega refletir é katoptrizoenoi “espelhar ou contemplar”. Contemplar significa submeter-se à apreciação. Paulo está dizendo que, quando removermos nossos véus, precisamos necessariamente mostrar nossas imperfeições atuais. Removendo nossos véus nós também capacitamos os demais a testemunharem o processo de transformação que está ocorrendo dentro de nós. À medida que nós, cristão, vivemos juntos, sem véus, vulneráveis e fracos como somos, descobrimos que Deus está operando nas vidas de todos nós. Nós veremos Jesus nos rostos sem véu daqueles que chegarmos a conhecer e amar, pois o espírito de Deus, que nos dá liberdade para sermos verdadeiros uns com os outros (3.17) está realizando sua obra de transformação em nossas vidas.
Não é de admirar que Paulo diga: “Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia” (3.12). a confiança de que o espírito Santo, que é Deus, está atuando dentro de nós nos dá a liberdade de sermos verdadeiros uns com os outros. E à medida que exercitamos essa liberdade, vemos uma glória que supera tanto a glória do Antigo Concerto que “o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” que é nossa em Cristo (3.10).
3. A liberdade do Espírito e a nossa permanente transformação (3.17,18). A liberdade do Espírito livrou-nos das amarras das tradições religiosas, que nos impediam de um relacionamento direto com o Senhor. Tal relacionamento é fundamental para que possamos ser transformados e conformados à imagem do homem perfeito e completo: Jesus Cristo (Rm 8.29; Ef 4.13).
CONCLUSÃO
Hoje, a glória que reflete em nossa vida não é a dos rostos, mas é aquela glória interior, que reflete a transformação na semelhança de Cristo, de forma gradual, de glória em glória, mediante a presença do Espírito de Cristo em cada um de nós.
Comentário atos:
(3.6). a letra era assim a lei escrita por si mesma, que “matava” simplesmente pelo pronunciamento da setença de morte ao moralmente culpado. O Espírito entretanto, escrevia a moralidade da lei no coração do povo de Deus, pelo próprio dom gracioso de Deus (Ez 36.26,27).
(3.8) os profetas haviam comparado favoravelmente a nova aliança (Jr 31.31-34) e tinha falado do Espírito e da Lei internalizada que viria como sendo o ideal (Ez 36.26,27). Assim ninguém podia negar que o Espírito de Deus no coração de uma pessoa era melhor que um rolo de lei aberto diante dos olhos dela.
(3.12) Ousadia: para explicar que eles falavam com sinceridade dessa forma, protestavam que não eram bajuladores como os demagogos que procuravam o apoio das massas, mas que no fundo não se preocupavam com os interesses do povo.
(3.13) a glória de Moisés tinha que ser tampada, ao contrário da fala franca de Paulo – e se desvaneceria sempre – ao contrário da glória da mensagem de Paulo, revelada através do espírito que veio residir nos crentes. Os varões judeus no tempo de Paulo não cobriam a cabeça a menos que estivessem com vergonha ou cobertos de luto.
(3.15,16) da mesma maneira, Moisés, que tinha com Deus uma relação íntima, não precisava de um véu ex 34.34.
Fontes: Comentário Bíblico Atos – AT e NT
Comentário Histórico cultural do Novo Testamento
Comentário Bíblico Beacon