O material literário encontrado nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), oferece com simplicidade e profunda beleza, uma narrativa em linguagem comum as atividades, os atos e as palavras do Senhor Jesus.
A Questão Sinótica
O termo sinótico sugere (de sin, “junto com”, e ótico, “uma visão”; assim, “uma visão conjunta”), Mateus, Marcos e Lucas fornecem uma apresentação de Jesus e de seu ministério que têm muito em comum. Estas características os separam do Evangelho de acordo com João, no qual a maior parte do material é peculiar a si mesmo. Nos sinóticos, o ministério público de Jesus é precedido por João Batista, o batismo e a tentação de nosso Senhor. O ministério em si é retratado como ocorrendo principalmente na Galiléia, consistindo das atividades de Jesus de ensino e cura, geralmente em termos de grandes aglomerações de pessoas, enquanto caminhava por vários lugares na companhia de seus discípulos. O clímax acontece na viagem a Jerusalém e nos eventos da paixão e ressurreição.
Comparativos sinóticos
João Batista o precursor – Mt 3.1-12, Mt 1. 1-8, Lc 3.1-20
Jesus é batizado no Jordão – Mt 3. 13-17, Mc 1.9-11, Lc 3. 21-22
Jesus vai ao deserto para ser tentado – Mt 4. 1-11, Mc 1. 12-13, Lc 4. 1-13
O ministério na Galiléia duração 2 anos – Mt 4.12; 19.1, Mc 1.14; 10.1, Lc 4.14; 9.51
O ministério na Peréia e o fim do ministério na Judéia duração 4 meses – Mt 19.20, Mc 10, Lc 9.51; 19.28
A semana da crucificação Mt 21-27, Mc 11; 15, Lc 19.29; 24.1
Ministério pós ressurreição Mt 28, Mc 16, Lc 24
Autoria: Todos os quatro Evangelhos são anônimos, eles não levam o nome dos autores. No entanto, a tradição da igreja primitiva os atribui respectivamente a Mateus, Marcos, Lucas e João.
O Evangelho de Mateus
Mateus era judeu (publicano, coletor de impostos, odiado como traidor e ladrão), e escreveu principalmente para esse povo. Ele respondeu o tipo de pergunta que uma pessoa judia faria a Jesus de Nazaré. Por exemplo, os judeus desejariam saber se Jesus era realmente da linhagem de Davi, para ter certeza de que Ele era o legitimo rei de Israel. Desejariam saber que relação Jesus teve com a lei e os profetas. Ele confirmou a lei? Cumpriu as profecias do AT concernentes ao Messias? Para responder estas perguntas, Mateus traça a genealogia de Jesus, da qual Davi faz parte, a partir da linhagem legal de José, o pai adotivo. Mateus constantemente citava as Escrituras do AT para provar que Jesus era o Messias prometido, e se empenhou em mostrar que Cristo viera para estabelecer um reino.
O Evangelho de Marcos
A antiga tradição a Igreja atribui este evangelho a João Marcos “parente de Barnabé”, (At 15.37; Cl 4.10; 1 Pe 5.13), do qual se diz haver recebido a informação de Pedro. Foi escrito principalmente para os romanos, apresenta Cristo como o Servo de Jeová. É curto, preciso e foi escrito na língua grega vulgar do mercado de escravos. Seu foco estava nas ações de Jesus e não em suas declarações, porque ele desejava impressionar os metódicos romanos que Jesus era essencialmente homem de ação. O vocábulo logo é palavra-chave em Marcos. Coisas que são de interesse a um servo sobressaem no Evangelho de Marcos: vestes, comida, utensílios, serviço, comercio, barco, pesca e animais. É um evangelho realista.
O Evangelho de Lucas
Lucas era grego, médico de profissão, companheiro chegado do apóstolo Paulo e estudioso. Seu Evangelho, especialmente escrito para os gregos, apresenta o Senhor Jesus como o Homem perfeito e o faz com simplicidade e dignidade. Lucas nos fala que ele examinou todos os fatos cuidadosamente antes de começar a escrever. Ele traçou a genealogia do Senhor Jesus, chegando a Adão, o primeiro homem, e mostrando-nos que Jesus é “o ultimo Adão” e “o segundo homem”. Seu Evangelho prende o individuo, porque está cheio de interesses humano; lida com a paixão e o perdão; ressalta a solicitude de Jesus para com os necessitados. Lucas nos mostrou Jesus como o Salvador de pecadores. Seu versículo – chave, típico da simplicidade do estilo de Lucas é: “Porque o Filho do Homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido” (19.10).
Uma Exposição Teológica e Homilética do Evangelho de João
A Mensagem de João: Jesus, o Filho de Deus
Muitos estudiosos propuseram que Jesus era meramente humano, talvez um ser humano extraordinário, mas meramente humano.
Introdução:
Não tem problema algum ter perguntas a respeito de quem é Jesus. Os próprios contemporâneos de Jesus fizeram esse tipo de pergunta. Por exemplo, em João 7, lemos: “Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então, subiu ele também não manifestamente, mas como em oculto. Ora, os judeus procuravam-no na festa e diziam: Onde está ele? E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não; antes, engana o povo” (7.10-12). As opiniões na época de Jesus, como hoje, variavam muitíssimo.
No entanto, a fim de encontrar a resposta certa para quem é Jesus, voltamos mais uma vez à fonte original, o relato de alguém que viveu mais próximo do tempo de Jesus. Voltemo-nos para o Evangelho de João. Os cristãos acreditam tradicionalmente que ele foi escrito por João: “Aquele a quem Jesus amava” (13.23; 19.26;21.7;21.20). A primeira metade do Evangelho é sobre o ensino e o ministério de Jesus, levando à sua semana final em Jerusalém (1.19-12.10). A segunda metade do Evangelho é devotada à semana final em Jerusalém, incluindo a morte e a ressurreição dEle (12.12 – 20.31).
Todos os quatro Evangelhos destacam a identidade de Jesus, mas João, em especial, faz isso. Parece que toda vez que Jesus fala, Ele fala sobre si mesmo, a razão por que veio ao mundo, o que fará pelos que crêem nEle.
Por que João escreveu esse livro?
No fim do capítulo 20, ele conta-nos o motivo de ter feito isso, no que pode ser descrito como os versículos-tema do Evangelho de João:
Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (Jo 20.30,31).
No que devemos Crer
“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). “Cristo” é a palavra grega para “Messias”, e o Evangelho de João, como os outros, apresenta Jesus como Aquele que cumpre a promessa da vinda do Messias feita no Antigo Testamento. Conforme a passagem 20.31 diz: “Jesus é o Cristo”. O cerne da mensagem do Evangelho de João é a mensagem de quem o Messias é, e de o que Ele veio fazer:
Quem É o Messias
Quando Jesus ensinou quem Ele é, as pessoas reagiram de forma vigorosa. Muitos de seus contemporâneos não só rejeitaram os ensinamentos dEle, mas rejeitaram de forma violenta. É irônico que tantos livros atuais se refiram a Jesus de forma agradável. Um chama-o de principal modelo de administrador executivo. Outro o chama de reflexo de Deus. John Méier chama-o de leigo galileu “insuportavelmente comum”. No entanto, muitos daqueles que realmente conheceram a Jesus – os que andaram com Ele e que o ouviram ensinar – não o percebem como leigo comum, um modelo de homem de negócios nem como um mero reflexo do caráter de Deus. Eles o odiavam.
João descreve o que as pessoas falavam de Jesus: Elas ofendiam-se com Ele (2.12-25; 6.61). Elas reclamavam da provisão de pão, como os israelitas reclamaram no deserto da provisão de maná feita pelo Senhor (6.41,61). Alguns discípulos de Jesus o abandonaram (6.66). Os próprios irmãos de Jesus não criam nEle (7.5). Algumas pessoas o chamavam de mentiroso (7.12,47). Ou que estava endemoninhado (7.20; 8.48,52; 10.20), ou que era louco (10.20). Eles tramaram para tirar a vida dele (11.53,57). Eles atormentavam seus discípulos (9.22; 12.42; 16.2). Eles até mesmo tentaram matar Lázaro depois que Jesus o ressuscitou! (12.10,11). No fim, claro que Jesus foi traído, preso, amarrado, abandonado, negado, interrogado, golpeado, açoitado, zombado, coroado com espinhos, expostos como o centro do que equivalia a um linchamento e crucificado, levando-o a sufocar-se até a morte. João, prevendo de forma sutil a reação que muitos teriam a Jesus, introduz seu livro escrevendo: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (1.11).
Em suma, no Evangelho de João, a fúria que advém em torno de Jesus parece ser o resultado de como Ele descreveu seu relacionamento com Deus: Ele apresentou-se, de forma ímpar, como Filho de Deus.
Desde o inicio de seu ministério público, Jesus foi rodeado por indivíduos que reconheciam sua condição singular. João Batista (não o autor do Evangelho) testemunhou a descida do Espírito Santo sobre Jesus e disse: “E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus” (1.34). Quando Natanael conheceu Jesus, ficou surpreso com o íntimo conhecimento que Jesus tinha dele e disse: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei e Israel” (1.49).
Na célebre passagem 3.16, Jesus mesmo disse a Nicodemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mais tenha a vida eterna”. Fica claro que Jesus percebia sua filiação como única, Ele é o Filho unigênito de Deus. E Ele percebia-se como especialmente enviado por Deus: “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (3.17).
Jesus disse a alguns de seus compatriotas:
Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. (5.25,26).
Afirmação essa considerada herética, blasfema e perigosa pelos judeus. “Responderam-lhe os judeus: nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus” (19.7).
Jesus não usa essa linguagem para dizer que Ele é secundário ao Pai ou criado pelo Pai. Ele usa essa linguagem de forma oposta a essa – para associar Ele mesmo a Deus em sua exata natureza, como se dissesse. “Sou da mesma essência, da mesma natureza, de Deus”. Observamos, isso, em especial, nos célebres ditos “Eu sou” do Evangelho de João: “Eu sou a videira verdadeira” (15.1,5); “Eu sou o bom Pastor” (10.7,9); Eu sou o caminho” (14.6) e assim por diante. Deus falou com Moisés na sarça ardente: “Eu Sou o Que Sou” (ex 3.14). E observe o que Jesus disse no final de uma conversa exaltada: “Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58). As pessoas que o ouviam sabiam exatamente o que Ele estava dizendo. Você sabe pela reação delas: “Então, pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou” (8.59).
Contudo, Jesus foi criado em uma cultura que entendia muitas verdades que nossa cultura não entende, e uma dessas verdades é a grande distinção entre Deus, o Criador do universo, e nós, as criaturas desse universo. Foi no contexto dessa cultura que Jesus afirmou ser igual a Deus. Observe, no Capítulo 5, a afirmação dEle e a resposta das pessoas:
Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.
Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. (5.17,18).
Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (10. 30-33).
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. (14.6,7).
O discipulo Filipe, sem aprender o sentido, fala:
Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (14.8,9).
Pelo fato de Jesus ser Deus, João pode registrar de forma inabalável a adoração de Jesus como Deus. Um cego a quem Jesus curou, adorou-o (9.38), assim como Tomé, que antes duvidara: “Senhor meu, e Deus meu!” (20.28) E Jesus aceitou atos de adoração. É claro que João já dissera o quanto antes, no primeiro versículo de seu evangelho: “No principio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (1.1).
O Que Jesus Veio Fazer
Prover o Sacrifício para a salvação dos Pecadores. O principal motivo para Jesus vir é para salvar os pecadores. Conforme Ele diz: “eu vim não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (12.47). E Ele veio para salvar o mundo agindo como a provisão de Deus para os pecados do mundo.
Jesus veio como provisão de Deus, para a salvação dos pecadores.
Como especificamente a provisão de Deus em Cristo salva a humanidade pecadora? João Batista aponta a resposta logo no inicio do evangelho: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (1.29). Jesus é o sacrifício da Páscoa que é morto no lugar dos seres humanos pecadores. A seguir, Jesus diz no capítulo 6: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida Eterna, e eu ressuscitarei no último Dia” (6.53,54). Jesus não pretende dizer para seus discípulos agarrarem seu braço e começarem a mastigá-lo. Antes, ele pretende dizer que seu sangue será derramado e seu corpo quebrado quando for levantado na cruz. E os pecadores devem colocar sua confiança e sua fé em seu sacrifício vicário.
As bençãos e os fardos da esposa de um plantador de igrejas
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Não há como um coração finito suportar todas as coisas que uma esposa que
está plantando uma igreja enfrentará na vida e no ministério. Mas Cristo
pode, e...
Há 4 horas
1 comentários:
NOTA 10, MUITO RELEVANTE E ÚTIL! GRATO!
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