Autoria: A tradição diz que Lucas escreveu o Evangelho que leva seu nome e o livro de Atos dos Apóstolos. Lucas é o único autor não-judeu do NT. Na verdade, os dois livros são as duas partes de uma obra maior, pois o comprimento máximo do rolo é de 10 ½ metros e o comprimento de Lucas em grego naquela época preenchia os 10 ½ metros , então os estudiosos acreditam que foram separadas quando os Evangelhos foram reunidos em um volume, e o Evangelho de João foi inserido entre as duas partes da obra. Além das similaridades no uso de palavras e no estilo da escrita, os dois livros são endereçados a Teófilo, talvez o rico patrono grego de Lucas ou um romano sofisticado e culto que já tinha certo conhecimento do cristianismo (Lc 1. 1-4).. O Evangelho de Lucas começa com estas palavras: “igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído”. (Lc 1.3-4). O livro de Atos dos Apóstolos segue no mesmo passo: “Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas”. (At 1.1,2).
Gênero: História. É a primeira história escrita da Igreja, embora abranja um período de cerca de apenas trinta anos (30 – 62 d.C). Atos é o único livro do gênero no NT. Como as histórias do AT, é mais que um simples livro de história. Atos é a história da salvação. O propósito divino de salvar o mundo, revelando gradualmente no AT e cumprido em Jesus, teve continuidade na missão da Igreja.
O Evangelho de Lucas apresenta o relato do nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus. O livro de Atos fornece o relato de Lucas sobre o que aconteceu a seguir na história: A ressurreição de Jesus foi recebida com choque por seus seguidores, seguida por uma onda de excitação. À medida que o autor do Evangelho de Lucas prossegue em sua história cuidadosamente pesquisada, ele captura o início do fogo de uma chama que brilhava intensamente em Jerusalém, Jesus ascendeu ao céu, e os apóstolos lideraram a igreja em seus primeiros dias e em seu crescimento inicial e então se espalhou rapidamente por todo o Império Romano.
Data: Nenhuma datação é segura são diversas as sugestões para a data de Atos. Uma data antes de 70 d.C. é a mais plausível; sendo 62 ou 63 d.C., com Paulo ainda na prisão, a mais provável. Uma data posterior a 70 d.C. não é impossível nem incompatível com as distintivas e erudição evangélicas.
Estrutura: O livro de Atos tem 28 capítulos. Os capítulos 1 – 12 compreendem, aproximadamente, a primeira metade do livro. Eles destacam principalmente Jerusalém e suas cercanias. Os capítulos 13 – 28, a segunda metade do livro, segue com o ministério de Paulo em suas três viagens missionárias através das regiões que hoje chamamos de Turquia, Grécia e Itália. È uma história maravilhosa e estimulante.
Uma Exposição Teológica e Homilética de Atos dos Apóstolos
A mensagem sobre Jesus
Talvez Atenas seja conhecida como o centro do aprendizado no mundo antigo, mas Lucas descreve a cidade como cheia de pessoas que “de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de dizer e ouvir alguma novidade” (At 17.21).
Testemunha da Mensagem
O livro Atos dos Apóstolos é um importante testemunho para nos ajudar a discernir a essência da mensagem do cristianismo porque fornece relatos de muitas das primeiras declarações a respeito de Jesus. Você pode dizer que Atos dos Apóstolos tem 42 “testemunhos” do evangelho. Há dez sermões que defino, no mínimo, como diversas sentenças sucessivas da pregação de alguém (Pedro fez cinco sermões, Paulo fez quatro, e Estevão fez um).[1] Há trinta resumos de pregações.[2] E há dois comissionamentos dados por Jesus.[3] Parcialmente sobrepostas a esses 42 testemunhos estão as descrições do cristianismo fornecidas pelos seus oponentes. Os judeus acreditavam que os cristãos pregavam contra o Templo, a lei, seus costumes e a circuncisão.[4] Os filósofos gregos sugeriram que a mensagem cristã dizia respeito a deuses estranhos (17.28). E os artesãos de prata e manufatores de ídolos gregos viam no cristianismo não só o “perigo de que a profissão deles caíssem em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande Diana fosse estimado em nada” (19.27).
Do começo ao fim do livro, os apóstolos demonstram habilidade em apresentar o evangelho em uma incrível diversidade de formas, mas sempre apontando para o mesmo evangelho. Ao pregar para os filósofos gregos, em Atenas, Paulo argumenta a partir da base da experiência e do raciocínio deles. Ele não menciona a Escritura, ele começa com a criação e raciocina a partir daí (17.22,23, 24-29). Os apóstolos, ao falar às multidões judaicas de Jerusalém ou nas sinagogas do mundo mediterrâneo, começam pelo relato da história do Antigo Testamento (7.2-50; 13.17-22) ou pela argumentação de que as profecias da Escritura foram cumpridas no tempo deles.
Essência da Mensagem
É sobre Jesus. Isso é exatamente o que Jesus comissionou a seus discípulos, no capítulo I, e Paulo, no Capítulo 9, a fazer – ir a todo o mundo e dar testemunho de sua vida, morte e ressurreição.
A vida de Jesus. Pregavam sobre a vida de Jesus (2.22; 10. 37-39; 19.24,25).
A morte de Jesus. Esses cristãos primitivos falam sobre a morte e a ressurreição de Jesus! Muitas vezes, eles referem-se a sua morte e à relevância dela. Eles não tentavam ganhar pessoas com endossos entusiasmados da vida de Jesus: “Ele foi o maior desde Shimei”, nem: “O profeta mais profundo desde Malaquias”. Na verdade, eles são sinceros e honestos em relação ao fato de que os ensinamentos e os pronunciametos públicos de Jesus, com muita freqüência, eram rejeitados (4.11).
Essas testemunhas primitivas não só se referiam muitas vezes à morte de Cristo; mas diziam, por várias vezes, enquanto tentavam ganhar judeus para o cristianismo, o seguinte: “.... a quem vós crucificastes” (2.36; 3.13,15; 4.10; 5.30; 7.52). Esses primeiros pregadores não mediram esforços. Eles dizem que a terrível morte de Jesus cumpriu a profecia do AT de que o povo de Deus rejeitaria aquEle que Ele enviaria. Estevão apresenta esse ponto de forma contundente em seu sermão (7.35,39-43, 51,52). E embora, para muitos, o sofrimento de Jesus deve ter sido uma pedra de tropeço para crer em seu messiado, esses pregadores, na verdade, usam o sofrimento de Jesus como evidência de seu messiado (3.18; 8.32; 13.27-29; 17.2,3; 26.22,23).
A ressurreição de Jesus. Eles pregavam constantemente, que Jesus ressuscitou da morte. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. (4.33). Conforme observamos, foi isso que Jesus disse para eles fazerem. Antes de ascender, Ele disse: mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. (1.8). Os apóstolos, ao tomar providências para substituir Judas, procuraram alguém que “um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição”. (1.22).
Afinal, a ressurreição de Jesus prova, sem sombra de dúvida, de que Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, o Messias, o Cristo, o Prometido. È digno de nota que um dos argumentos mais fortes para a ressurreição é o fato de que esses cristãos primitivos podiam supor que os não-cristãos acreditavam na ressurreição.
Relevância da Mensagem
A grande pergunta em relação à ressurreição é: o que ela representa? Ela representa de que em Jesus, Deus cumpriu suas antigas promessas, ou seja, aquEla que trouxe a salvação (4.12; 5.31; 13.23,26; 15.11) E Ele retornará como Juiz do vivo e do morto (10.42; 17.31; 24.25).
O mesmo é verdade para nós hoje. Os cristãos primitivos apresentam-nos esta mensagem: ou seus pecados são eliminados por Jesus, ou você é eliminado por seus pecados. Não há salvação em ninguém a não ser nEle.
Como esses cristãos primitivos diziam que alcançamos a bênção da salvação?
Precisamos nos arrepender, crer e ser batizados, o tempo todo invocando o nome de Cristo (2.21; 8.12; 10. 43; 22.16). Eles dizem afasta-se de seus pecados e volte-se para Deus, tenha fé nEle e no que Ele fez em Cristo e seja batizado como purificação e confissão simbólicas. É isso que os cristãos primitivos querem dizer, conforme expressa Paulo com estas palavras: “Dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (20.24).
Objetivo da Mensagem
Em atos, os apóstolos não permitem que ninguém mais seja adorado como Deus a não ser Jesus. Pedro não deixa que o foco sobre Jesus seja deslocado: “Aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem”. (10. 25,26). Nem Paulo e Barnabé deixam isso acontecer:
Em Listra, costumava estar assentado certo homem aleijado, paralítico desde o seu nascimento, o qual jamais pudera andar. Esse homem ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que possuía fé para ser curado, disse-lhe em alta voz: Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava. Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões. Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios. (14. 8-18).
Mas observe como essa adoração é inconstante: Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e Icônio e, instigando as multidões e apedrejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto. (14.19). No espaço de um versículo, a multidão muda da postura de adoração para a atividade de apedrejar. Pedro, Paulo e Barnabé sabem quem não são o salvador nem a promessa de salvação – só Jesus o é.
Qual é mensagem dos cristãos primitivos? Quais são as Boas Novas deles? É a mesma mensagem que nós, evangélicos, pregamos. Conforme Paulo diz aos romanos, nós pecamos e ficamos aquém da glória de Deus (3.23). Mas Deus, em seu grande amor, em Cristo, vestiu a carne humana e morreu na cruz no nosso lugar. Ele tomou sobre si a merecida ira do Pai por causa dos nossos pecados. Depois, Deus, ao ressuscitar Jesus, derrotou a morte e o pecado. Agora, Jesus convida-nos à novidade de vida e ao perdão dos pecados por meio do arrependimento e da confiança nEle. Essa é a mensagem transmitida, há mais de 1.900 anos por esses cristãos primitivos, no livro de Atos dos Apóstolos.
Notas:
1. De Pedro: 2.22-39; 3.12-26; 4.8-12; 5.29-32; 10.36-43; de Paulo: 13.15-41; 17.22-31; 22; 26.2-23; de Estevão 7. 2-53.
2. 4.33; 5.28; 5.42; 6. 13,14; 7. 52,53; 8.12; 8.30-36; 9.20,22; 15.11; 17.8a; 17.8b; 18.5; 18.13; 18.15; 18.28; 19.26; 20.21,24,25,27; 21.19-21; 21.28; 23.29; 24.5,6; 25.19; 26.6-9,18,20,22,23; 28.23; 28.31.
3. Para os apóstolos em 1.8; para Paulo em 9.15.
4. 6.13,14; 18.13,15,28,29; 21.21; 24.6.
QUEM SÃO OS EVANGÉLICOS - Pr. Juber Donizete
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