terça-feira, 13 de abril de 2010

É bíblica a "unção do riso"?


É bíblica a "unção do riso"?
Autor : Artigo enviado por email. Publicado em : Quinta, 26/03/2009


Certa senhora comentou o seguinte, num site da internet:

"Irmãos, [...] eu não vejo mal algum na unção do riso, pois já a senti. Muitos a criticam, como também já a critiquei uma vez, mas hoje, depois que passei por essa experiência com Deus, eu posso verdadeiramente afirmar que é TREMENDO!!!! E se verdadeiramente é unção, provém do Espírito santo, e negando-a, ou até mesmo chamando-a de "PALHAÇADA", estamos blasfemando contra Ele."

Não se pretende aqui tecer julgamentos, muito menos desqualificar de não-convertidos pessoas que afirmam receber essa unção. Todavia, precisamos defender a Palavra de Deus contra todos os ensinos e práticas sem base bíblica.

Unção do Riso - Suas Origens

A unção do riso, também chamada de "bênção de Toronto", "gargalhada sagrada" ou "unção de Isaque" não tem nenhuma básica bíblica. Tais manifestações estranhas às Escrituras Sagradas tornaram-se mais conhecidas, pois a erupção destas ocorreu na Igreja Vineyard, do Aeroporto de Toronto, Canadá. Nada de novo no mundo religioso, pois os Hindus praticam isso há mais tempo. De acordo com o site http://www.nccg.org/042Art-Laughing.html, há 37 clubes do riso só em Bombay, India praticando essas gargalhadas. O modo como começam os risos ali são bem parecidos com o modo como os neopentecostais e até os pentecostais iniciam as gargalhadas - tudo resultado de uma indução a um estado de relaxamento.

Há alguns relatos da tal unção do riso já 1933, em escala, bem pequena e nas Igrejas de Kenneth Hagin (1992) e de Kathryn Kuhlman, mas os cristãos que propagaram, no meio evangélico, a "Bênção de Toronto" foi Rodney Howard-Browne, na década de 90, mais precisamente a partir de Janeiro de 1994 e John Wimber. Não demorou muito para que chegasse ao Brasil, evidentemente. Tal "unção" é praticada aqui no Brasil e no mundo por grupos pentecostais e neopentecostais, e também carismáticos.

Como acontece o fenômeno

Na maioria das vezes, as pessoas sentadas sentem-se relaxadas e de deslisam com as costas nas cadeiras, ficando como que em posição de alguém que está bêbedo, quase que caindo da cadeira. Outras, caem no chão, e de repente o riso se torna incontrolável. Num vídeo de Rodney Howard-Browne, chamado The Coming Revival, ele relata que um homem permaceu rindo por três dias. Outras vezes, relata-se que pessoas debaixo dessa suposta unção emitem sons de animais, do tipo miados, uivos, latidos, rugidos, e quando no chão, se comportam com se fossem certos animais, como cobras, leões, e outros. Tudo isso acompanha a "unção" do riso. Imagine se o apóstolo Paulo fosse ressuscitado em nossos dias observasse esse zoológico dentro das igrejas! Será que ele se comportaria de tal forma? Consegue imaginar Paulo rindo dessa forma, e ainda por cima latindo como um cachorrinho? Dois textos das cartas de Paulo podem ser citados para responder a essas perguntas:

1 Coríntios 14:20 - "Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos."

Efésios 4:14 - "Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro".

Meninos, aqui, nos lembra a carta aos Hebreus, quando o escritor fala sobre aqueles que já deviam ser instrutores, pelo tempo de conversão, mas por não desfrutarem do alimento sólido da Palavra de Deus, contentam-se com o "leitinho" da Bíblia. (Hebreus 5:13, 14) O resultado de uma mente de um convertido sem conhecimento bíblico é agir sempre como criança, ou como imaturos.

Por que não tem base bíblica?

Os que estão sob a chamada "unção do riso" vivem buscando nas Escrituras Sagradas, a todo custo, base para tal manifestação. Mas o próprio John Wimber admitiu: "Penso que esse tipo de coisa deve ser colocado na categoria do não-bíblico e do exótico." Vejam como essas pessoas carecem de conhecimento bíblico, e nos fazem dar verdadeiras gargalhadas deles:

Isaías 5:29 - "O seu rugido é como o do leão; rugem como filhos de leão, e, rosnando, arrebatam a presa, e a levam, e não há quem a livre."

Comentário - Usar um texto bíblico escrito 700 anos antes de Pentecostes do ano 33 d.C. para justificar um fenômeno pentecostal é no mínimo hilário. Isso sim nos faz rir. E pior! O contexto mostra que esse rugido não é do povo de Deus, Israel, mas dos babilônios, que atacariam Israel e os levariam cativos para Babilônia. Por isso, levariam a presa e não haveria quem os livrasse. Trata-se, portanto, de uma metáfora. Se esses irmãos criancinhas na fé levarem ao pé da letra essas matároras, então terão que aprender a voar, conforme Isaías 40:31, onde lemos que "sobem com asas como águias".

Gênesis 18:12 - "Riu-se, pois, Sara no seu íntimo, dizendo consigo mesma: Depois de velha, e velho também o meu senhor, terei ainda prazer?"

Comentário - Novamente, um texto anacrônico ao fenômeno de Pentecostes de 33 d. C.. Mas se Sara riu no íntimo, então, existe a "unção de Isaque", pois o nome do filho de Sara foi Isaque, o qual significa "riso" em hebraico. Entretanto, esse riso dado por Sara foi uma manifestação do Espírito Santo nela, ou quem sabe uma unção? Não, mas foi uma reação de incredulidade, quando soube que embora velha daria à luz um filho. Tanto é verdade que Deus diz no versículo 14: "Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?"

Salmo 126:1, 2 - "Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles."

Comentário - Será que a expressão "ficamos como quem sonha" indica uma unção que justifica a "unção do riso"? Quem sonha está dormindo, e quem ri enquanto sonha não tem consciência do que ocorre. Mas nas manifestações pentecostais do primeiro século, os que recebiam as maravilhas do Espírito Santo sabiam o que estava se passando. Quanto à expressão "nossa boca se encheu de riso", em parte alguma lemos que foi uma unção, mas uma reação natural de um povo, os israelitas, que haviam sido libertos do cativeiro babilônico.

Provérbios 17:22 - "O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos."

Comentário – Onde está a unção do riso aqui? Pelo que sabemos, tal manifestação espatafúrdica ocorre nos templos, em determinadas ocasiões. Entretanto, Provérbios 17:22 refere-se ao coração sempre está alegre como remédio para nosso corpo. Não precisa nem ser cristão para se saber disso. Há budistas, hindus, ateus que pensam positivamente, são pessoas alegres, e isso resulta-lhes em benefícios para a saúde.

Eclesiastes 3:4 - "Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria."

Comentário - Se as expressões "tempo de rir" e "tempo de saltar de alegria" são indicativos da "unção do riso", então deveria haver, de acordo com o contexto a "unção de prantear", "unção de matar", "unção de aborrecer", "unção de guerrear", etc. (Veja Eclesiastes 3:1-7) Que infantilidade de nossos irmãos pentecostais e neopentecostais, praticantes dessa aberração da fé isenta de conhecimento bíblico.

João 17:13 - "Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos."

Comentário - A palavra grega para "gozo" usada aqui é "khara", e significa "alegria, satisfação", conforme a Concordância de Strong de Palavras do Novo Testamento (palavra número <5479>). Realmente, todo o cristão sente essa alegria que vem do Espírito Santo (Gálatas 5:19-21). Essa mesma alegria "khara" é usada por Tiago (1:2) da seguinte maneira: "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações." Trata-se de uma alegria interior, que nos ajuda a perseverar. Não vemos um caso no Novo Testamento de cristãos rindo da forma como observamos essa "molecada" de crentes fazer.

Filipenses 4:4 - "Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos."

Comentário - Da mesma raiz de "khara", mencionado acima, há aqui usado por Paulo o verbo grego "khairo", que significa alegrar-se muito. Paulo não se referia às risadas sem controle nos cultos cristãos, mas à alegria no Senhor, que encobre e vive no crente todos os dias. E no contexto, era a alegria no Senhor que deveria motivar os cristãos em Filipos a vencer os problemas de relacionamento entre cristãos, como os de Evódia e Síntique.

Por que essas manifestações ocorrem?

No meu ponto de vista, trata-se de mera infantilidade, ou imaturidade. Por não conhecerem a Palavra de Deus e buscarem desesperadamente por "sinais visíveis de Deus" para se apegarem (pois precisam ver para crer), deixam-se levar por líderes que gostam de aparecer, impactar a opinião pública. Eles sempre surgem com práticas e modismos novos. Fazem o que podem para manter seu rol de membros crescendo. Elem põem a pique os incautos facilmente, pois sabem, com palavras bem elaboradas, induzir pessoas a pensar e reagir como eles querem. Todavia, não podemos descartar a ação do grande inimigo da Igreja de Jesus, Satanás, junto com seus demônios. O que eles desejam é causar confusão e desordem entre o povo de Deus que, em muitos casos, sofre por falta de conhecimento.

Enquanto muitos se deixam levar por erros de interpretação bíblica, há cristãos comprometidos com a Palavra de Deus, e que buscam nela o modo correto de agir dentro e fora dos templos. Esperamos que você tenha experiências maravilhosas com o Deus Verdadeiro - Pai, Filho e Espírito Santo, mas que todas elas sejam frutos do propósito deste Deus em sua vida. Jamais tente usar sua experiência como uma prova divina para um novo modismo. Antes, pergunte-se: Aquilo que vejo ocorrer em minha igreja é bíblico?

Fonte: Fernando Galli
http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1956&menu=7&submenu=4
segunda-feira, 12 de abril de 2010

Entrevista com Russel Sheed.


CRISTIANISMO HOJE: Entreviste realizada com Russel Sheed.

CRISTIANISMO HOJE – O senhor tem um dos mais invejáveis currículos de formação teológica entre os líderes cristãos que atuam no Brasil. É difícil conciliar tanto conhecimento com a simplicidade de um relacionamento com Deus?
RUSSELL SHEDD – Não, não acho difícil. O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário, auxilia o relacionamento com Deus. E produz muita dependência dele também.

De modo geral, como é o nível do conhecimento do crente brasileiro acerca de Deus e de sua Palavra?
Creio que um problema em diversas igrejas é a falta de ensinamento que explique mais detalhadamente a Bíblia toda. Por exemplo: quantos creem num inferno eterno? E muitos crentes têm uma aversão contra a soberania de Deus, tal como a Palavra ensina.

Em 1962, quando o senhor chegou ao país, o panorama religioso nacional era completamente diferente do de hoje. Faça um paralelo entre a situação espiritual que encontrou naquela época e o que se vê atualmente.
Uma das principais diferenças foi que, naquele início dos anos 1960, as igrejas tradicionais condenavam interpretações e práticas pentecostais, como dons de línguas, profecia e curas miraculosas. Tais manifestações eram consideradas quase como heréticas. Hoje, as igrejas mais tradicionais tendem a condenar a teologia da prosperidade e os ensinamentos dos neopentecostais por falta de base bíblica. Os seminários proliferam, embora o ensino bíblico, em muitos casos, seja bastante superficial. E o interesse em missões continua sendo muito precário.

Então, apesar da haver mais seminários, o panorama do ensino teológico no Brasil não é bom?
Muitas igrejas montaram suas próprias escolas teológicas. Claramente, hoje temos muitas escolas sem professores treinados. O liberalismo teológico tem sido tirado de algumas escolas, enquanto em outras continua sendo uma opção que os alunos não têm habilidade para julgar ou avaliar. A leitura de autores como Tillich e Bultmann pode dar a ideia de que não há muita diferença entre o liberalismo e ortodoxia. Um bom número de autores teológicos modernistas está aí, no mercado editorial. Ao mesmo tempo, há um crescente número de excelentes opções de autores que abraçam firmemente a inspiração plenária das Escrituras e a ortodoxia tradicional.

O reconhecimento dos cursos teológicos evangélicos pelo Ministério da Educação [tema tratado em reportagem nesta edição] pode ser uma solução?
Não acho que esse reconhecimento seja positivo, uma vez que os professores precisam adquirir graus de mestrado e doutorado, muitas vezes orientados por professores liberais. E a vantagem de fazer um curso reconhecido se perde na medida em que os pastores se tornam mais, digamos, profissionais.

Como um ex-editor, o que o senhor acha do segmento editorial evangélico hoje? A realidade do mercado sufoca a vocação ministerial?
Não há dúvida de que, se não existir um mercado editorial, as editoras não podem sobreviver. Claro, elas também têm de ter um caráter de missão, para poder escolher títulos que o povo precisa ler. É óbvio que há muitos títulos no mercado que acho de pouca importância, mas isso não quer dizer que não haja muitos leitores que buscam informação e encorajamento nesses livros. Existe também uma outra questão. Algumas editoras evangélicas têm receio de publicar livros liberais, que poderiam destruir a fé dos leitores. Mas aquelas que publicam tais livros têm interesse no mercado e no aparecimento de outros autores "famosos", mesmo que não sejam crentes evangélicos.

A popularização das Bíblias de estudo temáticas – como Bíblia da mulher, Bíblia das profecias, Bíblia dos pequeninos, Bíblia do executivo – tem beneficiado as editoras, que investem cada vez mais em novos lançamentos do gênero. Essa corrida pelo mercado é boa ou ruim?
Não acho ruim, uma vez que qualquer ajuda que o leitor recebe dessas bíblias somente poderia trazer benefícios. Não seria o caso se as notas fossem tendenciosas, oferecendo interpretações falsas.

Na diversidade de versões e edições que hoje existem da Bíblia, qual deve ser o parâmetro de escolha do crente em termos de fidedignidade?
O que importa é que a tradução escolhida não acrescente alguma ideia que o autor do original não tinha. Fidelidade na tradução sempre tem que reproduzir a ideia do original. Ela não pode incluir nem excluir algo que o texto hebraico ou grego diga.

O senhor é o presidente emérito de Edições Vida Nova, casa publicadora que ao longo dos anos tornou-se referência em obras de cunho teológico, e consultor da Shedd Publicações. Num mercado dominado por livros de cunho motivacional, a literatura teológica ainda encontra espaço?
Graças a Deus, sim. As vendas de livros publicados pelas Edições Vida Nova, bem como de Shedd Publicações, têm aumentado ano a ano, juntamente como o crescimento do público evangélico.

O que deve ser feito pelas editoras para que as obras de conhecimento teológico não sejam apenas livros de referência para professores e estudiosos, mas também tenham apelo para o crente comum, o membro de igreja?
Os editores estão de olho naquilo que vende. Eles sempre seguirão o que a pesquisa de mercado indica que será um sucesso. Mas para aproximar as obras teológicas dos leitores comuns será evidentemente necessário tornar esses livros mais populares. Por exemplo, os manuais bíblicos. Hoje existem manuais de todos os níveis.

Em seus livros O líder que Deus usa e A oração e o preparo de líderes cristãos, o senhor enfatiza a necessidade do caráter e do exemplo que o pastor deve dar às suas ovelhas. Qual sua impressão sobre a integridade pastoral hoje?
Infelizmente, temos ouvido sobre casos tristes de quedas de líderes no adultério, no nepotismo e na corrupção. Os pecados que destroem o ministério do líder muitas vezes são esquecidos pelas igrejas, que acham que o pastor é um homem de Deus e não deve ser demitido por um "tropeço", especialmente se for um líder muito popular. A verdade é que sempre tivemos quedas de líderes durante a história, mas parece que a integridade deles hoje sofre desgaste maior.

Como evitar a excessiva vinculação da congregação a seu dirigente, de modo que a eventual queda do líder não represente um golpe inevitável na comunidade?
A queda de líderes muito proeminentes, isolados e sem o acompanhamento de bons auxiliares, torna-se um desastre para a igreja. Quando presbíteros e diáconos – ou seja, o segundo escalão na liderança da igreja – são muito responsáveis, acompanhando de perto o ministério do dirigente da congregação, é possível, em muitos casos, amenizar os efeitos de uma eventual queda.

Uma das expressões dessa concentração de poder nas mãos dos líderes é o uso de título eclesiais, como o de bispo ou apóstolo. Biblicamente, qual é a legitimação disso?
O ensinamento de nosso Senhor sobre a necessidade de humildade e disposição de servir deve nos advertir sobre o perigo de procurar alguma autoridade que deve ser unicamente de Cristo. Não acho positiva a adoção de títulos que não sejam bíblicos. Bispo é um título bíblico, mas significa apenas "supervisor" e não alguém que domina a vida de outros líderes e pastores. Aliás, o único texto que menciona pastor humano no Novo Testamento é o de Efésios 4.11, onde o grego dá a entender que o pastor deve ser um mestre.

Já a nomenclatura apóstolo, a não ser em raros casos, refere-se às pessoas que Jesus apontou pessoalmente – razão pela qual Paulo argumenta, na sua primeira Epístola aos Coríntios, que viu o Senhor ressurreto e que Cristo apareceu para ele em último lugar. Já Filipenses 2.25 registra o termo "apóstolo" no original, fazendo referência a Epafrodito, que foi autorizado especificamente para levar os donativos da igreja de Filipos a Paulo. Logo, ele foi apóstolo da igreja de Filipos, tal como Barnabé e o próprio Saulo o foram da igreja de Antioquia.

Muitos dirigentes denominacionais justificam a própria opulência argumentando que a prosperidade financeira do líder é sinal da bênção de Deus. Isso tem base bíblica?
Não creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em algum momento o ato de esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus nos tem abençoado. Jesus mandou o jovem rico vender o que ele tinha para dar o produto aos pobres. Fica evidente que o Senhor é completamente contrário a que os líderes gastem dinheiro em luxo ou desnecessariamente.

O que faz um líder cair e ficar pelo caminho, transformando seu ministério em motivo de escândalo?
Creio que a falta de cuidado em buscar uma intimidade com Deus todos os dias, evitando a aparência do mal. Acredito que quedas ocorrem quando não achamos possível cair, ou quando ficamos seguros e até orgulhosos de nossa espiritualidade.

Quais têm sido as suas fontes de sustento ao longo desses anos todos?
Nós chegamos de Portugal em 1962, sustentados pela Missão Batista Conservadora. Ao longo desse tempo, igrejas e crentes da América do Norte enviaram suas ofertas missionárias para manter nossa família [Shedd é casado com Patricia e tem cinco filhos]. Hoje, esta entidade chama-se World Venture e continua sustentando missionários em muitos paises do mundo. O nível de sustento é determinado pela missão de acordo com o custo de vida do país no qual o missionário vive. Desde janeiro de 2008, nossos recursos vêm do plano previdenciário Social Security e de uma aposentadoria fornecida pela própria missão. Não temos sofrido nenhuma falta.

Em sua opinião, por que entidades associativas de pastores e líderes, como a Associação Evangélica Brasileira (AEVB), enfrentam problemas de continuidade? Falta interesse dos pastores em participar desses movimentos associativos?
Vários motivos explicam a falta de interesse em entidades associativas. Poucos acham importante, ou de grande benefício, esse tipo de associação. A maioria dos pastores estão tão ocupados com seus programas, planos e ministérios que não acham que vale a pena contribuir e trabalhar para alguma entidade além da própria denominação.

Em quê o conhecimento das línguas bíblicas originais pode ajudar na prática da pregação?
A importância de estudo das línguas originais reside no fato de que através dele se pode explicar melhor o significado que certos termos e frases tinham quando o autor escreveu o texto bíblico. A diferença entre as culturas bíblicas e a cultura ocidental em que vivemos hoje requer bastante cuidado para se entender a visão de mundo e os valores que regeram os escritos bíblicos. Além disso, as línguas originais ajudam chegar a conclusões mais seguras acerca do que dizem as Escrituras. Trabalhar com o texto original leva o pastor a pregar com mais cuidado e a poder afirmar: "Assim diz o Senhor". Bons comentários também ajudam na tarefa de buscar o sentido do texto.

Essa falta de conhecimento é o motivo de tantas pregações superficiais?
Não é apenas isso. Imagino que os pastores e professores de Escola Bíblica Dominical não têm tempo ou muito interesse em examinar as Escrituras para saber de fato o que o autor queria comunicar. Preferem usar uma hermenêutica que recorre a alegorias sobre o texto bíblico. Assim, é possível dar uma interpretação muito diferente daquela que a Bíblia ensina.

Qual o tempo adequado para o preparo de uma mensagem consistente?
Varia muito. Alguns pregadores podem chegar à proposição, ou seja, ao ensinamento central do texto, com mais facilidade do que outros. Daí, procurar os argumentos dentro do texto que sustentem a proposição demora também. O professor Karl Lachler, que lecionou muitos anos na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, dizia que uma hora de estudo por cada minuto de mensagem parece exagerado… Porém, aquele que estuda e medita para chegar ao cerne da mensagem do texto, além de buscar os argumentos dentro do trecho escolhido que comprovem essa proposição, pode gastar bastante tempo. Infelizmente, cuidado no preparo de mensagens que alimentem o rebanho e a realização de visitas para conhecer bem as vidas dos membros e confrontar aqueles que não estão obedecendo às ordens do Senhor têm sido práticas esquecidas em muitas igrejas. Pastores santos, crentes firmes na veracidade da Bíblia, com famílias ajustadas, que buscam ao Senhor com muita oração e fé, produzem igrejas de qualidade.

A Igreja contemporânea está sempre buscando novas formas de crescer, e muitas congregações recorrem a modelos empresarias de gestão e marketing. O que o senhor pensa de incorporação de tais elementos à obra de Deus?
Não tenho nada contra o crescimento das igrejas, desde que ele não ocorra em detrimento da qualidade da formação dos membros na imagem de Cristo, conforme preconiza o texto de Romanos 8.29. Sou muito a favor do crescimento do número dos genuinamente convertidos e nascidos de novo. O problema surge quando, no interesse de aumentar o tamanho da igreja, deixa-se de lado a santificação dos membros. Ora, sem a santificação, conforme Hebreus 12.14, ninguém verá o Senhor! Ocorre que modelos de gestão eclesiástica não têm tido muito sucesso no discipulado e na formação de homens e mulheres de Deus. Uma igreja muito grande pode ter dificuldades em integrar os fiéis num plano de crescimento espiritual verdadeiro. Com o aumento do número dos membros, é muito fácil perder os indivíduos de vista. Além disso, numa igreja grande os crentes muitas vezes não se sentem responsáveis para servir, contribuir, discipular ou alcançar novos convertidos, especialmente se houver na comunidade líderes pagos para cumprir esse papel. Por outro lado, uma igreja grande tem recursos pessoais e financeiros para se comprometer com grandes projetos e muitos ministérios.

Então, qual deve ser o objetivo de uma igreja?
O alvo bíblico descrito em Colossenses 1.28 – proclamação, advertência, ensino com toda sabedoria e entendimento espirituais – é o objetivo que todo pastor e igreja devem considerar como prioridade.

Na sua opinião, a mídia eletrônica é um bom púlpito?
A televisão pode, sim, ser um bom canal para se explicar o Evangelho. Mas ela tem sérias deficiências também: as pessoas não são discipuladas se não se tornam membros ativos da família de Deus. Um compromisso muito sério com uma igreja local que ensine a Palavra de Deus com autoridade é o caminho do discipulado e do crescimento espiritual.

De alto de sua experiência, o que o deixa preocupado em relação ao futuro da Igreja brasileira?
A minha preocupação se concentra na qualidade espiritual da liderança e dos membros das igrejas. É assustador ver a quantidade de divórcios que ocorrem hoje entre casais evangélicos e a falta de integridade por parte dos líderes. Também fico muito preocupado com a proliferação de ensinamentos que não são bíblicos, como a teologia da prosperidade, que nega a necessidade de o crente negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus.

Qual a sua compreensão acerca do que seja um avivamento?
O avivamento tem algumas evidências. Uma delas é quando o Senhor e sua Palavra têm mais importância do que o dinheiro ou qualquer outra coisa material. Avivamento cria arrependimento profundo pelos pecados cometidos e muita alegria no Senhor ao reconhecer seu perdão. Para uma Igreja avivada, o evangelismo se torna algo natural e as missões transculturais, uma prioridade, uma vez que Jesus mandou seus servos fazerem discípulos de todas as nações.

Logo, ao contrário do que se diz, a Igreja brasileira hoje não experimenta um avivamento?
Não acredito que o que acontece hoje, com o rápido crescimento da Igreja, seja um avivamento de verdade. O que eu vejo é que falta temor do Senhor, arrependimento profundo e interesse por missões.

O senhor é filho de missionários americanos que aqui chegaram na primeira metade do século passado, época em que obreiros estrangeiros tinham grande influência no Brasil. Hoje em dia, sendo o país uma potência evangélica, ainda há espaço para eles?
De fato, a influência de missionários estrangeiros aqui é cada vez menor. Mas ainda há áreas em que obreiros vindos de fora poderiam ser úteis, como no preparo para as missões transculturais. O treinamento em determinadas áreas, como antropologia, linguística e informação acerca de povos não alcançados
continua sendo uma área em que os missionários estrangeiros podem ser muito úteis à Igreja brasileira.

Pode-se dizer que já existe uma teologia genuinamente nacional?
Creio que teologia nacional, brasileira, seria aquela alicerçada em nossa história e cultura. Não acho que poderia encontrar uma visão como essa bem divulgada no Brasil. Ainda há muita dependência dos livros estrangeiros e de modelos de igrejas que tendem a copiar o que se faz em outros países.

Do que o senhor sente falta na Igreja de hoje e que já viu em outros tempos?
De um lado, mais ensino da Palavra, mais preocupação com santificação e mais investimento em missões transculturais. De outro, uma Escola Dominical mais forte, uma hinologia alicerçada na teologia bíblica e mais livros de ensino sério.
quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tema: Será que é possível haver esperança para aquele que esqueceu de Deus?

(Ezequiel 40.4)
Introdução

Voltamo-nos para a esperança do paraíso.
No livro do Profeta Isaías, ouvimos o profeta alertar Ezequias, rei de Judá, em relação ao exército assírio, ao mesmo tempo em que lhe assegurava a proteção de Deus. No livro do profeta Jeremias, que viveu um século depois de Isaías, incitar Judá e Jerusalém a seguirem a orientação do Senhor e se renderem ao exército Babilônio. Examinamos a Lamentação de um indivíduo que estava em Jerusalém durante o cerco e a queda da cidade. Aqui encontramos o profeta Ezequiel que viveu na mesma época de Jeremias, mas cujo ministério, na verdade, acontece no exílio, na Babilônia. Os babilônios levaram os israelitas, contra a vontade deles, para o exílio na babilônia em várias etapas, e ezequiel foi transportado em uma das primeiras. Provavelmente em 597 a.C.. ele viajou para a babilônia com a família rela e outros líderes de Jerusalém. Jerusalém foi apenas totalmente destruída uma década depois, em 586 ou 587 a.C. Ezequiel foi treinado para ser sacerdote na cidade de Davi e conhecia bem a vida religiosa e seu povo.
Mas Ezequiel estava a um exílio de distância do templo, talvez parecesse que não haveria futuro para esse sacerdote servir o povo de Deus. Afinal, o trabalho do sacerdote era vinculado ao Templo. Muitos dos Judeus ficaram preocupados com a idéia de que Deus talvez estivesse inacessível a eles já que estavam longe da Terra Prometida. Mas esse não era o caso – nem para Ezequiel, nem para o povo. Deus prepara esse jovem sacerdote para ser porta-voz especial entre os judeus exilados.
Qualquer pessoa sabe que Ezequiel era um homem, que estava longe de ser uma pessoa normal. Ezequiel foi um dos maiores personagens espirituais de todos os tempos, apesar de sua tendência à anormalidade sobrenatural.
Talvez as coisas estranhas que o Senhor chamou Ezequiel a fazer a fim de se comunicar com seu povo sejam o que faça com que ele pareça tão estranho.
Deus chamou Ezequiel a transmitir visões misteriosas e fantásticas pela prática de atos estranhos e simbólicos. Durante o primeiro período do ministério de Ezequiel (593 – 586 a.C.), Deus chamou-o a ser praticamente um recluso afligido por convulsões, paralisias e mutismo periódicos. Por exemplo, episódios de afasia em que Ezequiel fica deitado imóvel sobre seu lado durante meses, até anos (4.4). Ele é amarrado com cordas em sua casa para que não pudesse sair em meio às pessoas (3.25). A língua dele é grudada no palato para que não possa falar (3.26). Ele recebe ordem de não chorar a morte da esposa (24.16,17), e é transportado em visões (8.7). É lhe dito para fazer uma maquete da jerusalém sitiada e levantar a espada contra ela (4.1,2; 5.1,2). O profeta ainda empacota seus pertences e enterra-os ao longo de todo o muro da cidade para simbolizar o exílio vindouro.
Antes da queda de Jerusalém, era constante Ezequiel anunciar a mensagem de Deus representando a profecia. De fato, Deus falara a seu servo que ele ficaria mudo, exceto quando Deus decidisse alivia-lo da aflição pela entrega de declarações especificas. Há dez dessas mensagens dadas na linguagem de sinais dos mudos nos primeiros vinte e quatro capítulos. Um tijolo, comida imunda, uma navalha, uma panela e um fogo foram elementos utilizados para transmitir a mensagem divina. Lembrando que quem voltaria para a sua terra, seria as crianças. Porque só depois de 70 anos no exílio é que seu seria liberto. Por isso a sua mensagem para ser teatral, lúdica.
Considerando esse livro tão estranho que rabis judeus, com freqüência, não permitiam que os jovens lessem Ezequiel até completarem trinta anos a fim de que não ficassem desencorajados com a dificuldade de compreender as Escrituras e, por isso, as desdenhassem. Porém o apostolo Paulo nos orienta a não deixar Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.
Mas esse livro não é, de fato tão difícil de entender. Ele dividi-se em duas metades. Nos (1-24), o Senhor conta a seu podo sobre o julgamento que virá sobre eles. Ele diz que os babilônios e Nabucodonosor destruirão Jerusalém. O auge acontece no (24), quando vem a Ezequiel a palavra de que o cerco à cidade começara. Os capítulos 25-48 trazem mais esperança. A segunda metade inicia-se com condenações aos povos circuvizinhos, especificamente Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. Em 33.21, chega a palavra de que, na verdade, Jerusalém caiu, e, a partir desse ponto, Ezequiel começa a profetizar sobre a esperança e a restauração para o povo de Deus. As profecias de Ezequiel se estende-se por um período de mais de duas décadas – de cerca de 593 a 571 a.C.
Existe três seqüência básicas de visões que Deus dá a Ezequiel, e, se você as entender, pode dizer que conhece o livro. A primeira 1-3, em que Ezequiel, já na babilônia, vê pela primeira vez Deus vindo a ele em uma visão. A segunda 8-11. É uma lembraça repentina em que Deus mostra a Ezequiel como sua presença deixou Jerusalém por causa da adoração idólatra praticada no templo. A seguir, o livro termina com a seqüência de uma longa visão, apresentada nos capítulos 40-48, em que Deus vem, de novo, ao seu povo em um Templo reconstruído.

UMA VISÃO DE DEUS, O REI

A primeira visão e Ezequiel é a de Deus, o Rei. Esse livro, como outros grandes livros da bíblia, inicia com Deus em sua corte celestial.
Deus aparece para Ezequiel em uma visão de abertura extraordinária que se inicia com as palavras: “E aconteceu, no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que, estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu vi visões de Deus” (1.1). A seguir, Ezequiel, nos primeiros capítulos, descreve essa visão.
É importante lembrar que o fato de Deus revelar-se a Ezequiel (também a Daniel) na Babilônia, confirma as palavras de Jeremias. Que previu esse fato em uma visão de dois cestos de figos em que as frutas de um cesto estavam boas e as do outro não (Jr 24). O senhor rogava para continuar a abençoar os que estavam separados do Templo de Salomão, do trono de Davi e da Terra de Abraão.
Você já viu uma criança fazer uma coisa errada e, por isso, receber como castigo ter que passar “um tempo” no quarto ou sentada em uma cadeira em um canto? O exílio, para o povo de Deus, foi como ficar de castigo por um grande tempo. E senhor deixou-os um período no cativeiro, onde, estando fora da terra, do trono e do templo, poderiam entender o que fizeram de errado e deixariam de idolatrar esses elementos. A terra prometida, linhagem davídica de reis e o Templo, que simbolizavam a presença de Deus, eram bons presentes que Ele lhes dera. Todavia, o povo começou a usa-los mal. os presentes tornaram-se importantes demais. Por isso, o Senhor levou-os embora ao chama-los para a babilônia. Ele deixou-os de lado por setenta anos para que se concetrassem de novo no que era especial e a razão por que isso é importante. Contudo, a fidelidade Dele acompanhou-os no exílio, e é assim que se inicia a visão de Ezequiel, com Deus indo a seu povo que está distante do Templo, da linhagem de Davi e da terra de Israel.
A própria visão começa com um vento poderoso:

Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte, e uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa como metal brilhante, que saía do meio do fogo.
Do meio dessa nuvem saía a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era esta: tinham a semelhança de homem.
Cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas. (Ez 1.4-6).

A medida que a visão prossegue, vemos algumas criaturas muito bizarras ao redor do trono de Deus:

Vi os seres viventes; e eis que havia uma roda na terra, ao lado de cada um deles.
O aspecto das rodas e a sua estrutura eram brilhantes como o berilo; tinham as quatro a mesma aparência, cujo aspecto e estrutura eram como se estivera uma roda dentro da outra.
Andando elas, podiam ir em quatro direções; e não se viravam quando iam.
As suas cambotas eram altas, e metiam medo; e, nas quatro rodas, as mesmas eram cheias de olhos ao redor.
Andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; elevando-se eles, também elas se elevavam. (Ez 1.15-19)

Depois de descrições adicionais dessas criaturas, uma voz soa acima do firmamento. E, a seguir, o próprio trono aparece:

Veio uma voz de cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça. Parando eles, abaixavam as asas.
Por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia algo semelhante a um trono, como uma safira; sobre esta espécie de trono, estava sentada uma figura semelhante a um homem.
Vi-a como metal brilhante, como fogo ao redor dela, desde os seus lombos e daí para cima; e desde os seus lombos e daí para baixo, vi-a como fogo e um resplendor ao redor dela.
Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do SENHOR; vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava. (1.25-28).

DEUS NÃO É COMO NÓS

Ele é outra pessoa, notável e diferente de nós. Ele é extraordinário e incomum.
Ezequiel não hesita em descrever tudo que viu, usou as palavras “semelhança” e “como”. Havia “uma semelhança de trono como de uma safira”, e a figura sobre ele tinha “como o aspecto do fogo” em seu interior.
A bíblia chama Deus de “santo”. Ele é santo. Por isso, devemos demonstrar reverência por Deus. Ezequiel abaixou sua face mesmo depois de todo seu treinamento teológico! Seu novo conhecimento de Deus não o fez se sentir de forma alguma mais casual em relação a Deus. Ele ficou amedrontado com essa visão de Deus, assim como já ficou quando teve uma do Senhor.
Deus não é apenas a pessoa idosa que está lá no alto. Ele não é um mero tipo de avô, com barba branca, no céu. Também não é um vizinho amigável, um companheiro ou um camarada. A bíblia jamais retrata a alegria casual com que, muitas vezes, consideramos o auge da intimidade espiritual com Deus. Na bíblia, todas as visões do Senhor são amedrontadores e inspiram reverência.

DEUS É TODO-PODEROSO E ONISCIENTE

Talvez você tenha percebido que as cambas das rodas eram cobertas de olhos (1.18). e as quatro faces olhavam em todas as direções (1.6,10,17). Essas coisas mostram a onisciência de Deus. não há nada que Ele não perceba. E o fato de Deus estar sobre esse carro, que se move em todas as direções, mostra que é Todo-poderoso. Ele pode estar em qualquer lugar. Ezequiel podia confiar nesse Deus Todo-poderoso e Onisciente!

DEUS NÃO É LIMITADO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS

Mas o grande ponto para Ezequiel era que, de qualquer forma, ele via Deus. Pois, afinal, não estava em Jerusalém ou no Templo. Ele estava no exílio quando teve a visão do Deus Altíssimo! O Senhor não está limitado a Jerusalém. A visão assegurou ao profeta que o Senhor estaria com seu povo por onde quer que fosse espalhado. Ele não está limitado a nenhum lugar. Deus preocupa-se com o mundo todo.
Deus não se limita ao ultimo ponto em que você pensa que o localizou! Talvez houve um momento em que se sentiu especialmente próximo de Deus.
Todavia, agora, você está perturbado, inseguro, temeroso de ter perdido a capacidade de se sentir próximo Dele, porque as circunstâncias mudaram. Bem, Deus mostra-nos, da mesma forma como mostrou ao profeta e a seu povo do A.T, que ele não é limitado pelas circunstâncias. É maravilhoso conhecer as bênçãos do Senhor por meio de qualquer um desses caminhos, mas lembre que Deus trabalha de muitas maneiras. Ele não está limitado a uma circunstância. Ele é o Deus do universo.

DEUS TOMA A INICIATIVA

Deus toma a iniciativa. Ele vem a nós. No versículo 1 “[...] se abriram os céus”. Ele escolheu descer. Ezequiel não abriu os céus e foi até Deus. Vs 3 “veio expressamente a palavra do Senhor” Vs 4: “Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte” Vs 25: “ E ouviu-se uma voz”. E, por fim, no vs 28 “E ouvi a voz de quem falava”.
Assim como ele fez com Moisés no episodio da sarça ardente, com Isaías no templo e com Paulo na estrada de Damasco. O mesmo aconteceu com Ezequiel nenhum desses homens saíra em busca de Deus ou tentara fazer contato com Ele. Deus toma a iniciativa. Ele vem a nós. Ele nos amou primeiro, Ele nos atrai. Ele trouxe você até aqui hoje.

DEUS COMUNICA-SE

VocÊ percebeu que a visão de Ezequiel atinge seu auge em uma voz? Em palavras? Se fossemos coreografar essa visão, não faríamos dessa maneira. Hoje, exigiríamos um espetáculo – uma demonstração para os olhos. Mas aqui, a visão de Deus atinge o auge não com algo para os olhos, mas com palavras para os ouvidos – “e ouvi a voz de quem falava” (1.28).
Deus não quer apenas ser adorado a distância. Ele quer um relacionamento pessoal. O Senhor não quer se encontrar conosco a fim de que desfrutemos de alguma sensação visual, antes, quer uma aliança de amor. Não se satisfaça com a mera sensação. O fundamento desse livro é esse tipo de comunicação verbal com Deus, e isso é o fundamento de qualquer relacionamento que temos com Ele. A comunicação verbal é que constrói os relacionamentos, e Deus, graciosamente, comunicou-se com seu povo.
Por isso, a Palavra de Deus é vital em nossas reuniões na igreja. Reservamos tempo para ouvir a Palavra porque Ele fala, conosco por intermédio dela.

UMA VISÃO DA PARTIDA DE DEUS

A segunda grande visão apresentada nesse livro é uma lembrança repentina. É a visão da partida de Deus do templo de Jerusalém.
Muitas vezes, perguntam-me sobre o Paraíso. Muitas vezes, apenas digo que há muitas coisas que não sei sobre esse lugar. Mas tenho certeza que existe o paraíso e que ele não é aqui. Eu acho que a maioria das pessoas tem certeza que o paraíso não é neste mundo.
Com certeza, os companheiros de Ezequiel no exílio babilônico sabiam disso, a visão de Ezequiel ensinou-lhes que não apenas a babilônia não era o paraíso, mas Jerusalém também não era! Eles tinham percorrido uma longa distância para proteger a Cidade de Davi, achando que se agarrar a ela era algo equivalente a estar com Deus. todavia, isso estava errado. Por isso, Ezequiel apresentou-lhes outra visão, ou outra série de visões, em que viu o pecado de Israel e a partida de Deus em conseqüência dele. O Senhor transferiu seu povo para o “cuidado” dos deuses que realmente amavam.
Boa parte dos capítulos 6-24 é composta de profecias contra Israel por causa de seu pecado. “E desviarei deles [meu povo] o rosto” (7.22), agora Ezequiel vê Deus partir do templo e da sua área, da mesma forma como o povo abandonara a adoração ao Senhor. A visão termina no capítulo 11 quando o Senhor parte da própria cidade. Eis uma amostra dessa visão:

... ali a mão do SENHOR Deus caiu sobre mim.
Olhei, e eis uma figura como de fogo; desde os seus lombos e daí para baixo, era fogo e, dos seus lombos para cima, como o resplendor de metal brilhante.
Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos cachos da cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava colocada a imagem dos ciúmes, que provoca o ciúme de Deus. (8.1-3)

Disse-me: Entra e vê as terríveis abominações que eles fazem aqui.
Entrei e vi; eis toda forma de répteis e de animais abomináveis e de todos os ídolos da casa de Israel, pintados na parede em todo o redor. (8.9,10).

Eis que a glória do Deus de Israel estava ali, como a glória que eu vira no vale. (8.4).

Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os querubins. (10.18).

Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.
A glória do SENHOR subiu do meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.
Depois, o Espírito de Deus me levantou e me levou na sua visão à Caldéia, para os do cativeiro; e de mim se foi a visão que eu tivera.
Então, falei aos do cativeiro todas as coisas que o SENHOR me havia mostrado. (11.22-25).

Os capítulos 8-11 de Ezequiel. Contêm uma estranha verdade cinematográfica – ou a mensagem do tipo “você está Lá” – como se Ezequiel, da Babilônia, recebesse uma transmissão divina dos cultos pagãos que aconteciam no Templo de Jerusalém. Deus passava pela parte externa do templo – sua casa – como se desse uma ultima olhada. A seguir, Ele parte do santuário e de seu pátio e deixa-o para ser destruído.
O povo causou esse divórcio entre eles e Deus ao perseguir outros deuses. Nos capítulos 16, 20 e 23, o Senhor usa a linguagem mais vívida para acusar Jerusalém de abominável infidelidade. Ele diz-lhes:
Mas confiaste na tua formosura e te entregaste à lascívia, graças à tua fama; e te ofereceste a todo o que passava, para seres dele.
Tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares altos adornados de diversas cores, nos quais te prostituíste; tais coisas nunca se deram e jamais se darão.
Tomaste as tuas jóias de enfeite, que eu te dei do meu ouro e da minha prata, fizeste estátuas de homens e te prostituíste com elas.
Tomaste os teus vestidos bordados e as cobriste; o meu óleo e o meu perfume puseste diante delas.
O meu pão, que te dei, a flor da farinha, o óleo e o mel, com que eu te sustentava, também puseste diante delas em aroma suave; e assim se fez, diz o SENHOR Deus. (16.15-19).

Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos e rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles; e profanaram grandemente os meus sábados. Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir. (20.13).

Demais, levantei-lhes no deserto a mão e jurei não deixá-los entrar na terra que lhes tinha dado, a qual mana leite e mel, coroa de todas as terras.
Porque rejeitaram os meus juízos, e não andaram nos meus estatutos, e profanaram os meus sábados, pois o seu coração andava após os seus ídolos. (20.15,16).

Aumentou as suas impudicícias, porque viu homens pintados na parede, imagens dos caldeus, pintados de vermelho:
de lombos cingidos e turbantes pendentes da cabeça, todos com aparência de oficiais, semelhantes aos filhos da Babilônia, na Caldéia, em terra do seu nascimento.
Vendo-os, inflamou-se por eles e lhes mandou mensageiros à Caldéia.
Então, vieram ter com ela os filhos da Babilônia, para o leito dos amores, e a contaminaram com as suas impudicícias; ela, após contaminar-se com eles, enojada, os deixou.
Assim, tendo ela posto a descoberto as suas devassidões e sua nudez, a minha alma se alienou dela, como já se dera com respeito à sua irmã.
Ela, todavia, multiplicou as suas impudicícias, lembrando-se dos dias da sua mocidade, em que se prostituíra na terra do Egito.
Inflamou-se pelos seus amantes, cujos membros eram como o de jumento e cujo fluxo é como o fluxo de cavalos.
Assim, trouxeste à memória a luxúria da tua mocidade, quando os do Egito apalpavam os teus seios, os peitos da tua mocidade. (23.14-21).

Se você acha palavras inadequadas para um sermão, deixe-me lembrá-lo de que Deus mandou Ezequiel dize-las em publico. Deus estava claramente aborrecido com a maneira como seu povo devotou o coração a ídolos e a falsos deuses. Ele estava dizendo: “Isso é muitíssimo errado!”
Muitos anos antes da época de Ezequiel, Deus, por intermédio de Moisés, advertiu seu povo de que enviaria para o exilio se fosse infiel a Ele.

Assim como o SENHOR se alegrava em vós outros, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, da mesma sorte o SENHOR se alegrará em vos fazer perecer e vos destruir; sereis desarraigados da terra à qual passais para possuí-la.
O SENHOR vos espalhará entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da terra. Servirás ali a outros deuses que não conheceste, nem tu, nem teus pais; servirás à madeira e à pedra. (Dt 28.63,64).

Como já disse, o povo de Deus causou essa separação antinatural, esse divórcio. E agora, pagava o preço por ter feito isso. No capítulo 24, depois de todas as acusações espinhosas contra a infidelidade de Israel, encontramos as seguintes palavras: “E veio a mim a palavra do Senhor, [...]: Filho do homem, escreve o nome deste dia, deste mesmo dia; porque o rei de Babilônia se aproxima de Jerusalém neste mesmo dia”. Jerusalém, no cerco, começa a sofrer a punição da deserção de Deus.
Ao mesmo tempo, Deus chama Ezequiel para que ele faça o ato simbólico mais doloroso – e mais poderoso – que já lhe pedira:

Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Filho do homem, eis que, às súbitas, tirarei a delícia dos teus olhos, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas.
Geme em silêncio, não faças lamentação pelos mortos, prende o teu turbante, mete as tuas sandálias nos pés, não cubras os bigodes e não comas o pão que te mandam.
Falei ao povo pela manhã, e, à tarde, morreu minha mulher; na manhã seguinte, fiz segundo me havia sido mandado.
Então, me disse o povo: Não nos farás saber o que significam estas coisas que estás fazendo?
Eu lhes disse: Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Dize à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu profanarei o meu santuário, objeto do vosso mais alto orgulho, delícia dos vossos olhos e anelo de vossa alma; vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, cairão à espada.
Fareis como eu fiz: não cobrireis os bigodes, nem comereis o pão que vos mandam.
Trareis à cabeça os vossos turbantes e as vossas sandálias, nos pés; não lamentareis, nem chorareis, mas definhar-vos-eis nas vossas iniqüidades e gemereis uns com os outros.
Assim vos servirá Ezequiel de sinal; segundo tudo o que ele fez, assim fareis. Quando isso acontecer, sabereis que eu sou o SENHOR Deus.
Filho do homem, não sucederá que, no dia em que eu lhes tirar o objeto do seu orgulho, o seu júbilo, a sua glória, a delícia dos seus olhos e o anelo de sua alma e a seus filhos e suas filhas,
nesse dia, virá ter contigo algum que escapar, para te dar a notícia pessoalmente?
Nesse dia, abrir-se-á a tua boca para com aquele que escapar; falarás e já não ficarás mudo. Assim, lhes servirás de sinal, e saberão que eu sou o SENHOR. (24.15-27).

A fim de transmitir de forma adequada seus sentimentos para seu povo, Deus não poderia invocar uma linguagem mais profunda, mais íntima, mais amorosa e mais envolvente que a do relacionamento entre o marido e a esposa. Da mesma forma que Ezequiel perdeu sua esposa (“o desejo dos teus olhos”), o povo perderia Jerusalém “o desejo dos seus olhos”. Essas duas perdas eram apenas uma tênue sombra da que Deus sofreu quando perdeu o povo de Israel, o povo a quem chamou e fez, de quem Ele cuidou e com quem se deleitou, e a quem, em seu amor santo e zeloso, agora, julgaria.
Capítulos 25-32 e 35, a atenção de Ezequiel muda dos israelitas para as nações, aprendemos que a justiça de Deus não se limita a seu povo. As nações que pareciam vitoriosas, tanto para si mesmas como para os israelitas exilados, estavam em dificuldades com Deus. O Senhor também as julgaria. O povo do Senhor podia ter certeza de que apenas Ele era soberano sobre todas as nações.
Capítulos 33-34. Deus repreende seu povo por duas razões. Primeiro, Ele diz que seus líderes são corruptos e apenas “apascentam a si mesmos” (34.2). Segundo, o povo mesmo ignorou sua Palavra:

Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR.
Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.
Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. (33.30-32).

O povo senta-se, ouve e desfruta a Palavra de Deus, a seguir, ignora-a! Ele fazia todos os rituais de adoração a Deus, mas o coração era devotado aos ídolos.
Em suma, o povo de Israel tentava acreditar na prosperidade de sua terra, na estabilidade política da linha davídica e até no próprio Templo, mas o tempo todo ignorava a Palavra de Deus. Portanto, nenhuma dessas coisas o salvaria. Que isso seja um aviso para nós!
Também hoje, nenhuma dessas coisas funciona como objeto de nossa crença. Nenhuma properidade, estabilidade política ou religiosidade. Nem mesmo sentar e desfrutar da pregação da Palavra do Senhor. O Senhor por intermédio de Ezequiel, ensina-nos que nenhuma dessas coisas nos salvará.
Hoje, o reavivamento tornou-se um tema comum entre os cristãos. Contudo, os reavivamentos nunca aconteceram porque o povo falou sobre ele. Todavia, os reavivamentos verdadeiros aconteceram apenas quando o povo adquiriu a noção certa de Deus, de sua majestade e de senso de responsabilidade diante desse Deus. Cresceu em sua consciência de seus pecados. Desenvolveu-se na compreensão da obra de Cristo na cruz. Cresceu no entendimento do chamado a crer apenas em Cristo.
UMA VISÃO DA VINDA DE DEUS E A PROMESSA DO PARAÍSO

A ultima seção da profecia de Ezequiel apresenta as mais famosas visões de esperança. No capítulo 36, lemos sobre a promessa extraordinária de Deus de reunir um povo de todas as nações para si mesmo, de purificar esse povo de suas impurezas e de seus ídolos, de substituir o coração de pedra por um de carne e de garantir-lhe que seu Espírito moverá este povo a seguir os caminhos Dele e a guardar seus mandamentos (36.24-28).
Capítulo 37, vemos como isso será feito por meio da visão extraordinária de ezequiel do vale dos ossos secos. Ezequiel prega a Palavra do Senhor, e os ossos voltam à vida!
Os capítulos 40-48 apresentam a última grande série de visões do livro, nas quais Deus mostra a Ezequiel o novo Templo. O primeiro Templo fora destruído na invasão da babilônia após a retirada de Deus.
Algumas pessoas consideram essa visão final o novo Templo maçante que tumultua o texto bíblico e confunde nossa mente, à semelhança do que ocorre em apocalipse. Talvez alguém até tenha a tentação de ver as descrições desse Templo apenas mais como esboços arquitetônicos/ teológicos de um sacerdote sem função na babilônia e sem nada melhor para fazer.
Essa não é uma obsessão pessoal de Ezequiel. Ao contrário, Deus disse ao profeta:

Disse-me o homem: Filho do homem, vê com os próprios olhos, ouve com os próprios ouvidos; e põe no coração tudo quanto eu te mostrar, porque para isso foste trazido para aqui; anuncia, pois, à casa de Israel tudo quanto estás vendo. (40.4).

Na verdade, esse é ponto culminante de todo o livro. É mais provável que os ouvintes de Ezequiel tenham se encantado com essa visão e essa promessa de purificação e de renovação completas. Acima de tudo, o pedido de Deus para estar com seu povo, arrebataria a atenção dos ouvintes de Ezequiel.
Capítulo 43, a visão do retorno de Deus ao Templo reconstruído versa sobre isso. Da mesma forma que nos capítulos 10-11, viu o Senhor partir do Templo, Ezequiel, agora, assiste o retorno:

Então, o homem me levou à porta, à porta que olha para o oriente.
E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.
O aspecto da visão que tive era como o da visão que eu tivera, quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que tive junto ao rio Quebar; e me prostrei, rosto em terra.
A glória do SENHOR entrou no templo pela porta que olha para o oriente.
O Espírito me levantou e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR enchia o templo.
(43.1-5).

Ezequiel profetizou que os exilados voltariam para sua terra, e,aqui, prometeu que o Templo que havia acabado seria reconstruído e ficaria cheio com a presença de Deus. O Senhor estaria com seu povo de novo. Inúmeras bênçãos fluíram da presença e do governo renovados de Deus, da mesma forma que um rio fluiria do novo Templo. (47).
O propósito dessa visão do Templo é salientar a restauração do relacionamento de Deus com seu povo. Portanto, o versículo final do livro é uma declaração apropriada: “E o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor Está ali” (48.35b). O livro deixa-nos a imagem de Deus estar sempre com seu povo.
O livro de Esdras relata que os exilados voltaram à terra prometida e reconstruíram o Templo, porém, não há registros de que a glória do Senhor encheu o santuário como fez na consagração feita por Salomão, do primeiro Templo. Contudo, séculos mais tarde, o próprio Emanuel entraria nos arredores do Templo, em Jerusalém. E em apocalipse, na visão final da Cidade Santa, a comunhão com Deus torna-se mais intima á medida que o povo do Senhor celbra não só na presença Dele, por mais maravilhoso que isso seja, mas também com uma visão total Dele e com o habitar para sempre com Ele!
Ezequiel encerra com a esperança gloriosa do Paraíso. Promete-se a cada tribo um pedaço de terra renovada, terra essa que parece apontar para algo alpem do que Esdras e Neemias encontraram ao retornar. Uma terra pela qual ainda esperamos.
Porque Deus ofereceria essa esperança renovada a seu povo infiel? Acima de tudo, Deus promete mudar seu povo e restaurá0lo para si mesmo por causa do seu próprio nome:

Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes.
Vindicarei a santidade do meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a minha santidade perante elas. (36.22,23).

Como Deus pode restaurar pecadores para si mesmo? Afinal, Ele é santo. Como é capaz de desconsiderar pecados abomináveis e trazer pecadores à sua presença? Bem, Ezequiel traz uma luz para a resposta a essa pergunta, mas vemos que Deus não simplesmente desconsiderará a transgressão, antes, lidará e essa expressão simboliza – quando ele se deita sobre seu lado (4.4-6) – o carregar o pecado sobre seu corpo. E no capítulo 16, Deus promete um tempo de reconciliação para o infiel Israel (16.63).
Deus também diz que chegará o dia em que os pastores imprestáveis serão julgados e, chamando o povo de ovelhas, diz que levantará “sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as há de apascentar; ele lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, lhe serei por Deus, e o meu Servo Davi será príncipe no meio delas” 34.23,24. Nesse dia, Ele também fará um concerto de paz com seu povo 34.25. quem seria esse pastor vindouro? Jesus Cristo, que veio e deu a vida por suas ovelhas (jo 10.15). Jesus, ao oferecer-se na cruz, pagou pelos pecados de todos que se arrependem e Nele crÊem. Assim trouxe paz a todos os rebeldes prontos a se entregarem a Ele. Ofereceu misericórdia aos pecadores que querem morrer para o pecado e sabem que não podem fazer nada para conseguir perdão para si mesmos. Apenas por intermédio de Cristo, podemos nos reconciliar com o Pai.
segunda-feira, 5 de abril de 2010

Poder Absoluto


Tomando o exemplo da morte de Sócrates, por causa da sua Filosofia, acerca da razão. A Filosofia foi considerada um problema para aqueles que estão no Poder.

É interessante que aquele que está no poder, além de não gostar de ser contrariado, ele não pode ser contrariado, pois, ele pensa que tem um controle remoto em suas mãos, (controle chamado poder), e esse poder absoluto em muitas vezes é utilizado sem justiça, manipulando a vida das pessoas. E quando alguém argumenta conceitos e idéias diferentes de seus princípios, colocando em dúvida toda a sua tradição, ele se sente amedrontado com a perca de sua autoridade. E na maioria das vezes os autoritários abafam aqueles que questionam.

O que temos que entender, é, que só DEus é que tem todo o poder, e Ele utiliza esse Poder, com Justiça, e usa essa Justiça com Amor.