segunda-feira, 11 de julho de 2011

Lição 02 – Atos dos Apóstolos

Autoria: A tradição diz que Lucas escreveu o Evangelho que leva seu nome e o livro de Atos dos Apóstolos. Lucas é o único autor não-judeu do NT. Na verdade, os dois livros são as duas partes de uma obra maior, pois o comprimento máximo do rolo é de 10 ½ metros e o comprimento de Lucas em grego naquela época preenchia os 10 ½ metros , então os estudiosos acreditam que foram separadas quando os Evangelhos foram reunidos em um volume, e o Evangelho de João foi inserido entre as duas partes da obra. Além das similaridades no uso de palavras e no estilo da escrita, os dois livros são endereçados a Teófilo, talvez o rico patrono grego de Lucas ou um romano sofisticado e culto que já tinha certo conhecimento do cristianismo (Lc 1. 1-4).. O Evangelho de Lucas começa com estas palavras: “igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído”. (Lc 1.3-4). O livro de Atos dos Apóstolos segue no mesmo passo: “Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas”. (At 1.1,2).

Gênero: História. É a primeira história escrita da Igreja, embora abranja um período de cerca de apenas trinta anos (30 – 62 d.C). Atos é o único livro do gênero no NT. Como as histórias do AT, é mais que um simples livro de história. Atos é a história da salvação. O propósito divino de salvar o mundo, revelando gradualmente no AT e cumprido em Jesus, teve continuidade na missão da Igreja.
O Evangelho de Lucas apresenta o relato do nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus. O livro de Atos fornece o relato de Lucas sobre o que aconteceu a seguir na história: A ressurreição de Jesus foi recebida com choque por seus seguidores, seguida por uma onda de excitação. À medida que o autor do Evangelho de Lucas prossegue em sua história cuidadosamente pesquisada, ele captura o início do fogo de uma chama que brilhava intensamente em Jerusalém, Jesus ascendeu ao céu, e os apóstolos lideraram a igreja em seus primeiros dias e em seu crescimento inicial e então se espalhou rapidamente por todo o Império Romano.

Data: Nenhuma datação é segura são diversas as sugestões para a data de Atos. Uma data antes de 70 d.C. é a mais plausível; sendo 62 ou 63 d.C., com Paulo ainda na prisão, a mais provável. Uma data posterior a 70 d.C. não é impossível nem incompatível com as distintivas e erudição evangélicas.

Estrutura: O livro de Atos tem 28 capítulos. Os capítulos 1 – 12 compreendem, aproximadamente, a primeira metade do livro. Eles destacam principalmente Jerusalém e suas cercanias. Os capítulos 13 – 28, a segunda metade do livro, segue com o ministério de Paulo em suas três viagens missionárias através das regiões que hoje chamamos de Turquia, Grécia e Itália. È uma história maravilhosa e estimulante.

Uma Exposição Teológica e Homilética de Atos dos Apóstolos

A mensagem sobre Jesus
Talvez Atenas seja conhecida como o centro do aprendizado no mundo antigo, mas Lucas descreve a cidade como cheia de pessoas que “de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de dizer e ouvir alguma novidade” (At 17.21).

Testemunha da Mensagem

O livro Atos dos Apóstolos é um importante testemunho para nos ajudar a discernir a essência da mensagem do cristianismo porque fornece relatos de muitas das primeiras declarações a respeito de Jesus. Você pode dizer que Atos dos Apóstolos tem 42 “testemunhos” do evangelho. Há dez sermões que defino, no mínimo, como diversas sentenças sucessivas da pregação de alguém (Pedro fez cinco sermões, Paulo fez quatro, e Estevão fez um).[1] Há trinta resumos de pregações.[2] E há dois comissionamentos dados por Jesus.[3] Parcialmente sobrepostas a esses 42 testemunhos estão as descrições do cristianismo fornecidas pelos seus oponentes. Os judeus acreditavam que os cristãos pregavam contra o Templo, a lei, seus costumes e a circuncisão.[4] Os filósofos gregos sugeriram que a mensagem cristã dizia respeito a deuses estranhos (17.28). E os artesãos de prata e manufatores de ídolos gregos viam no cristianismo não só o “perigo de que a profissão deles caíssem em descrédito, mas também de que o próprio templo da grande Diana fosse estimado em nada” (19.27).
Do começo ao fim do livro, os apóstolos demonstram habilidade em apresentar o evangelho em uma incrível diversidade de formas, mas sempre apontando para o mesmo evangelho. Ao pregar para os filósofos gregos, em Atenas, Paulo argumenta a partir da base da experiência e do raciocínio deles. Ele não menciona a Escritura, ele começa com a criação e raciocina a partir daí (17.22,23, 24-29). Os apóstolos, ao falar às multidões judaicas de Jerusalém ou nas sinagogas do mundo mediterrâneo, começam pelo relato da história do Antigo Testamento (7.2-50; 13.17-22) ou pela argumentação de que as profecias da Escritura foram cumpridas no tempo deles.

Essência da Mensagem

É sobre Jesus. Isso é exatamente o que Jesus comissionou a seus discípulos, no capítulo I, e Paulo, no Capítulo 9, a fazer – ir a todo o mundo e dar testemunho de sua vida, morte e ressurreição.

A vida de Jesus. Pregavam sobre a vida de Jesus (2.22; 10. 37-39; 19.24,25).

A morte de Jesus. Esses cristãos primitivos falam sobre a morte e a ressurreição de Jesus! Muitas vezes, eles referem-se a sua morte e à relevância dela. Eles não tentavam ganhar pessoas com endossos entusiasmados da vida de Jesus: “Ele foi o maior desde Shimei”, nem: “O profeta mais profundo desde Malaquias”. Na verdade, eles são sinceros e honestos em relação ao fato de que os ensinamentos e os pronunciametos públicos de Jesus, com muita freqüência, eram rejeitados (4.11).
Essas testemunhas primitivas não só se referiam muitas vezes à morte de Cristo; mas diziam, por várias vezes, enquanto tentavam ganhar judeus para o cristianismo, o seguinte: “.... a quem vós crucificastes” (2.36; 3.13,15; 4.10; 5.30; 7.52). Esses primeiros pregadores não mediram esforços. Eles dizem que a terrível morte de Jesus cumpriu a profecia do AT de que o povo de Deus rejeitaria aquEle que Ele enviaria. Estevão apresenta esse ponto de forma contundente em seu sermão (7.35,39-43, 51,52). E embora, para muitos, o sofrimento de Jesus deve ter sido uma pedra de tropeço para crer em seu messiado, esses pregadores, na verdade, usam o sofrimento de Jesus como evidência de seu messiado (3.18; 8.32; 13.27-29; 17.2,3; 26.22,23).

A ressurreição de Jesus. Eles pregavam constantemente, que Jesus ressuscitou da morte. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. (4.33). Conforme observamos, foi isso que Jesus disse para eles fazerem. Antes de ascender, Ele disse: mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. (1.8). Os apóstolos, ao tomar providências para substituir Judas, procuraram alguém que “um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição”. (1.22).
Afinal, a ressurreição de Jesus prova, sem sombra de dúvida, de que Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, o Messias, o Cristo, o Prometido. È digno de nota que um dos argumentos mais fortes para a ressurreição é o fato de que esses cristãos primitivos podiam supor que os não-cristãos acreditavam na ressurreição.

Relevância da Mensagem

A grande pergunta em relação à ressurreição é: o que ela representa? Ela representa de que em Jesus, Deus cumpriu suas antigas promessas, ou seja, aquEla que trouxe a salvação (4.12; 5.31; 13.23,26; 15.11) E Ele retornará como Juiz do vivo e do morto (10.42; 17.31; 24.25).
O mesmo é verdade para nós hoje. Os cristãos primitivos apresentam-nos esta mensagem: ou seus pecados são eliminados por Jesus, ou você é eliminado por seus pecados. Não há salvação em ninguém a não ser nEle.
Como esses cristãos primitivos diziam que alcançamos a bênção da salvação?
Precisamos nos arrepender, crer e ser batizados, o tempo todo invocando o nome de Cristo (2.21; 8.12; 10. 43; 22.16). Eles dizem afasta-se de seus pecados e volte-se para Deus, tenha fé nEle e no que Ele fez em Cristo e seja batizado como purificação e confissão simbólicas. É isso que os cristãos primitivos querem dizer, conforme expressa Paulo com estas palavras: “Dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (20.24).

Objetivo da Mensagem

Em atos, os apóstolos não permitem que ninguém mais seja adorado como Deus a não ser Jesus. Pedro não deixa que o foco sobre Jesus seja deslocado: “Aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem”. (10. 25,26). Nem Paulo e Barnabé deixam isso acontecer:

Em Listra, costumava estar assentado certo homem aleijado, paralítico desde o seu nascimento, o qual jamais pudera andar. Esse homem ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que possuía fé para ser curado, disse-lhe em alta voz: Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava. Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões. Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios. (14. 8-18).

Mas observe como essa adoração é inconstante: Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e Icônio e, instigando as multidões e apedrejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto. (14.19). No espaço de um versículo, a multidão muda da postura de adoração para a atividade de apedrejar. Pedro, Paulo e Barnabé sabem quem não são o salvador nem a promessa de salvação – só Jesus o é.
Qual é mensagem dos cristãos primitivos? Quais são as Boas Novas deles? É a mesma mensagem que nós, evangélicos, pregamos. Conforme Paulo diz aos romanos, nós pecamos e ficamos aquém da glória de Deus (3.23). Mas Deus, em seu grande amor, em Cristo, vestiu a carne humana e morreu na cruz no nosso lugar. Ele tomou sobre si a merecida ira do Pai por causa dos nossos pecados. Depois, Deus, ao ressuscitar Jesus, derrotou a morte e o pecado. Agora, Jesus convida-nos à novidade de vida e ao perdão dos pecados por meio do arrependimento e da confiança nEle. Essa é a mensagem transmitida, há mais de 1.900 anos por esses cristãos primitivos, no livro de Atos dos Apóstolos.

Notas:
1. De Pedro: 2.22-39; 3.12-26; 4.8-12; 5.29-32; 10.36-43; de Paulo: 13.15-41; 17.22-31; 22; 26.2-23; de Estevão 7. 2-53.
2. 4.33; 5.28; 5.42; 6. 13,14; 7. 52,53; 8.12; 8.30-36; 9.20,22; 15.11; 17.8a; 17.8b; 18.5; 18.13; 18.15; 18.28; 19.26; 20.21,24,25,27; 21.19-21; 21.28; 23.29; 24.5,6; 25.19; 26.6-9,18,20,22,23; 28.23; 28.31.
3. Para os apóstolos em 1.8; para Paulo em 9.15.
4. 6.13,14; 18.13,15,28,29; 21.21; 24.6.

Lição 01 - Os Evangelhos (Biografia): Mateus, Marcos, Lucas e João.

O material literário encontrado nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), oferece com simplicidade e profunda beleza, uma narrativa em linguagem comum as atividades, os atos e as palavras do Senhor Jesus.

A Questão Sinótica

O termo sinótico sugere (de sin, “junto com”, e ótico, “uma visão”; assim, “uma visão conjunta”), Mateus, Marcos e Lucas fornecem uma apresentação de Jesus e de seu ministério que têm muito em comum. Estas características os separam do Evangelho de acordo com João, no qual a maior parte do material é peculiar a si mesmo. Nos sinóticos, o ministério público de Jesus é precedido por João Batista, o batismo e a tentação de nosso Senhor. O ministério em si é retratado como ocorrendo principalmente na Galiléia, consistindo das atividades de Jesus de ensino e cura, geralmente em termos de grandes aglomerações de pessoas, enquanto caminhava por vários lugares na companhia de seus discípulos. O clímax acontece na viagem a Jerusalém e nos eventos da paixão e ressurreição.

Comparativos sinóticos


João Batista o precursor – Mt 3.1-12, Mt 1. 1-8, Lc 3.1-20
Jesus é batizado no Jordão – Mt 3. 13-17, Mc 1.9-11, Lc 3. 21-22
Jesus vai ao deserto para ser tentado – Mt 4. 1-11, Mc 1. 12-13, Lc 4. 1-13
O ministério na Galiléia duração 2 anos – Mt 4.12; 19.1, Mc 1.14; 10.1, Lc 4.14; 9.51
O ministério na Peréia e o fim do ministério na Judéia duração 4 meses – Mt 19.20, Mc 10, Lc 9.51; 19.28
A semana da crucificação Mt 21-27, Mc 11; 15, Lc 19.29; 24.1
Ministério pós ressurreição Mt 28, Mc 16, Lc 24

Autoria: Todos os quatro Evangelhos são anônimos, eles não levam o nome dos autores. No entanto, a tradição da igreja primitiva os atribui respectivamente a Mateus, Marcos, Lucas e João.



O Evangelho de Mateus


Mateus era judeu (publicano, coletor de impostos, odiado como traidor e ladrão), e escreveu principalmente para esse povo. Ele respondeu o tipo de pergunta que uma pessoa judia faria a Jesus de Nazaré. Por exemplo, os judeus desejariam saber se Jesus era realmente da linhagem de Davi, para ter certeza de que Ele era o legitimo rei de Israel. Desejariam saber que relação Jesus teve com a lei e os profetas. Ele confirmou a lei? Cumpriu as profecias do AT concernentes ao Messias? Para responder estas perguntas, Mateus traça a genealogia de Jesus, da qual Davi faz parte, a partir da linhagem legal de José, o pai adotivo. Mateus constantemente citava as Escrituras do AT para provar que Jesus era o Messias prometido, e se empenhou em mostrar que Cristo viera para estabelecer um reino.

O Evangelho de Marcos

A antiga tradição a Igreja atribui este evangelho a João Marcos “parente de Barnabé”, (At 15.37; Cl 4.10; 1 Pe 5.13), do qual se diz haver recebido a informação de Pedro. Foi escrito principalmente para os romanos, apresenta Cristo como o Servo de Jeová. É curto, preciso e foi escrito na língua grega vulgar do mercado de escravos. Seu foco estava nas ações de Jesus e não em suas declarações, porque ele desejava impressionar os metódicos romanos que Jesus era essencialmente homem de ação. O vocábulo logo é palavra-chave em Marcos. Coisas que são de interesse a um servo sobressaem no Evangelho de Marcos: vestes, comida, utensílios, serviço, comercio, barco, pesca e animais. É um evangelho realista.

O Evangelho de Lucas

Lucas era grego, médico de profissão, companheiro chegado do apóstolo Paulo e estudioso. Seu Evangelho, especialmente escrito para os gregos, apresenta o Senhor Jesus como o Homem perfeito e o faz com simplicidade e dignidade. Lucas nos fala que ele examinou todos os fatos cuidadosamente antes de começar a escrever. Ele traçou a genealogia do Senhor Jesus, chegando a Adão, o primeiro homem, e mostrando-nos que Jesus é “o ultimo Adão” e “o segundo homem”. Seu Evangelho prende o individuo, porque está cheio de interesses humano; lida com a paixão e o perdão; ressalta a solicitude de Jesus para com os necessitados. Lucas nos mostrou Jesus como o Salvador de pecadores. Seu versículo – chave, típico da simplicidade do estilo de Lucas é: “Porque o Filho do Homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido” (19.10).

Uma Exposição Teológica e Homilética do Evangelho de João

A Mensagem de João: Jesus, o Filho de Deus


Muitos estudiosos propuseram que Jesus era meramente humano, talvez um ser humano extraordinário, mas meramente humano.

Introdução:
Não tem problema algum ter perguntas a respeito de quem é Jesus. Os próprios contemporâneos de Jesus fizeram esse tipo de pergunta. Por exemplo, em João 7, lemos: “Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então, subiu ele também não manifestamente, mas como em oculto. Ora, os judeus procuravam-no na festa e diziam: Onde está ele? E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não; antes, engana o povo” (7.10-12). As opiniões na época de Jesus, como hoje, variavam muitíssimo.
No entanto, a fim de encontrar a resposta certa para quem é Jesus, voltamos mais uma vez à fonte original, o relato de alguém que viveu mais próximo do tempo de Jesus. Voltemo-nos para o Evangelho de João. Os cristãos acreditam tradicionalmente que ele foi escrito por João: “Aquele a quem Jesus amava” (13.23; 19.26;21.7;21.20). A primeira metade do Evangelho é sobre o ensino e o ministério de Jesus, levando à sua semana final em Jerusalém (1.19-12.10). A segunda metade do Evangelho é devotada à semana final em Jerusalém, incluindo a morte e a ressurreição dEle (12.12 – 20.31).
Todos os quatro Evangelhos destacam a identidade de Jesus, mas João, em especial, faz isso. Parece que toda vez que Jesus fala, Ele fala sobre si mesmo, a razão por que veio ao mundo, o que fará pelos que crêem nEle.

Por que João escreveu esse livro?

No fim do capítulo 20, ele conta-nos o motivo de ter feito isso, no que pode ser descrito como os versículos-tema do Evangelho de João:

Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. (Jo 20.30,31).

No que devemos Crer

“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). “Cristo” é a palavra grega para “Messias”, e o Evangelho de João, como os outros, apresenta Jesus como Aquele que cumpre a promessa da vinda do Messias feita no Antigo Testamento. Conforme a passagem 20.31 diz: “Jesus é o Cristo”. O cerne da mensagem do Evangelho de João é a mensagem de quem o Messias é, e de o que Ele veio fazer:

Quem É o Messias

Quando Jesus ensinou quem Ele é, as pessoas reagiram de forma vigorosa. Muitos de seus contemporâneos não só rejeitaram os ensinamentos dEle, mas rejeitaram de forma violenta. É irônico que tantos livros atuais se refiram a Jesus de forma agradável. Um chama-o de principal modelo de administrador executivo. Outro o chama de reflexo de Deus. John Méier chama-o de leigo galileu “insuportavelmente comum”. No entanto, muitos daqueles que realmente conheceram a Jesus – os que andaram com Ele e que o ouviram ensinar – não o percebem como leigo comum, um modelo de homem de negócios nem como um mero reflexo do caráter de Deus. Eles o odiavam.
João descreve o que as pessoas falavam de Jesus: Elas ofendiam-se com Ele (2.12-25; 6.61). Elas reclamavam da provisão de pão, como os israelitas reclamaram no deserto da provisão de maná feita pelo Senhor (6.41,61). Alguns discípulos de Jesus o abandonaram (6.66). Os próprios irmãos de Jesus não criam nEle (7.5). Algumas pessoas o chamavam de mentiroso (7.12,47). Ou que estava endemoninhado (7.20; 8.48,52; 10.20), ou que era louco (10.20). Eles tramaram para tirar a vida dele (11.53,57). Eles atormentavam seus discípulos (9.22; 12.42; 16.2). Eles até mesmo tentaram matar Lázaro depois que Jesus o ressuscitou! (12.10,11). No fim, claro que Jesus foi traído, preso, amarrado, abandonado, negado, interrogado, golpeado, açoitado, zombado, coroado com espinhos, expostos como o centro do que equivalia a um linchamento e crucificado, levando-o a sufocar-se até a morte. João, prevendo de forma sutil a reação que muitos teriam a Jesus, introduz seu livro escrevendo: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (1.11).
Em suma, no Evangelho de João, a fúria que advém em torno de Jesus parece ser o resultado de como Ele descreveu seu relacionamento com Deus: Ele apresentou-se, de forma ímpar, como Filho de Deus.
Desde o inicio de seu ministério público, Jesus foi rodeado por indivíduos que reconheciam sua condição singular. João Batista (não o autor do Evangelho) testemunhou a descida do Espírito Santo sobre Jesus e disse: “E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus” (1.34). Quando Natanael conheceu Jesus, ficou surpreso com o íntimo conhecimento que Jesus tinha dele e disse: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei e Israel” (1.49).
Na célebre passagem 3.16, Jesus mesmo disse a Nicodemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mais tenha a vida eterna”. Fica claro que Jesus percebia sua filiação como única, Ele é o Filho unigênito de Deus. E Ele percebia-se como especialmente enviado por Deus: “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (3.17).

Jesus disse a alguns de seus compatriotas:

Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. (5.25,26).

Afirmação essa considerada herética, blasfema e perigosa pelos judeus. “Responderam-lhe os judeus: nós temos uma lei, e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus” (19.7).

Jesus não usa essa linguagem para dizer que Ele é secundário ao Pai ou criado pelo Pai. Ele usa essa linguagem de forma oposta a essa – para associar Ele mesmo a Deus em sua exata natureza, como se dissesse. “Sou da mesma essência, da mesma natureza, de Deus”. Observamos, isso, em especial, nos célebres ditos “Eu sou” do Evangelho de João: “Eu sou a videira verdadeira” (15.1,5); “Eu sou o bom Pastor” (10.7,9); Eu sou o caminho” (14.6) e assim por diante. Deus falou com Moisés na sarça ardente: “Eu Sou o Que Sou” (ex 3.14). E observe o que Jesus disse no final de uma conversa exaltada: “Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58). As pessoas que o ouviam sabiam exatamente o que Ele estava dizendo. Você sabe pela reação delas: “Então, pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou” (8.59).
Contudo, Jesus foi criado em uma cultura que entendia muitas verdades que nossa cultura não entende, e uma dessas verdades é a grande distinção entre Deus, o Criador do universo, e nós, as criaturas desse universo. Foi no contexto dessa cultura que Jesus afirmou ser igual a Deus. Observe, no Capítulo 5, a afirmação dEle e a resposta das pessoas:

Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.
Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. (5.17,18).

Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar.
Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais?
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (10. 30-33).

Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. (14.6,7).

O discipulo Filipe, sem aprender o sentido, fala:

Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (14.8,9).

Pelo fato de Jesus ser Deus, João pode registrar de forma inabalável a adoração de Jesus como Deus. Um cego a quem Jesus curou, adorou-o (9.38), assim como Tomé, que antes duvidara: “Senhor meu, e Deus meu!” (20.28) E Jesus aceitou atos de adoração. É claro que João já dissera o quanto antes, no primeiro versículo de seu evangelho: “No principio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (1.1).

O Que Jesus Veio Fazer

Prover o Sacrifício para a salvação dos Pecadores. O principal motivo para Jesus vir é para salvar os pecadores. Conforme Ele diz: “eu vim não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (12.47). E Ele veio para salvar o mundo agindo como a provisão de Deus para os pecados do mundo.
Jesus veio como provisão de Deus, para a salvação dos pecadores.
Como especificamente a provisão de Deus em Cristo salva a humanidade pecadora? João Batista aponta a resposta logo no inicio do evangelho: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (1.29). Jesus é o sacrifício da Páscoa que é morto no lugar dos seres humanos pecadores. A seguir, Jesus diz no capítulo 6: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida Eterna, e eu ressuscitarei no último Dia” (6.53,54). Jesus não pretende dizer para seus discípulos agarrarem seu braço e começarem a mastigá-lo. Antes, ele pretende dizer que seu sangue será derramado e seu corpo quebrado quando for levantado na cruz. E os pecadores devem colocar sua confiança e sua fé em seu sacrifício vicário.

Escola Bíblica Dominical - Introdução

Escola Bíblica Dominical

Vou está inserindo aqui no Blog Restaurando as Veredas, o material que iremos utilizar neste semestre em nossa EBD.


Introdução

No Novo Testamento, de que tipo de escrita se trata? Qual é o seu gênero literário?
Os evangelhos são os primeiros quatro livros do NT, e seu gênero é biográfico. São quatro relatos complementares sobre a vida de Jesus, cada um de um autor diferente e com um propósito especifico.
O livro histórico do NT é Atos dos apóstolos, que vem após os evangelhos, é a segunda parte da história de Lucas. Esta obra conta como os primeiros seguidores de Jesus difundiram as boas novas do que ele havia feito, começando em Jerusalém e na província da Judéia e passando para o contexto mais amplo do oriente grego e do Império Romano.
Depois de Atos vêm as cartas ou Epístolas. Treze delas trazem o nome do apóstolo Paulo. As demais foram escritas por outros seguidores próximos de Jesus. A maioria foi escrita para as igrejas cristãs fundadas havia pouco tempo em diferentes lugares. Nelas, são esclarecidas dúvidas, são dadas maiores explicações a respeito do que Jesus fez, e mostra-se como a nova fé pode ser colocada em prática no dia a dia.
O ultimo livro do NT é o Apocalipse. Ele pertence a um tipo especial de literatura denominada “Profecia” e lança o seu olhar para frente, para o triunfo final de Deus sobre o mal. Neste sentido, serve de incentivo para cristãos que vivem em tempos difíceis.

O que é o Novo Testamento?

O Novo Testamento, como o Antigo, é uma coleção de livros. São 27 livros e cartas escritas num período de cerca de 50 anos, em estilos diferentes, por vários autores, no primeiro século depois de Cristo, a época do império Romano.
O AT conta a história de muitas pessoas, mas essencialmente é a história do povo de Israel. O NT destaca uma pessoa em especial, alguém que era membro daquele mesmo povo: Jesus Cristo.
A palavra “testamento” significa “aliança”. O AT trata da aliança entre Deus e o povo de Israel. Deus escolheu este povo para, através dele, abençoar o mundo todo. Em resposta ao amor e cuidado de Deus, e para cumprir seus propósitos, os membros desse povo deviam obedecer às leis de Deus e ser fiéis a ele.
Mas sempre de novo eles falharam. E assim seus profetas começaram falar sobre uma nova aliança, que as pessoas manteriam porque estaria “escrita em seus corações”. Não mais algo externo, mas uma nova vida interior.
Foi esta nova aliança que, segundo os cristãos, Jesus tornou possível através da sua vida, morte e ressurreição. Através de Jesus, Deus oferece o dom da nova vida, uma participação na vida do próprio Deus, agora e para sempre. Esta “oferta especial” não é apenas para uma nação, mas para todas as pessoas do mundo, todos aqueles que estiverem dispostos a recebê-la.
É por isso que a mensagem cristã é chamada de “boas novas” (um evangelho). O termo grego. evangelion, significa “boas novas”, tornou-se um termo técnico para a mensagem essencial da salvação.
A verdade central do Evangelho é que Deus forneceu um modo de salvação para os homens ao dar seu Filho para o mundo.

“Os evangelhos contam a história de Jesus não apenas para nos relatar fatos interessantes sobre um personagem histórico. Eles a contam para que possamos descobrir as boas novas de como Jesus pode causar em nós um impacto que transforme a nossa vida!”

Stephen Travis