domingo, 31 de janeiro de 2010

Seus sofrimentos são uma mensagem para você


William Gouge (1575-1653)

Nos últimos anos de vida, a saúde do pastor puritano William Gouge piorou gradualmente. Ele usava seu sofrimento como uuma oportunidade para acalmar sua alma ao refletir sobre a graça do Senhor. William Geoge, mesmo em meio às febres e aos ataques mais violentos, respondia: "Bem, em tudo isso não há nada do inferno ou da ira de Deus". A biografia desse homem relata:

O sofrimento dele nunca era tão profundo que não pudesse ver o seu fundamento e dizer: "Alma, aquiete-se, seja paciente. Foi seu Deus e seu Pai quem lhe ordenou essa condição. você é o barro Dele. e Ele pode pisá-lo e esmagá-lo como lhe agradar. Você merecia muito mais que isso. É suficiente que você esteja fora do inferno. Embora sua dor seja pesada, ainda é tolerável. Seu Deus lhe dá alguns intervalos. Ele usará isso para o seu bem e, no fim, acabará com isso tudo: não podemos esperar nenhuma dessas coisas no inferno".
A biografia dele conclui: "Suas aflições contribuíram muito para o exercício da sua graça".
Amigo, não se torne amargo nem se deixe endurecer por seu sofrimento e suas perdas. Use seu sofrimento como uma oportunidade para enxergar seu pecado e para se tornar humilde por meio da Palavra de Deus.

Seus sofrimentos são uma mensagem para você. Não os despreze nem os desperdice. Tome-os como uma oportunidade de aperfeiçoamento e de disciplina.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Combata o Bom Combate


Combata o Bom Combate


por Vincent Cheung

Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas. Diante de Deus, que a tudo dá vida, e de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos fez a boa confissão, eu lhe recomendo: Guarde este mandamento imaculado e irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém. (1 Timóteo 6.11-16)


A vida cristã é um combate. Ora, um cristão pode lutar com dúvidas, temores, cobiças, perplexidades doutrinárias, e coisas semelhantes, e falando de um modo geral, isso faz parte da luta na qual todo crente se engaja. Ela tem a ver com o crescimento pessoal do indivíduo no conhecimento e na santificação. Mas nossa passagem está falando sobre o combate “da fé”, sobre a religião cristã como um sistema de pensamento e uma forma de vida, e seu progresso e proeminência no mundo. A passagem refere-se ao aspecto objetivo e público do combate.

A própria carta nos diz o que está envolvido neste combate. Paulo diz a Timóteo para “ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas”. Ele instrui os crentes a fazer orações e intercessões por todos os tipos de pessoas, incluindo aqueles em autoridade, de forma que possamos viver vidas pacíficas e tranquilas. Ele apresenta princípios para a seleção de presbíteros e diáconos. Adverte contra as doutrinas de demônios. Ele exorta Timóteo a entregar-se inteiramente à sua vida e doutrina. Seu progresso deve ter um efeito público. Paulo dá instruções sobre caridade, e aqui o combate é contra a negligência de viúvas por parentes, e contras viúvas ímpias reivindicando sustento por parte da igreja. Os presbíteros que realizam bem o seu trabalho devem ser bem pagos, especialmente aqueles cujo trabalho é pregar e ensinar, mas os presbíteros que pecam devem ser publicamente repreendidos.

O combate, portanto, é travado em favor “da fé” – para promover a sã doutrina, para estabelecer a ordem na igreja, para manter uma reputação excelente para o evangelho de Jesus Cristo, e para contra-atacar as influências más deste mundo. Há muita oposição contra a fé cristã. Há somente um caminho para Deus e para a salvação, mas o mundo inventa muitas alternativas para afastar as pessoas da verdade. Os não cristãos, ou ímpios, argumentam contra nós. Eles nos maltratam e nos perseguem. Eles tentam questionar cada um dos nossos esforços em dizer a verdade e praticar boas obras. Eles farão o que puderem para que comprometamos ou mesmo renunciemos a nossa fé. Combater pela fé significa que, mesmo em face de tudo isso, faremos “a boa confissão” e a sustentaremos.

Nosso modelo supremo é o Senhor Jesus Cristo, que fez “a boa confissão” quando testificou perante Pôncio Pilatos. Jesus disse que era um rei, que veio para este mundo a fim de testemunhar sobre a verdade, e que todos os que estão do lado da verdade o ouviriam (João 18.37). Como seus discípulos, mantemos essa mesma confissão perante a igreja e o mundo: Jesus Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Ele veio ao mundo e deu testemunho da verdade, e todos os que estão do lado da verdade ouvem o que ele disse. Na pregação da sua palavra, todos os que estão do lado da verdade concordarão e se submeterão, e todos os que não concordam e se submetem não estão do lado da verdade. Qualquer um que resista ao decreto do rei é um rebelde e um traidor. A penalidade é a execução. E sob o governo de Cristo, isso significa enxofre e o fogo do inferno.



Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto – Outubro/2009

http://www.vincentcheung.com/

A SOLUÇÃO: É CONFIAR EM DEUS


A SOLUÇÃO: É CONFIAR EM DEUS

Para essa vida de labuta, de crises, angústias, desesperos....

O único foco certo para a esperança do povo do Senhor é Ele e, por isso, apenas Ele é o objeto certo para a confiança deles.
No cap. 40, Isaias põe os ídolos lado a lado com Deus a fim de demonstrar a futilidade e a loucura de acreditar em qualquer outra coisa além do Senhor Eterno, o Criador dos confins da terra:

Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis com ele?
O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro e cadeias de prata forja para ela.
O sacerdote idólatra escolhe madeira que não se corrompe e busca um artífice perito para assentar uma imagem esculpida que não oscile.
Acaso, não sabeis? Porventura, não ouvis? Não vos tem sido anunciado desde o princípio? Ou não atentastes para os fundamentos da terra?
Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar;
é ele quem reduz a nada os príncipes e torna em nulidade os juízes da terra.
Mal foram plantados e semeados, mal se arraigou na terra o seu tronco, já se secam, quando um sopro passa por eles, e uma tempestade os leva como palha.
A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? - diz o Santo.
Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. (40.18-25,28)

Os ídolos em que confiavam não eram nada em comparação com o Deus verdadeiro!
A ocasião em que Isaias teve sua grande visão de Deus não foi um acaso. Isaias pôde ver o verdadeiro Rei, sentado no alto e levantado, quando o rei em quem o povo confiava morreu:

No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.
Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava.
E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. (6.1-4).

Esse é aquele em quem o povo do Senhor sempre deveria ter confiado. Nunca deveriam ter confiado em um líder político como Uzias, por mais devoto que ele fosse. Afinal, ele morreu! Esse fato não é insignificante. Deus chamou-os a confiar apenas Nele e usou Isaias para mostrar-lhe que Ele, e somente Ele, era digno da confiança do povo.


CONFIAR NO JULGAMENTO VINDOURO DE DEUS

Ele julgaria seu povo e as nações. Grande parte desse livro apresenta oráculos que prometem o julgamento de Deus. Isaias alerta:
“Porque será o dia da vingança do Senhor” (34.8). 13-24, Isaias promete o julgamento de Deus sobre uma nação após a outra. No cap 13, o barulho da ira de Deus chega à Babilônia. Ela ressoa na Assíria, em Moabe, em Damasco, na Etiópia, no Egito e, nos capítulos seguintes, de novo, na Babilônia, em Edom e na Arábia. No cap.23, é a vez de Tiro ouvir. E no cap.24, essa visão da tempestade do julgamento do Senhor alcança sua catástrofe final.

Eis que o SENHOR vai devastar e desolar a terra, vai transtornar a sua superfície e lhe dispersar os moradores.
Isaías 24:2 O que suceder ao povo sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua dona; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma emprestado; ao credor, como ao devedor.
Isaías 24:3 A terra será de todo devastada e totalmente saqueada, porque o SENHOR é quem proferiu esta palavra. (24.1-3)

Quem é que julga as suas causas é o homem ou é Deus?

CONFIAR NA LIBERTAÇÃO E NA SALVAÇÃO VINDOURAS DE DEUS

Deus deve ser o único em quem devemos confiar não apenas porque trará julgamento, mas também porque Ele trará libertação e salvação.
Logo antes de haver o soar do julgamento de Deus, no cap.13, Isaias apresenta o cântico que será entoado no dia futuro de libertação: “EIS QUE DEUS É A MINHA SALVAÇÃO; EU CONFIAREI E NÃO TEMEREI PORQUE O SENHOR JEOVÁ É A MINHA FORÇA E O MEU CÂNTICO E SE TORNOU A MINHA SALVAÇÃO”. Ele promete salvar e cumpre a sua promessa. Como vimos antes, as tropas assírias cercaram Jerusalém. E agora, ao retomar a história, vemos que o comandante assírio continua, em hebraico, a ameaçar os habitantes da cidade. Vários líderes israelitas pedem que o comandante fale em aramaico a fim de não agitar as massas de ouvintes israelitas, cuja maioria não entendia aramaico, mas ele continua em hebraico com o intuito de que todo o povo ouvisse. Ele grita:

Não vos engane Ezequias, dizendo: O SENHOR nos livrará. Acaso, os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?
Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Acaso, livraram eles a Samaria das minhas mãos?
Quais são, dentre todos os deuses destes países, os que livraram a sua terra das minhas mãos, para que o SENHOR livre a Jerusalém das minhas mãos? (36.18-20).

Ele realmente não deveria ter dito isso! É claro que a Assíria era uma nação com poder muito forte, mas ele não deveria ter ido tão longe a ponto de dizer que o exército assírio estava além da capacidade do Senhor de libertar seu povo.
O Senhor manda Isaias dizer ao rei Ezequias para que este relate ao rei assírio o que Deus pensa da ameaça assíria:

Então, Isaías, filho de Amoz, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Visto que me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria,
esta é a palavra que o SENHOR falou a respeito dele: A virgem, filha de Sião, te despreza e zomba de ti; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti. (37.21,22).

Lembre-se. Essas palavras são dirigidas a um rei que cercava Jerusalém com 185 mil soldados!

A quem afrontaste e de quem blasfemaste? E contra quem alçaste a voz e arrogantemente ergueste os olhos? Contra o Santo de Israel.
Por meio dos teus servos, afrontaste o Senhor e disseste: Com a multidão dos meus carros, subi ao cimo dos montes, ao mais interior do Líbano; deitarei abaixo os seus altos cedros e os ciprestes escolhidos, chegarei ao seu mais alto cimo, ao seu denso e fértil pomar.
Cavei e bebi as águas e com a planta de meus pés sequei todos os rios do Egito.
Acaso, não ouviste que já há muito dispus eu estas coisas, já desde os dias remotos o tinha planejado? Agora, porém, as faço executar e eu quis que tu reduzisses a montões de ruínas as cidades fortificadas.
Por isso, os seus moradores, debilitados, andaram cheios de temor e envergonhados; tornaram-se como a erva do campo, e a erva verde, e o capim dos telhados, e o cereal queimado antes de amadurecer.
Mas eu conheço o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, e o teu furor contra mim.
Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua arrogância subiu até aos meus ouvidos, eis que porei o meu anzol no teu nariz, e o meu freio, na tua boca, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.(37.23-29).

E foi exatamente isso que aconteceu. Deus libertou Jerusalém de 185 mil soldados assírios:

Então, saiu o Anjo do SENHOR e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e, quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres.
Retirou-se, pois, Senaqueribe, rei da Assíria, e se foi; voltou e ficou em Nínive.
Sucedeu que, estando ele a adorar na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada e fugiram para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar. (37.36-38).

Quando Jerusalém não tinha outra esperança, Deus veio como o Salvador deles.

EM QUEM DEVEMOS CONFIAR?
Como vemos no livro de Isaias, Deus é absolutamente único. Não há ninguém como Ele. Ninguém mais tem a pureza moral do Senhor. Ninguém mais é justo como o Senhor. E ninguém mais é amoroso como o Senhor. Na verdade, no livro de Isaias, uma das coisas mais admiráveis que observamos é a tenacidade do amor de Deus por seu povo infiel. Uma vez após outra, eles afastam-se de Deus e o rejeitam. Eles confiam em outras coisas. E Deus, com tenacidade, procura-os vez após vez.
O livro de Isaias apresenta um retrato de Deus que ostra por que Ele é tão digno da confiança do seu povo. Ele não é como aqueles outros reis. Com certeza, Ele não é como os ídolos falsos. Não é nem mesmo como nossos melhores amigos, os que são mais justos, ou mais amorosos, conosco. Ele é perfeitamente justo e perfeitamente amoroso o tempo todo!!! É difícil concebermos isso, pois não vivenciamos algo assim com nenhuma pessoa com quem convivemos – jamais! Isaias apresenta: o Deus que é perfeitamente santo e perfeitamente amoroso.

A SOLUÇÃO APONTADA: ESPERAR E CONFIAR EM CRISTO

À medida que lemos Isaias, fica cada vez mais claro que o grande plano de Deus para seu povo e para o mundo reduz-se a uma pessoa.

Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge.(28.16)
Uma pedra? Uma pedra testada? Uma pedra preciosa de esquina?
O povo tinha um senso inato de como todo o plano de Deus se voltaria para um indivíduo, quer um dos reis deles, quer um rei estrangeiro. Claro que esse senso inato não era uma exclusividade deles. O coração de todos nós tem esse desejo embutido de esperar e de confiar em algum indivíduo que conhecemos, ou conheceremos, e que cuidará de nós. Colocamos essa esperança em qualquer pessoa, de candidatos a presidentes líderes religiosos.

ESPERAR NA VINDA DO REI-MESSIAS

Na primeira metade de Isaias, o profeta instrui o povo a olhar para a imagem do Messias. Bem, no antigo testamento todo rei e Israel e de Judá era um messias. Messias significa o ungido. Todavia, esse era o Messias. Esse era o Rei dos Reis que Deus revelou para Isaias.

Eis aí está que reinará um rei com justiça, e em retidão governarão príncipes.(32.1)Esse que vem seria muito mais que apenas um bom rei:

ESPERAR NA VINDA DO SERVO

Deus prometeu a vinda desse personagem real para seu povo, porém, na segunda metade do livro de Isaias, vemos emergir outro personagem que Deus chama e meu Servo. Esse Servo também teria o Espírito de Deus sobre Ele e também traria justiça para as nações (42.1-4). Ele também salvaria os judeus e os gentios e traria salvação para os confins da terra (49.1-7).
Mas nem tudo seria brilho para esse Servo. Ele ouviria a Deus, mas nem todos ouviriam a Ele.

O SENHOR Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos.
O SENHOR Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não me retraí.
Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam.
Porque o SENHOR Deus me ajudou, pelo que não me senti envergonhado; por isso, fiz o meu rosto como um seixo e sei que não serei envergonhado.
Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntamente; quem é o meu adversário? Chegue-se para mim.
Eis que o SENHOR Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles, como um vestido, serão consumidos; a traça os comerá.
Quem há entre vós que tema ao SENHOR e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus. (50.4-10).

Como um Deus santo perdoaria e restauraria o próprio povo que o acusou de desobediência? Eles até bateriam, zombariam e cuspiram nesse Servo!
Bem, esse mesmo Servo responde a essa pergunta, em especial, na passagem notável que sempre lemos na igreja: (52.13-53.12). Neste momento, vejamos apenas o final dessa passagem:

Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si. (53.11). O bater, o zombar e o cuspir serviriam para um fim inesperado.
Em Isaias, a solução de Deus não é apenas uma imagem abstrata, desfocada de si mesmo como libertador; é o retrato nítido de uma pessoa, um Servo. Esse Servo ouve a Deus com perfeição e, no entanto, sofre e é rejeitado a fim de pôr sobre si os pecados do povo Senhor.

ESPERAR NO ÚNICO REI-MESSIAS E SERVO!

O mais notável é que esse Rei e esse Servo sobre quem o Espírito repousa são realmente a mesma pessoa! Isso aponta para a visão de João em Ap. 5, em que um ancião celestial conta a João que o Leão da tribo de Judá triunfou. João tanta ver o Leão, mas o que ele vê? Um Cordeiro que foi morto. O Cordeiro é o Leão.(Ap.5.6,7). Da mesma forma, talvez o leitor, na primeira metade de Isaias, pergunte-se onde está o grande Rei? Leia a segunda metade do livro e veja esse Servo sofredor que carrega a iniqüidade do povo. Ele é o Rei. Ele é aquele que trará salvação até os confins da terra e libertará todos nós!

ESPERAR EM JESUS COMO O ÚNICO

E quem é o único?

O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;
a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram (61.1,2).

Jesus cumpre Isaias 61! Jesus é o Rei. Jesus é o Servo. Ele veio por nós, seu povo.

EM QUEM DEVEMOS ESPERAR?

Ele conhece nossos sofrimentos, nossas dores, nossos amores. Ele conhece tudo sobre nós, até os nossos pecados.
Contudo, Ele também é santo e, por isso, teve de descobrir uma forma de amar a nós, ímpios, e ainda manter sua justiça e retidão. Como Ele fez isso?
Em Cristo, Deus se fez homem, teve uma vida perfeita e morreu na cruz pondo sobre si os pecados de todos que se arrependerem e crerem Nele. A cruz de Cristo satisfaz as exigências da santidade e do amor de Deus para que todos os pecadores possam ser perdoados. Você quer o perdão de Deus?
Então, arrependa-se de seus pecados e creia em Cristo. Volte seus olhos para esse Servo que suporta seus pecados e que, um dia, voltará para reinar vitorioso como o Rei dos reis e o Senhor dos senhores.

Conclusão:

O livro apresenta muitas falas de Deus para seu povo em que o Senhor lhes conta sobre si mesmo e sobre seu amor por eles, quer esse amor se manifeste por seu julgamento da maldade deles, quer se manifeste por sua promessa de libertação futura. O livro todo é sobre o amor de Deus por seu povo, não sobre o amor do seu povo por Ele. Ao comparar seu povo com uma vinha, Deus declara:
Eu, o SENHOR, a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela. (27.3).
Se quisermos ter qualquer esperança, devemos fundamentá-la Nele, não em nós mesmos.
Você já percebeu quantos de nossos hinos e cânticos cristãos são sobre nosso amor por Deus?
Nenhuma dessas coisas, em si mesmas, é ruim. Todavia, nossa única esperança, como a do povo de Deus do A.T, está no amor tenaz, diligente, do Senhor por nós, demonstrando de forma mais maravilhosa em Cristo. Não fomos nós que buscamos a Jesus do céu. O Servo vem para a terra. O Servo assume a carne. O Servo vai para a Cruz e morre, levando sobre si a iniqüidade do seu povo. E, após três dias, o Servo, o verdadeiro Rei, ressuscita; e Ele voltará a fim de reunir seu povo e estabelecer seu governo com poder!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Lição 4 - 2 Coríntios - A Glória Das Duas Alianças


Lições Bíblicas CPAD
TEXTO ÁUREO

“Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece” (2 Co 3.11).
VERDADE PRÁTICA

A glória da Antiga Aliança desvaneceu ante a glória superior da Aliança revelada em Cristo Jesus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

2 Coríntios 3.1-11.

1 - Porventura, começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós?
2 - Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens,
3 - porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
4 - E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 - não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 - o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica.
7 - E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
8 - como não será de maior glória o ministério do Espírito?
9 - Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
10 - Porque também o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória.
11 - Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.

COMENTÁRIO
introdução
Nova aliança: Providência divina pela qual Deus estabeleceu um novo relacionamento de responsabilidade entre Si mesmo e o seu povo.

Havia um conhecimento da parte dos coríntios acerca de Paulo, que substituía qualquer documento comprobatório de seu apostolado. Paulo fundara aquela igreja durante a primavera do ano 50 d.C., permanecendo na cidade, inicialmente, por 18 meses (At 18.1,8-11). Os irmãos reuniam-se em casas particulares como a de Tito Justo (At 18.7), e então, começaram a surgir os primeiros líderes daquela igreja (1 Co 1.1,14; 16.17). Esta se fortaleceu, e Paulo teve o cuidado de enviar-lhe obreiros experientes como Timóteo, Silas e Apolo, a fim de a confirmarem doutrinariamente (At 18.5,27,28). Portanto, o pai espiritual da comunidade cristã de Corinto era Paulo, não havendo necessidade de qualquer carta de recomendação vinda de Jerusalém. Entretanto, o apóstolo deparou-se com uma forte oposição, que colocava em dúvidas a legitimidade de seu ministério. Ele então apresenta uma justificativa que se constitui na maior e melhor recomendação que existe: o ministério que recebeu diretamente de Jesus Cristo e o modo como cumpria tal chamada. A prova de sua aprovação apostólica era a própria existência da igreja coríntia (v.2).

I. PAULO JUSTIFICA SUA AUTORRECOMENDAÇÃO (3.1,2)

1. A recomendação requerida (3.1). Era hábito dos judeus que viajavam com frequência, levarem cartas de recomendação para que, assim, ao chegar a lugares onde não eram conhecidos, pudessem ser hospedados durante o período em que ali estivessem. Imagine o fundador da igreja, conhecido de todos, ter de cumprir a exigência de ser portador de “cartas de recomendação”, apenas para satisfazer o espírito opositor que dominava alguns judeus-cristãos, que estavam com dúvidas acerca da autenticidade do seu apostolado! Algo injustificável.

2. Paulo defende sua autorrecomendação (3.1). Todos em Corinto sabiam que Paulo, mesmo não tendo sido um dos doze que estiveram com Jesus, recebera um chamado de Cristo para ser apóstolo. Seu testemunho pessoal era a prova concreta de que não lhe era necessário nenhuma recomendação. Seus sofrimentos por Cristo evidenciavam seu apostolado entre os gentios e, especialmente, em Corinto, dispensando, portanto, qualquer tipo de recomendação por escrito. No texto de 2 Coríntios 5.11, o apóstolo Paulo faz uma defesa de sua atitude dizendo que “o temor que se deve ao Senhor” lhe dava condições de se autorrecomendar, porque a sua vida e ministério eram manifestos na consciência de cada um daqueles crentes. A atitude paulina não tinha por objetivo ofender a ninguém, mas baseava-se na confiança do conhecimento que os coríntios tinham da sua pessoa e ministério.
3. A mútua e melhor recomendação (3.1). Na parte “b” do versículo 1, Paulo questiona: “[...] necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de recomendação de vós?” Tal questionamento é retórico, pois apela para uma reciprocidade que havia entre ele e a igreja, a qual dispensava a recomendação de Jerusalém requerida por alguns opositores do seu ministério, uma vez que ele o havia desenvolvido entre os coríntios. O apóstolo, por sua vez, via-se como insignificante, mas os coríntios eram o seu verdadeiro louvor e glória. Assim, nem os coríntios precisavam de recomendação escrita, porque, dizia: “vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens” (v.2). A maior e melhor recomendação que um servo de Cristo pode ter é a evidência do seu ministério no coração e na vida daqueles que foram por ele alcançados para o Senhor Jesus. Quando Paulo diz aos coríntios que sua carta de recomendação foi escrita no coração deles, pelo próprio Cristo, “não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo” (vv.2,3), a preocupação maior de Paulo era referendar como verdadeiro o caráter do seu ministério apostólico (2 Co 3.6).

NOVO TESTAMENTO

Esse título implica um contraste com o AT, ou com as Sagradas Escrituras que a Igreja herdou do Judaísmo. O nome Novo Testamento (gr. He kaine diatheke) pode ser melhor traduzido como “nova aliança” e revela um contrato estabelecido por Deus que o homem pode aceitar ou rejeitar, mas não pode alterar. O termo foi usado, pela primeira vez, pelo Senhor Jesus ao instruir a Ceia, com a finalidade de definir a nova base da comunhão com Deus que Ele pretendia estabelecer através de sua morte (Lc 22.20). A essência dessa nova alinça reside no cumprimento da antiga aliança por meio de um sacrifício que fosse adequado para remover todos os pecados (Hb 9.11-15), e operasse nas motivações interiores ao invés de ser meramente um regulamento para condutas exteriores (Jr 31.31-34).

(Hebreus 9:16 Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; ) e só a morte de Cristo trouxe a redenção, tanto para nós como para as “transgressões que havia debaixo do primeiro testamento” (Hb 9.15) Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
O testamento constitui, deste modo, o âmago da revelação redentora de Deus, e a Escritura consiste do “Antigo Testamento” e do “Novo testamento”. Se por um lado pode haver somente um testamento (uma morte: “o sangue do Novo Testamento”, Mateus 26.28, de acordo com os melhores manuscritos), por outro a revelação ainda se organiza sob o testamento mais antigo, com seus símbolos antecipatórios do sacrifício de Cristo (2 Co 3.14; Jr 31.32) e sob o testamento mais novo, que comemora o cumprimento da expiação ( 2 Co 3.6; Jr 31.31). A estrutura testamentária de Deus contém os seguintes elementos: um testador, Deus o Filho, “O Mediador” (Hb 9.15); herdeiros, “os chamados” (9.15); um método objetivo de efetuação, ou seja, uma herança de graça (9.16); as condições subjetivas pelas quais os herdeiros se qualificam para a herança, pelo comprometimento com Cristo (9.28); e uma herança de reconciliação, a “salvação eterna” (9.15,28).
“assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”(9.28)

Sua efetuação objetiva é sempre marcada por: monergismo, “um realizador”, Deus exercendo sua pura graça (Gn 15.17; Ex 19.4. Jr 31.2,3), sem o auxílio das obras do homem (Ef 2.8,9); a morte do testador (Ex 24.8;
Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras. Hb 9.18-22); a promessa, “E eu serei seu Deus, e eles serão o meu povo” (Gn 17.7 até Ap 21.3); a eternidade (Sl 105.8-10) “o sal [preservação eterna] do testamento”); para nóe (Gn 9.12,13), o êxodo para Moisés (Ex 20.2), ou a ressurreição de Cristo para nós (Rm 1.4). A apropriação subjetiva do testamento é da mesma forma marcada por características imutáveis da resposta humana: fé (Gn 15.6; Dt 6.5; Hb 11.6) e obediência, tanto moral (At 22.16), pois a fé genuína deve ser demonstrada por meio de obras (Tg 2.14-26).
Por outro lado, as revelações que Deus concedeu sobre seu testamento também exibem uma progressão histórica (testamento, plural, Rm 9.4. algumas versões trazem os termos concertos e alianças). Sob o testamento mais antigo, aparece o testamento do éden (Gn 3.15) Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar , o de Noé (9.9) Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência , o de Abraão (15.18) Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates: , o do Sinai (Ex 19.5,6) Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha , o Levítico (Nm 25.12,13), e o de Davi (2 Sm 23.5) Não está assim com Deus a minha casa? Pois estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não me fará ele prosperar toda a minha salvação e toda a minha esperança? . Cada um deles antecipou a mesma morte redentora; mas as diferenças aparecem, particularmente, na resposta cerimonial de cada um. Até mesmo o nosso testamento mais recente exibe desse modo dois estágios: o novo testamento em Cristo, no presente (Jr 31.33,34; Hb 8.6-13), e sua cerimônia, a Ceia, exibindo “a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.26). As Escrituras também falam de um testamento futuro de paz entre todas as Nações (Ez 34.25-31), quando a comunhão espiritual com Cristo se tornará uma realidade desfrutada “Face a Face” (Ez 37.27;39.29).

II. A CONFIANÇA DA NOVA ALIANÇA (3.4-11)

1. A suficiência que vem de Deus. Após fazer a defesa de sua autorrecomendação perante os coríntios, Paulo usa a figura metafórica da lei escrita em tábuas de pedra, pelo próprio Deus (Êx 31.18; Dt 5.22), e a compara à nova lei, o novo pacto, predito pelos profetas, que afirmaram que Deus a escreveria no coração do seu povo (Jr 31.31-34). Os dois pactos são provenientes de Deus, mas o segundo é superior, porque veio mediante a pessoa de Jesus Cristo, que consumou todas as coisas do Antigo Pacto, em um único ato sacrificial (Hb 7.27; 12.24; 1 Pe 1.2).

A INSTITUIÇÃO DE UMA VONA ALIANÇA (31.31-34)

A concepção de Jeremias de uma nova aliança nasceu da sua experiência de muitos anos no ofício profético. Nas reformas de Josias ele tinha visto seu povo derramar toda sua esperança em formas exteriores de religião, mas sem a melhora correspondente no aspecto ético da vida. A religião nacionalizada não proveu motivos adequados para o indivíduo sentir sua responsabilidade pessoal. Assim, a antiga religião falhou no aspecto da responsabilidade individual.
Evidentemente foi durante as reformas de Josias que Jeremias tornou-se convicto de que a única esperança para a nação era uma revolução interna e individual: “Lavrai para vós o campo de lavoura [...] tirai os prepúcios do vosso coração” (4.3,4). Com o passar dos anos, o profeta parece ter ficado cada vez mais convicto de que a religião devia ser individualizada. Sua própria experiência nasceu do fato de que a religião individual era imediato e interior. O que era possível para ele deveria ser possível para cada indivíduo da nação.
Seria insensato dizer que Jeremias via qualquer coisa com perfeita clareza. No entanto, ele era capaz e ver o esboço das coisas futuras, e foi isso que ele passou para o povo hebreu.

Quais então são os traços distintos de uma nova aliança de acordo com a descrição de Jeremias?

1) a nova aliança será escatológica em caráter, porque está no coração do porpósito redentor de Deus. ela não é uma inferência íntima divina. Da maneira que a religião mosaica fazia parte do plano redentor, assim a nova aliança surgirá na plenitude dos tempos.
2) O aspecto seguinte será a introdução e uma nova metodologia. Antes Deus tinha trabalhado através da nação como uma unidade, mas a nação estava prestes a desaparecer. Para poder cumprir os propósitos de Deus, um novo método precisava ser encontrado. A partir de agora, ele trabalhará por intermédio do indivíduo. A nova metodologia envolverá três coisas: a) um tipo diferente de motivação: POREI A MINHA LEI...NO SEU CORAÇÃO (33). B) um conhecimento imediato de Deus : TODOS ME CONHECERÃO (34). C) O perdão individual pelo pecado: PERDOAREI A SUA MALDADE. Deus agora podia lidar com a mola principal da ação humana. Então, ao trabalhar através do indivíduo, a religião podia tornar-se universal.
3) Haverá uma nova dimensão espiritual. A religião não será mais meramente exterior, a intimidade será o aspecto predominante no futuro. Aintigamente as leis de Deus haviam sido escritas em tábuas de pedras, agora elas serão escritas no coração. Em vez de tratar sintomas exteriores, Deus estará lidando com os princípios interiores. Sob a nova aliança, as pessoas responderão de acordo com a motivação interior, em vez de agirem sob formas exteriores de compulsão.
4) Haverá um novo relacionamento. Sob a nova aliança, o relacionamento do homem com Deus será íntimo e pessoal: TODOS ME CONHECERÃO (34). Sob a antiga aliança, o relacionamento do homem com Deus era formal, debaixo da nova aliança, ele será espiritual, quando a lei é escrita no coração, a religião tem uma qualidade dinâmica que proporciona infinitas possibilidades.
5) Haverá um novo nível de moralidade. Judá tinha sofrido por causa de um coração “enganoso” e “desesperadamente corrupto”(17.9). Essa era a grande necessidade para uma transformação moral – um coração transformado, sob a nova aliança, isso será uma possibilidade gloriosa. A verdadeira religião terá, doravante, aspirações fundamentadas no conhecimento pessoal de Deus, e operará a partir de leis espirituais escritas no coração. O resultado disso será que novos princípios morais governarão a sociedade.
A restauração de Israel alcança seu clímax com a instituição da nova Aliança. Esse talvez sejam os quatro versículo mais importante do livro e Jeremias, visto que dizem muito sobre o que aconteceu no campo da religião desde os seus dias. Paulo usou a idéia de Jeremias, fazendo uma clara distinção entre a antiga e a nova aliança. O autor da epístola aos hebreus inicia e termina sua exposição do ministério Jesus ao citar Jeremias 34.31-34. Jesus instituiu a Ceia do Senhor ao dizer. “ Isto é o meu sangue, o sangue do Novo testamento (alinça), que é derramado por muitos”(Mt 26.28) a religião individual encontra uma de suas origens em Jeremias. Ele foi o principal elo entre a antiga ordem em Israel e a Nova.

2. A distinção entre as duas Alianças (3.6). Paulo mostra aos coríntios que a “velha lei” ou o “velho pacto” tinha em seu conteúdo a sentença de morte sobre o moralmente culpado, por isso, a Antiga Aliança era da “letra”: gravado com letras em pedras (2 Co 3.7). A Nova Aliança é do “Espírito”, e ministrada por Ele (v.8), pois é um ministério da justiça (v.9), o qual vivifica (v.6) e é permanente (v.11). A Antiga Aliança era de condenação; a nova é de justiça e salvação (v.9). O Antigo Pacto veio por Moisés; o novo veio por Cristo (At 20.28; Hb 9.12; 7.27; 12.24).

A ADEQUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO NOVO CONCERTO (3.4-11).

Paulo continua a se proteger contra a interpretação equivocada da descrição triunfante do seu ministério apostólico (2.14-17). Os seus motivos eram puros, pois ele realmente não precisava se recomendar aos coríntios (3.1-3). Agora, em 4-11, a base da sua confiança já não está mais em si mesmo, pois foi DeUs quem o fez adequado como um ministro do novo concerto. Isto ele já tinha anunciado com a sua imagem do versículo 3. Como um ministro do Espírito, e não da letra, o ministério do novo concerto transcende o do antigo. Isto Paulo exemplifica com uma alusão ao brilho no rosto de Moisés, que ele cobriu com um véu para o bem dos israelitas depois que retornou vindo do Monte Sinai (Ex 34.29-35).

A Confiança (4) que Paulo expressa se refere, basicamente, à sua convicção de que os próprios coríntios constituem uma testemunha irrefutável da validade do seu chamado apostólico. Ele estava convencido da verdade do evangelho e da realidade da sua vocação. Hodge comenta que “é fácil determinar se tal confiança é presunção, ou a força de Deus na alma. Se for a primeira, ela tem os seus companheiros naturais que são o orgulho, a arrogância, a indiferença, e o desprezo pelos demais. Se for a segunda, ela é de ser o menor, e por todas as demais graças do Espírito”. Tal confiança veio a Paulo por Cristo e de Deus, a quem Paulo recorre como o seu último Recurso. Não era uma confiança humana, mas, em um certo sentido, era um relacionamento face a face (pros) com Deus, e que poderia suportar a prova do juízo.
Consequentemente, ele prossegue explicando, não que sejamos capazes (hikanos), por nós (5), de “ter um único pensamento por nossa própria iniciativa” (literalmente, “de pensar alguma coisa, como de [ek] nós mesmos”) em relação ao evangelho e ao seu ministério, mas a nossa capacidade (hikonetes) vem de (ek) Deus. (cf. 4.7;5.18;6.4;7.5-6;11.23;12.9-10;13.3-4;1co 15.10). A compreensão e o domínio que Paulo tinha do seu ministério apostólico não nasce dos seus próprios recursos. Ele não pode fazer nenhuma reivindicação pessoal sobre a sua capacidade no evangelho. Pela mesma linguagem com a qual ele levantou a pergunta pela primeira vez em 2.16: “QUEM É IDÔNEO?”, Paulo está desenvolvendo a sua resposta nos vv5 e 6 (cf NASB, capazes ou adequados”). O QUAL NOS FEZ.... CAPAZES DE SER MINISTROS DUM NOVO TESTAMENTO (3.6)
Nenhuma capacidade nata qualifica ninguém para ser ministro de Deus. É o chamado de Deus que qualifica, pois com seu chamado Ele fornece a capacitação.

Então, com uma alusão ao seu chamado (At. 9.3-18;22.14-16;26.16-18; 1 Tm 1.12), Paulo insiste que “a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros (servos) de um Novo testamento” (5,6 NASB). A partir da perspectiva bíblica completa, “concerto” pode ser mais adequado do que TESTAMENTO, como uma tradução de diatheke no Novo Testamento, com a possível exceção de Hebreus 9.15-20. “Concerto” na bíblia refere-se a um acordo, entre Deus e o povo. É constituído pela graciosa oferta de Deus da sua presença salvadora e confirmada pela resposta agradecida do seu povo no cumprimento das suas obrigações. Paulo é ministro de um NOVO concerto (Jr 31.31-34; Mt 26.28; I Co 11.25, em contraste com o antigo (3.14; Ex 24.3-8; Gl 4.24). É uma novidade, não somente no tempo, mas também no tipo – “novo e eficiente... em contraste com o antigo e obsoleto” – pois NÃO é DA LETRA, MAS DO ESPÍRITO (Rm 2.28,29).
NOS FEZ TAMBéM CAPAZES DE SER MINISTROS DUM NOVO TESTAMENTO, NÃO DA LETRA, MAS SO ESPÍRITO. PORQUE A LETRA MATA, E O ESPÍRITO VIVIFICA (3.6)
Mas o que Paulo quer dizer com a letra, gramma? Tanto o Antigo como o Novo Concerto são revelações divinas. Ambos, corretamente interpretados, invocam a fé e convidam aqueles que ouvem a confiar em Deus para a salvação. Mas Israel deixou de entender esta mensagem de salvação, vendo somente a Letra da Lei. Ao entrar o Antigo Testamento como letra, como palavra que pretende invocar o esforço próprio em vez da fé, a nação de Israel foi morta, em vez de ser vivificada.
Mas agora, abordando as mesmas Escrituras no Espírito, o crente descobre que a lei aponta para alguém que viria mais adiante, para Cristo, e invoca a completa confiança da graça de Deus que constitui a fé salvadora.
Por LETRA, Paulo entende o antigo concerto, conforme definido em um “código escrito” exterior. Por ESPÌRITO ele está caracterizando a revelação do novo concerto em Cristo, em termos de um código interno dinâmico e espiritual, em contraste com outro legal. Embora a referência não seja diretamente ao Espírito Santo, certamente a presença do Espírito de Deus está envolvido de uma maneira totalmente nova. Assim, embora o uso que Paulo faz do Espírito seja geralmente em um sentido qualitativo, o que ele quer dizer não pode ser compreendido independentemente das operações do Espírito Santo. A gloria do ministério do novo concerto como um ministério de Espírito está gravada em relevo pelo fato de que a LeTRA MATA, E O ESPÌRITO VIVIFICA(Rm 7.6) . A vontade e o objetivo de Deus, expressos somente na forma de proibições escritas só poderiam incitar e condenar o pecado Rm 7.7-25, pois não tinham poder devido à fraqueza da carne Rm 8.3. Assim, só poderiam levar à morte. Mas “o Espírito de Vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2; 1 Co 15.45) é capaz de gravar a vontade de Deus no coração (3.3, At 15.9) capacitando o cristão a cumprir os requisitos justos de um Deus Santo (3.9; Rm 8.4). No entanto, a Lei não ficava invalidada, pois ‘a lei é santa’ Rm 7.22. Em lugar disso, ela fica estabelecida Rm 3.31 ou cumprida, Rm 13.8-10, quando pelo poder da constante presença do Espírito de Cristo Rm 8.2-9 a fé opera através do amor na preocupação ética do cristão Gl 5.6. A suficiência do chamado de Paulo é aquela que está ancorada em um ministério superior, o ministério de um Espírito transformador (3.18).
Agora o apóstolo apresenta de um modo claro o que ele tinha apenas mencionado previamente (3.6) – contraste entre as dispensações da Lei e do Espírito, entre o ministério de moisés e o de Paulo. O ministério de Moisés é caracterizado pela GLÓRIA (BRILHO), no rosto de Moisés. “Transitória como era” era ainda assim tão brilhante que OS FILHOS DE ISRAEL NÃO PODIAM “olhar atentamente” para ela(Ex 34.29-30). A ênfase de Paulo está na GLÓRIA ou no esplendor do ministério de Moisés como revelação da eterna vontade de Deus. Assim, se o MINISTÉRIO DA MORTE, GRAVADO COM LETRAS EM PEDRAS VEIO EM GLÓRIA, não é obvio, pergunta Paulo, que seja de maior glória (ou resplendor) O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO, que dá vida (3.6).
Então, na segunda fase do seu contraste, ele prossegue explicando que “se o ministério da condenação” Dt 27.26, foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça (9). A lei comenta Calvino, “deve nos mostrar a doença, de modo a não nos mostrar, ao mesmo tempo, qualquer esperança de cura; o evangelho deve trazer o remédio àqueles que já não têm mais esperança”. O último supera a primeira “porque é uma coisa muito maior absolver o pecador condenado do que condená-lo”. Uma só considera a lei escrita nas pedras; o outro, considera o sangue do próprio filho de Deus e o Poder do Espírito. A justiça sobre a qual Paulo baseia a superioridade do seu ministério é “a justiça de Deus” revelada no “evangelho de Cristo” Rm 1.16-17, que ele expõe em termos de justificação e santificação em Romanos 3.31- 8.39.
Este contraste entre ministério pode até mesmo ser considerado tão radical, que o primeiro, QUE FOI GLORIFICADO (10) como um instrumento da auto-revelação de Deus, agora, “nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” – a glória do segundo, que o supera em muito jo 1.17. “A sua glória agora está diminuindo, como o brilho dos lampiões quando chega o amanhecer” (knox).
Paulo desenvolve o seu ponto final do contraste (11) a partir do brilho do rosto de Moisés (3.7), que já desaparecida, de acordo com a tradição judaica, mesmo quando ele estava descendo do Monte Sinai. Ele viu isto como sendo um sinal da natureza transitória do antigo concerto, que Moisés representava. O contraste é com a permanência da revelação do Espírito. PORQUE, SE O QUE ERA TRANSITÓRIA FOI PARA GLÓRIA, MUITO MAIS É EM GLÓRIA O QUE PERMANECE.
Assim, a adequação do ministério apostólico de Paulo é a sua superioridade como um ministério do novo concerto – um ministério do Espírito – superior (1) como a vida é mais gloriosa do que a morte, (2) como a justiça é mais gloriosa do que a condenação, e (3) como aquilo que é permanente é mais glorioso do que aquilo que é transitório.

3. A “letra” que mata (3.6). Por muito tempo, a má interpretação desse texto provocou receio quanto ao estudo secular e mesmo o teológico. Entretanto, como já ficou claro, tal passagem não se refere ao estudo, mas à aplicabilidade das sanções, sentenças e penalidades da lei mosaica que, contrastava-se com o Novo Concerto, o qual tem como propósito único vivificar e absolver.

III. A GLÓRIA DA NOVA ALIANÇA (3.7-18)
1. A superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga Aliança (3.7-12). Quando Paulo fala das alianças, ele utiliza paralelos entre a Antiga e a Nova, a fim de esclarecer os crentes quanto às diferenças entre o que era transitório e o que é permanente; entre a lei que condenava e a que liberta. A glória do Antigo Pacto era passageira porque trazia à tona a realidade do pecado, sua maldição e condenação. O Novo Pacto demonstrou outra característica da glória de Deus, o seu poder misericordioso para salvar e dar vida. A glória do Primeiro Concerto revelou o ministério da morte, porque condenava e amaldiçoava todo aquele que não cumpria a lei, mas a glória do Segundo Concerto revelou o ministério da vida e da graça de Deus. Por isso, a glória do evangelho é superior à da lei.

A LIBERDADE DO MINISTÉRIO DO NOVO CONCERTO (3.12-18)

Com um ministério assim, Paulo, diferentemente dos seus oponentes, é capaz de falar de forma corajosa, sem esconder nada. O ministério de Paulo, diferentemente do de Moisés, que personifica a Lei, possui a liberdade do Espírito do Senhor que capacita todos a ver a sua glória de uma maneira que transforma a vida.
Paulo declara que a MUITA OUSADIA NO FALAR (PARRESIA) com a qual ele conduz o seu ministério, se baseia na ESPERANÇA que ele tem (12). Ele fala do ministério do novo concerto como uma ESPERANÇA, primeiramente em vista da sua permanência (11), ele tem um futuro glorioso (8). Em segundo lugar, é uma ESPERANÇA porque a glória de Deus no futuro está autenticamente presente no ministério do Espírito Rm 8.24. Esta tão adequada ESPERANÇA (1.5-6) permite, na verdade exige, um ministério que é corajoso e franco.
Para exemplificar esta afirmação ampla, Paulo retorna ao contraste entre o seu ministério e o de Moisés, que foi caracterizado pelas informações ocultas. A tradução da KJV de ex 34.33 dá impressão de que Moisés cobriu o seu rosto para evitar assustar os israelitas pela glória da sua aparência. Esta interpretação parece incoerente com todo o relato do Antigo Testamento. No entanto, o texto hebraico deste versículo em Ex, e a interpretação que Paulo faz do evento, indicam um fato adicional. O que Moisés fez foi colocar um VÉU SOBRE A SUA FACE (13) depois que ele entregou a mensagem de Deus ao povo. Isto foi feito para que OS FILHOS DE ISRAEL NÃO OLHASSEM FIRMEMENTE PARA O FIM “daquilo que era transitório”. A versão Berkeley: “Para evitar que os filhos de Israel olhassem para alguma coisa que estava desvanecendo”. O que Paulo quer dizer aqui é que os israelitas não tinham a permissão (13) de olhar para a glória de Moisés enquanto ela desaparecia. No verso 7 ele esclarece que eles não tinham permissão de olhar ininterruptamente para a glória. As limitações desta revelação eram tais, que o seu ministério tinha que esconder até mesmo uma glória transitória. O ministério de Paulo é exatamente o oposto. Ele usa, não um véu, mas MUITA OUSADIA NO FALAR. A sua mensagem não é de condenação nem de morte, mas de graça, de misericórdia e de vida. Pela fé, o cristão pode ver atentamente o seu Senhor sem interrupções.
A razão para o véu sobre o rosto de Moisés era porque OS SEUS SENTIDOS FORAM ENDURECIDOS (14) por causa da sua rejeição moral à luz At 28.27. adicionalmente, e comprovando o que ele acabou de dizer, ATÉ HOJE O MESMO VÉU ESTÁ POR LEVANTAR... QUANDO É LIDO MOISÉS. (o antigo concerto 14-15). Isto é verdade, porque o véu “é abolido somente por Cristo. Paulo agora está falando da atual cegueira ou do atual endurecimento de Israel, igual ao que aconteceu com os seus antepassados. A recepção apropriada da mensagem de Moisés teria preparado o caminho para Cristo (jo 5.46-47). Mas o véu permanece, uma vez que eles não estavam retornando a Cristo Rm 9-11. MAS, quando os corações de Israel SE CONVERTEREM AO SENHOR, ENTÃO, O VÉU SE TIRARÁ (16), da mesma maneira como Moisés removeu o véu do seu rosto na presença do Senhor ex 34.34. eles então serão capazes, em Cristo, de olhar firmemente para a glória do Senhor, como fez Moisés. Esta era a experiência pessoal de Paulo como “um hebreu de hebreus” (Fp 3.5). quando ele se encontrou com o Jesus ressuscitado na estrada para Damasco, começou a ver o verdadeiro significado do novo concerto como cumprido em Jesus Cristo (At 10.4). O véu tinha sido removido da sua compreensão espiritual. A cruz de Jesus, antes tão completamente desprezível, agora estava banhada com a verdadeira glória do próprio Deus.
QUANDO SE CONVERTEREM AO SENHOR pode ser traduzido como: “Sempre que alguém se converte ao Senhor”. O SENHOR a quem Paulo se volta para que o véu seja removido é Jesus, o Cristo ressuscitado (14). “a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Aqui Paulo de acordo com a igreja primitiva, identifica o Jesus ressuscitado e exaltado como o SENHOR do antigo Testamento diante de quem Moisés compareceu. O Verso 16 é uma citação direta de Ex 34.34. o Deus do antigo testamento se revelou em Jesus Cristo. Não há descontinuidade nem contradição entre o antigo e o novo concerto.
ORA, O SENHOR É ESPÍRITO, prossegue Paulo, para deixar claro os termos do seu argumento (17). O Espírito Santo aqui é distinto em visão, mas não em termos de alguma identidade pessoal com Cristo. Paulo fala mais exatamente de uma identidade que aparece em ação redentora, pela qual ele explica especificamente por que o véu que esconde a glória de Deus é removidi em Cristo. Sob uma perspectiva, a revelação messiânica do Espírito de Deus ocorreu em Jesus Cristo. Sob outra, os benefícios totais do novo concerto são, na realidade, transmitidos aos homens por meio do Espírito. O Espírito está somente onde Cristo está, e onde o Espírito está, ali está Cristo.
A concepção Do Espírito centralizada em Cristo que Paulo tem foi determinada por sua fé em Jesus Cristo, e sua experiência com o Espírito (3) o convenceu da natureza espiritual do ministério do novo concerto. A ênfase aqui não está na personalidade do Espírito santo, pois o Espírito se oculta na sua apresentação de Cristo, para não se separar do nosso Senhor(JO 15.26) . A ênfase de Paulo está mais no poder do Espírito, pois a qualidade da ação redentora do Espírito caracterizada de maneira suprema a nova revelação em Cristo jo 4.24. ele se refere à função do espírito Santo par esclarecer mais completamente o caráter básico o seu ministério como sendo “não da letra, mas do Espírito” (6).
Assim Paulo pode corajosamente afirmar que, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Esta liberdade é basicamente a libertação da Lei, o alívio das limitações do antigo concerto Rm 7.5-6, pela purificação do coração. A liberdade da Lei, concretizada pela presença vivificadora do Espírito Santo, abrange a libertação do pecado Rm 6.6-7, da morte Rm 6.21-23 e da condenação Rm 8.1. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus, me livrou da Lei do Pecado e da morte” Rm 8.1-2. Esta é a libertação que vem da filiação Rm 8 14-16. a posse da perspectiva da “liberdade da glória dos filhos de Deus” JO 8.36.
Paulo culmina o seu contraste entre o ministério de Moisés do antigo concerto e o seu próprio ministério do novo, à medida que ele reflete sobre os privilégios de todos os cristãos. Todos os que estão em Cristo têm a seguinte bênção:... com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (18). No antigo Pacto, somente Moisés poderia ver a glória do Senhor, pois um véu escondia do povo de Israel até mesmo o seu reflexo transitório, simbolizando a condição daqueles que estavam sob a lei (13-15). Mas o véu é removido dos corações de todos aqueles que se voltam ao Senhor e que são capazes, pela fé, de ver Cristo, “que é a imagem de Deus” JO 1.14. e assim , refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, a qualidade da sua vida cristã está no processo de ser transformada “transfigurada” na mesma imagem. Pois assim como um espelho revela as características físicas para que alguém possa arrumar-se corretamente, também a constante visão de Cristo pela fé revela os defeitos do caráter cristão e inspira a sua correção. A transformação que resulta é uma transformação de glória em glória, isto é, à semelhança de Cristo Ef 4.13. esta transformação penetra na vida interior do homem e não terminará até o dia em que nós vejamos Face a Face. Então nós seremos semelhantes a ele, porque assim como é o veremos (Rm 8.18). A liberdade do novo concerto do Espírito inclui não apenas os momentos cruciais do perdão dos pecados e da purificação do coração, mas também enfatiza a contínua santificação de toda a vida 7.1. este processo só atinge a plenitude na glorificação em completa conformidade com a imagem do Filho de Deus (Rm 8. 28-30).
Uma liberdade assim gloriosa ocorre pelo Espírito do Senhor, ou “do Senhor, o Espírito”. Esta liberdade espiritual pode ser a atual experiência de todos os que se voltam para o Senhor, pois o poder do grande futuro de Deus foi distribuído entre os homens pela pessoa e pela obra de Jesus Cristo – ministério do novo concerto. Assim é a presença prática do Espírito Santo, que reforça o ministério de Paulo e o leva a falar dele como uma “esperança” (12). Este fato promove uma sinceridade completa no seu acesso a Deus em Cristo, e na sua proclamação do evangelho. Pois no evangelho de Cristo existe uma liberdade1) que está verdadeiramente presente ente os homens, 2) que pode penetrar no íntimo da personalidade, e 3) que é intesamente promissora nas suas perspectivas futuras. Em Cristo, o cristão tem liberdade de acesso 1) à presença de Deus, 2) às profundas necessidades do seu próprio coração, e 3) à esperança certa da glória de Deus para sempre na sua vida Rm 5.1-5.

Dedique tempo a ser santo. O mundo se move com muita pressa;
Passe muito tempo a sós com Jesus.
Ao olhar para Jesus, como Ele você será;
Os seus amigos, através do seu comportamento,
Verão a semelhança que você tem com Ele.
(W.D Longtaff)


2. A glória com rostos desvendados (3.13-16). Quando Paulo usa a figura da glória resplandecente da face de Moisés, ele reforça o fato de que tal glória teve que ser coberta com véu e que se desvaneceu com o tempo, portanto, era transitória. Porém, a glória da Nova Aliança manifestou-se descoberta, sem véu, porque Cristo a revelou no Calvário. Trata-se da liberdade que temos mediante a obra expiatória de Cristo.
A GLÓRIA DO NOVO CONCERTO (3.7-18)
CONTEXTO. Nós somos imediatamente surpreendidos pelo uso constante que Paulo faz da palavra “glória”, que aparece 12 vezes nestes 11 versos. O antigo concerto tinha a glória própria, mas o Novo Concerto tem glória maior. Antes de examinar os contrastes que Paulo desenvolve entre o Antigo e o Novo Concerto, é útil entender o significado de “glória”.
No Antigo Testamento, a glória de Deus está intimamente ligada à auto-revelação do Senhor. Há muitas imagens: esplendor fulgurante, e santidade flamejante marcam sua presença (Ex 16.10;2Cr 7.1,2). Mas, nenhum poder elementar ou santidade flamejante expressam a Deus de maneira absolutamente adequada. Desta forma, e Êxodo relaciona a glória de Deus com revelação de seu caráter amoroso. Quando Moisés implorou para que Deus lhe mostrasse sua glória, a Bíblia relata: “Ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti e apregoarei o nome do Senhor diante de ti, e terei misericórdia de quem eu tiver misericóridia e me compadecerei de quem me compadecer. E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Ex 33.19,20). Com o mesmo sentido e revelação, Deus diz: “serei glorificado”, no caso da recusa do Faraó em deixar que Israel saísse do Egito (Ex 14,4). O grande poder redentor de Deus foi exibido no Êxodo (Nm 14.22), da mesma forma como seu poder criativo é exibido quando “os céus manifestam” sua glória (Sl 19.1).
Mas “glória” implica em mais do que revelação de como Deus é. Implica em invasão do universo material, expressão da presença ativa de Deus entre seu povo. Assim, o antigo Testamento conscientemente relaciona o termo “glória” à presença de Deus em Israel, em tabernáculos e templos (Ex 29.43, Ez 43.4,5, Ag 2.3). a glória objetiva de Deus é revelada por sua vinda, para estar presente conosco – seu povo – e para se mostrar a cada um de nós por suas ações neste mundo.
Agora Paulo argumenta não que o Antigo Concerto não possuía “glória”, mas que a glória do Novo Concerto supera muito aquela do antigo. Ao falar sobre isto, Paulo fixa nossa atenção em como a glória de Deus é exibido em sua vinda para estar com seu povo sob o Antigo Concerto e sob o Novo. Ao fazer isto, ele também nos mostra como o cristão é verdadeiramente livre para adotar a abordagem de “risco” ao ministério do Novo Concerto, que ele próprio, Paulo, exibiu ao mostrar-se vulnerável no Capítulo 1.
INTERPRETAÇÃO. Paulo indicou que Deus, o Espírito santo, escreveu nos corações dos coríntios, fazendo deles uma “carta de Cristo”. Está é a essência do ministério do Novo Concerto: Deus exibe sua glória por meio de sua presença dentro do crente. Mas, um momento de reflexão sugere que esta é uma exibição pobre da glória de Deus! afinal, os coríntios certamente são mais pobre que uma expressão da glória de Deus! ora, os coríntios exibiam as características conteciosas de homens carnais toleravam a imoralidade à lei em cortes pagãs, estavam divididos sobre o comer carne oferecida nos templos dos ídolos, e estavam aprisionados por muitas outras falhas óbvias. Como é que Paulo pode dizer que eles são uma carta de Cristo? Certamente a leitura desta carta não revela nada da glória de Deus!
Até mesmo Paulo é exemplo pobre. Paulo admite que sentiu tribulações que estavam acima de sua capacidade de suportar, a ponto de se desesperar da própria vida (2 Co 1.8). certamente, o antigo Concerto, entregue por Moisés, homem verdadeiramente admirável, exibe glória muito maior do que este Novo Concerto que Paulo elogia!
Paulo concorda que Moisés é a figura humana associada com o antigo concerto. E por isto, ele pede que seu leitor compare a glória de Deus exibida em Moisés com a glória de Deus exibida no crente do Novo Concerto. Para fazer isto, paulo seleciona um episódio registrado em ex 34.29-35, e usando somente princípios estabelecidos pelo midrash (explicação comentário) judaico, mostra que a glória do Antigo – aquela evidência visível da presença de Deus naquela época- era uma glória passageira, em contraste com a glória do Novo – a evidência atual visível da presença de Deus – que é uma glória crescente (3.18). a passagem que Paulo desenvolve em 2 Coríntios diz:
E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai (e Moisés trazia as duas tábuas do Testemunho em sua mão, quando desceu do monte), Moisés não sabia que a pele de seu rosto resplandecia, depois que o Senhor falara com ele. Olhando, pois, Arão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele de seu rosto resplandecia, pelo que temeram de chegar-se a ele. Então, Moisés os chamou, e Arão e todos os príncipes da congregação tornaram a ele, e Moisés lhes falou. Depois, chegaram também todos os filhos de Israel. E ele lhes ordenou tudo o que o Senhor falara com ele no monte Sinai. Assim, acabou Moisés perante o Senhor, para ouvi-lo, tirava o véu até que saía e, saindo, falava com os filhos de Israel o rosto de Moisés, e que resplandecia a pele do rosto de Moisés, e tornava Moisés a pôr o véu sobre seu rosto, até que entrava para falar com Deus.
Examinando esta passagem, Paulo a vê como exemplo vívido da diferença entre a “glória” admitida da revelação do Antigo Concerto, e a Glória muito maior da era do novo Concerto.

Paulo observa que quando Moisés foi falar com o Senhor, seu rosto ficou resplandecente. Estar na presença de Deus transformou a aparência de moisés. Mas Paulo observa alguma coisa mais. Quando Moisés deixava a presença do Senhor, ele falava com o povo sem véu. Mas, logo, ele colocava um véu sobre seu rosto e o deixava ali entrar novamente na presença de Deus. por que Moisés comporta-se desta maneira? Certamente, não era para poupar as pessoas da visão assombrosa, pois ao retornar da presença de Deus ele falava com o povo sem véu. A verdadeira razão para o véu, afirma Paulo, era temporária e desaparecia! Assim, Moisés punha o véu sobre seu rosto “para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório”!(3.13) portanto, fica claro que o antigo concerto, conforme exeplifica na própria pessoa que deu as leis, não oferece transformação permanente!
Agora, diz paulo, comparemos o impacto do Novo Concerto. Em lugar de subir ao sinai ou de entrar na tenda para comparecer diante de Deus, o Novo Concerto traz o Espírito Santo até o crente. E, com o Espírito vem uma glória que, ao invés de desaparecer, aumenta! Pois, como diz Paulo, “todos nós...somos transformados de glória em glória, na mesma imagem [de Cristo], como pelo Espírito do Senhor”(3.18).
O judeu que olhava para moisés e via seu rosto resplandecente como evidência da presença gloriosa de Deus no Antigo Concerto, agora olha para o cristão e não vê este sinal. Mas, diz Paulo, o judeu não endenteu! O véu ainda permanece, de modo que ele não percebe que a glória do antigo concerto é transitória, temporária, ao passo que a do Novo Concerto é glória transformadora e crescente!
A exibição real inconfundível admite que o Antigo Concerto continha uma glória própria. Deus revelou se por meio daquelas letras gravadas na pedra. Mas o Novo concerto tem uma glória muito maior, pois hoje o Espírito de Deus reside naqueles que conhecem a Cristo, e escreve ativamente em suas personalidades aquela santidade que exibe a presença de Deus em uma glória muito maior do que a do Antigo.
APLICAÇÃO. Paulo entrelaça a aplicação da verdade em seu argumento. O cristão com esta expectativa segura esperança de uma transformação contínua esta de muita ousadia. Nisto, nós não somos como Moisés, que punha um véu sobre a face (3.13). ele vai ainda amais adiante: “todos nós, diz Paulo, “com cara descoberta”...(3.18).
Moisés cobria seu rosto para que os israelitas não pudessem ver o que estava acontecendo com sua vida. Em contraste, os cristãos removem o véu, para que os outros possam ver exatamente o que está acontecendo em suas vidas! Naturalmente, isto é exatamente o que Paulo fez, quando no cap 1 revelou sua vulnerabilidade, e falou da grande pressão que sentia, se sua própria incapacidade de suportar e do sentimento de desespero que se apoderava ele.
Mas, certamente, alguém dirá: “Paulo, isto é fraqueza. Você não está expondo-se às críticas?” e a resposta de Paulo é: “Claro que sim!” É por isto que é necessário ter ousadia para ser um cristão (3.12). nós realmente nos fazemos vulneráveis para sermos criticados e mal interpretados. E é assustador, sermos nós mesmos com os outros, removendo os véus por trás dos quais a maioria dos homens esconde sua fraqueza.
Mas alguém poderá objetar: “Paulo, você deveria pregar Cristo. Você deveria dizer aos outros como Ele é suficiente e poderoso, e quão maravilhoso é ser um cristão. Este tipo de ousadia que você sugere não destrói sua mensagem, e faz com que ser cristão torne-se algo menos atraente?” e a resposta de Paulo é um categórico não! A mensagem do evangelho não é: Creiam em Cristo e sejam perfeitos agora. A mensagem do evangelho é: Cristo salva os pecadores. Ele consola e capacita os homens inadequados. A mensagem do evangelho ensina que Jesus nos entende em nossas fraquezas, nos encontra onde estivermos, e trabalha para nos tornar novas criaturas. E, além disso, sua ora dentro de nós é exibida ao longo do tempo. Nós olhamos para trás e fazemos a descoberta maravilhosa de que, embora ainda não sejamos o que vamos ser, nós já não somos o que éramos! O Espírito de Deus esteve trabalhando em nossas vidas, e nós crescemos à semelhança de Deus.
Para Paulo, é por isto que nós, cristãos, devemos ser muito ousados. É “com cara descoberta” que todos nós refletimos a glória do Senhor. A palavra grega refletir é katoptrizoenoi “espelhar ou contemplar”. Contemplar significa submeter-se à apreciação. Paulo está dizendo que, quando removermos nossos véus, precisamos necessariamente mostrar nossas imperfeições atuais. Removendo nossos véus nós também capacitamos os demais a testemunharem o processo de transformação que está ocorrendo dentro de nós. À medida que nós, cristão, vivemos juntos, sem véus, vulneráveis e fracos como somos, descobrimos que Deus está operando nas vidas de todos nós. Nós veremos Jesus nos rostos sem véu daqueles que chegarmos a conhecer e amar, pois o espírito de Deus, que nos dá liberdade para sermos verdadeiros uns com os outros (3.17) está realizando sua obra de transformação em nossas vidas.
Não é de admirar que Paulo diga: “Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia” (3.12). a confiança de que o espírito Santo, que é Deus, está atuando dentro de nós nos dá a liberdade de sermos verdadeiros uns com os outros. E à medida que exercitamos essa liberdade, vemos uma glória que supera tanto a glória do Antigo Concerto que “o que foi glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória” que é nossa em Cristo (3.10).

3. A liberdade do Espírito e a nossa permanente transformação (3.17,18). A liberdade do Espírito livrou-nos das amarras das tradições religiosas, que nos impediam de um relacionamento direto com o Senhor. Tal relacionamento é fundamental para que possamos ser transformados e conformados à imagem do homem perfeito e completo: Jesus Cristo (Rm 8.29; Ef 4.13).

CONCLUSÃO

Hoje, a glória que reflete em nossa vida não é a dos rostos, mas é aquela glória interior, que reflete a transformação na semelhança de Cristo, de forma gradual, de glória em glória, mediante a presença do Espírito de Cristo em cada um de nós.

Comentário atos:
(3.6). a letra era assim a lei escrita por si mesma, que “matava” simplesmente pelo pronunciamento da setença de morte ao moralmente culpado. O Espírito entretanto, escrevia a moralidade da lei no coração do povo de Deus, pelo próprio dom gracioso de Deus (Ez 36.26,27).

(3.8) os profetas haviam comparado favoravelmente a nova aliança (Jr 31.31-34) e tinha falado do Espírito e da Lei internalizada que viria como sendo o ideal (Ez 36.26,27). Assim ninguém podia negar que o Espírito de Deus no coração de uma pessoa era melhor que um rolo de lei aberto diante dos olhos dela.

(3.12) Ousadia: para explicar que eles falavam com sinceridade dessa forma, protestavam que não eram bajuladores como os demagogos que procuravam o apoio das massas, mas que no fundo não se preocupavam com os interesses do povo.

(3.13) a glória de Moisés tinha que ser tampada, ao contrário da fala franca de Paulo – e se desvaneceria sempre – ao contrário da glória da mensagem de Paulo, revelada através do espírito que veio residir nos crentes. Os varões judeus no tempo de Paulo não cobriam a cabeça a menos que estivessem com vergonha ou cobertos de luto.

(3.15,16) da mesma maneira, Moisés, que tinha com Deus uma relação íntima, não precisava de um véu ex 34.34.

Fontes: Comentário Bíblico Atos – AT e NT
Comentário Histórico cultural do Novo Testamento
Comentário Bíblico Beacon
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

C. H. Spurgeon - OS CRISTÃOS SÃO GUARDADOS AGORA E GLORIFICADOS NA ETERNIDADE


C. H. Spurgeon



OS CRISTÃOS SÃO GUARDADOS AGORA E GLORIFICADOS NA ETERNIDADE

"Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis com alegria, perante a sua glória, ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e por todo o sempre. Amém. " (Judas 24-25).

No início de sua epístola, no versículo 5, Judas escreveu sobre faltas e falhas cometidas por pessoas muitos séculos antes. Primeiro foram os israelitas no Velho Testamento.Eles foram mantidos em escravidão no Egito. Lá, não tinham liberdade alguma e eram obrigados a fazer coisas quase impossíveis. Então Deus os libertou. Ele abriu um caminho para eles através do Mar Vermelho em terra seca. Eles atravessaram a salvo para o outro lado e então as águas retomaram o seu curso. Os egípcios, que os tinham tratado tão mal, afogaram-se todos. Que maravilhoso livramento para Moisés e o povo de Israel, os quais louvaram a Deus pelo milagre que Ele havia realizado.
Não é surpreendente o fato de que logo os israelitas tenham esquecido o maravilhoso milagre que Deus havia operado a favor deles no Mar Vermelho? Eles até mesmo quiseram voltar para o Egito, ontem tinham sofrido tanto! Criaram outros deuses e os adoraram. Muitos milhares de pessoas atravessaram o Mar Vermelho. Deus cuidou delas quando vagaram pelo deserto durante 40 anos. Entretanto, por terem sido desobedientes, todos eles morreram antes de alcançar a terra prometida por Deus. Somente Calebe e Josué, dois homens de fé, chegaram a essa terra. Até Moisés e Arão pecaram e não tiveram permissão para entrar na terra prometida.
Judas pensou sobre tudo isso, e então meditou a respeito de si próprio e dos outros crentes que conhecia. Tais reflexões devem tê-lo deixado triste, porque todos os crentes são pecadores. Por que, então, ele estava feliz ao escrever estes versículos 24 e 25? Sentia-se feliz porque sabia que Deus levará aos céus com segurança todos os que Ele liberta da escravidão espiritual. Assim, Judas tinha que louvar a Deus e cantar: "Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar...".
No versículo 6, Judas escreve sobre anjos. Não sabemos muito sobre anjos, mas acreditamos que são muito melhores e mais sublimes do que nós. Os anjos a respeito dos quais Judas fala, inclusive um chamado Lúcifer, são aqueles que caíram no pecado e foram expulsos do céu por Deus. Como podem os anjos cair e tornar-se perversos e impuros? A Palavra de Deus nos diz que isso realmente aconteceu. Será que o fato de pensarmos sobre os anjos que pecaram não nos faz temer que nós, também, podemos pecar da mesma forma? Sim, mas aqui está a verdade sobre à qual Judas está feliz — o Senhor Jesus nos guardará! Às vezes, podemos cair em pecado, porém Ele vem e nos levanta de novo. Ele nunca desamparará os que crêem nEle.
Judas não escreve a respeito de Adão nesta epístola, todavia eu gostaria de mencioná-lo. Deus fez Adão um homem perfeito. Ele era puro, bom e sem pecado. Tinha uma vida feliz e tranqüila no jardim do Éden, onde Deus o havia colocado. Deus lhe disse para não comer o fruto de uma árvore especial do jardim. Adão foi desobediente. Ele comeu o fruto e pecou contra Deus. Então, Deus o expulsou do jardim. E assim, Adão precisou trabalhar arduamente para produzir alimento, ou não teria nada para comer.
Devido Adão ter pecado, nós que descendemos dele também somos pecadores. Herdamos sua natureza; assim, como podemos esperar obedecer a Deus, posto que Adão fracassou? A única resposta é que o Senhor Jesus Cristo prometeu que, quando começar a operar em nossas vidas, Ele continuará até que tenha terminado a obra. Portanto, devemos louvar novamente com Judas: "Ora, aqueles que é poderoso para vos guardar de tropeçar...".
Mas havia algo mais na mente de Judas. Ele estava pensando a respeito do lugar onde pecadores e anjos foram lançados quando não foram guardados por Deus. Os israelitas incrédulos e desobedientes foram destruídos e também desceram às terríveis trevas do inferno. Devemos certificar-nos de que não somos incrédulos e desobedientes. Devemos estar sempre confiando em Deus, que nos salvou e prometeu guardar-nos.
Em seguida, no versículo 6, Judas escreve sobre anjos decaídos, que ele nos diz estarem em algemas e sob trevas. Eles serão mantidos lá até que Cristo venha para julgá-los e puni-los. Então, eles serão enviados ao inferno para sempre. Se o amor eterno de Deus não nos tivesse resgatado, nós também teríamos sido condenados ao sofrimento em algemas, trevas e fogo por causa de nosso pecado. Só temos segurança por meio dAquele que é capaz de nos guardar de tropeços.
No versículo 7, Judas nos fala sobre as cidades de Sodoma e Gomorra. O sol estava se pondo ao anoitecer. As pessoas estavam felizes. Elas estavam rindo e se divertindo. A terra era férti1 e o povo tinha tudo o que queria. Mas as pessoas nas cidades eram muito perversas, e Deus resolveu destruí-las. Depois que Deus levou para fora Seu servo Ló com sua família, Ele destruiu as cidades com fogo e enxofre. Abraão podia ver a fumaça das cidades em chamas, ainda que habitasse muito longe. O Mar Morto agora cobre o lugar onde estava essas cidades. Nada pode viver naquele mar. Isto demonstra o juízo de Deus. E então, contra essas sombrias circunstâncias, Judas lembra novamente que assim como Deus guardou Ló da destruição, assim também guardará Seu próprio povo.
No versículo 13 da epístola, Judas escreve sobre os terríveis pecados daqueles que pareciam crer em Cristo, mas na realidade não criam. Eles são chamados apóstatas. Estremecemos ao pensar sobre o que acontece com tais pessoas. Elas não são capazes de se manter no caminho de Deus, porque não confiam realmente em Cristo, o único que pode salvá-las e guardá-las. Assim, quando pecam elas se tornam tremendas pecadoras, o que é algo pavoroso de se imaginar. Vocês devem ter certeza de que verdadeiramente crêem. Então, com Judas, continuarão confiando em Cristo, que é "poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis com alegria perante a sua glória."
Observemos as bênçãos de que Judas fala. Ele diz que o Senhor Jesus Cristo tem poder para fazer três coisas:

1. Antes de tudo, Ele tem poder para guardá-los de tropeços, enquanto vocês andam pelo perigoso caminho que vai da terra aos céus. Quando escalamos montanhas, há estreitos atalhos, às vezes com um íngreme precipício em um dos lados. Se déssemos um passo errado, poderíamos cair em um imenso abismo. O mesmo acontece com nossas vidas espirituais. O caminho muitas vezes é difícil e escorregadio. Seria muito fácil tropeçar se o Senhor Jesus não mantivesse nossos pés firmes no chão. Quando andamos com segurança, portanto, devemos dar toda a glória a Deus que está nos guardando.
Mesmo os verdadeiros crentes são muito fracos. Vocês não são capazes de viajar por si próprios. Vocês não são capazes de ver os perigos ocultos. Precisam que o Senhor Jesus cuide de vocês e evite que caiam. Além disso, vocês têm inimigos que se escondem ao lado da estrada, prontos para aparecer e derrubá-los. Somente o Senhor Jesus pode protegê-los dos inimigos que estão sempre esperando para destruí-los. Não deveríamos louvar "aquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar"?
Ainda que sejamos tão fracos, Ele nos levará ao céu. Este mundo em que vivemos não é nosso lar. Muitas vezes gostaríamos de deixá-lo, pois a vida aqui se torna muito difícil. Gostaríamos de ir para nosso lar celestial. O Senhor Jesus tem poder para nos levar lá! Ele lutará contra nossos inimigos para nós. Jesus nos guardará de cair no pecado, e levará todos aqueles pelos quais Ele morreu para a terra celestial. Ninguém será deixado para trás. Estaremos seguros e felizes com Ele para sempre. O Senhor Jesus nos apresentará a Deus e estaremos com aqueles que alcançaram o céu antes de nós.

2. Em seguida, devemos notar que quando formos apresentados a Deus, estaremos imaculados. Como poderemos nós, que somos pecadores, estar sem faltas? A única resposta é que nosso Salvador é muito poderoso e Sua obra é sempre perfeita. Por mais pecadores que vocês sejam, se Cristo, em Sua misericórdia e graça, opera em seus corações de forma que vocês acreditem nEle, Ele os lavará em Seu sangue; isto significa que Cristo oferece Sua morte como pagamento pelos seus pecados. Vocês podem ter sido bêbados, ladrões ou adúlteros; mas agora, tendo nascido de novo por causa do que Cristo fez, aos olhos de Deus vocês serão puros, limpos e cândidos.
Mas há algo mais. Não basta que um homem esteja sem faltas, sem pecados. Ele precisa ter boas qualidades também. Ele não chegará ao céu somente porque seu pecado foi perdoado. Ele deve também ser obediente aos mandamentos de Deus. Entretanto como não temos poder para guardar a lei de Deus perfeitamente, como podemos esperar que chegaremos ao céu? Apenas porque o Senhor Jesus Cristo viveu uma vida perfeita a nosso favor. Ele guardou a lei de Deus, e Deus em Sua grande misericórdia considera a obediência de Cristo com relação à Sua lei como se fosse nossa própria obediência. Ele a atribui a nós.
Assim, duas coisas aconteceram. Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos ser perdoados; Cristo viveu uma vida perfeita, e agora Deus nos olha como se tivéssemos levado uma vida assim, e Ele nos aceita.

3. 0 melhor de tudo, porém, é o fato de que Deus nos tomará em novas pessoas. Por causa de Cristo, Deus nos aceita como inculpáveis e bons. Então, Ele também coloca em nossos corações o desejo de sermos santos e bons. Enquanto vocês viverem na terra, embora não queiram pecar, ainda assim a maldade estará em seus corações, tentando fazer com que cometam coisas pecaminosas que na verdade não querem. Em Romanos, capítulo 7, o apóstolo Paulo nos diz que quando quis fazer o bem, o mal estava presente nele, e ele fez o que detestava.
Um dia, todo o mal em vocês terá desaparecido para sempre. Isto só acontecerá quando estes corpos pecaminosos morrerem e estivermos com nosso Salvador no céu. Quando O virmos, seremos como Ele. Que alegria será para nós! Portanto, devemos dizer novamente com Judas: "Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar... glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos."
Quando chegarmos ao céu, entenderemos muito mais do que agora
. Olharemos para trás e veremos todas às vezes nos quais fomos guardados de cair no pecado. Louvaremos o Senhor Jesus que nos guardou. Mas mesmo agora, nesta vida, devemos lembrar que Ele nos segura firmes, e não nos abandonará.
Em seguida, vejamos como o Senhor Jesus nos apresentará diante de Deus. Judas diz que será com muita exultação. Quem vocês acham que sentirá essa exultação? Todo cristão sincero e sentirá. Todos os que já leram a Bíblia cuidadosamente conhecem a Parábola do Filho Pródigo. Quem estava mais feliz na festa que o pai preparou para seu Filho que agora voltara para casa? O filho pródigo. Ele mal podia acreditar que seu pai ainda conseguia amá-lo depois de ter sido tão ingrato e pecador.
O mesmo acontecerá conosco quando Deus, nosso Pai, nos trouxer para o lar que preparou para nós no céu. Olharemos para nossas vidas na terra. Pensaremos como fomos ingratos e como nos afastamos do Senhor Jesus Cristo. Então pensaremos como ainda assim Ele nos amou e por fim nos trouxe ao céu. O pecado, a tentação e o diabo, que sempre foram nossos inimigos, terão desaparecido, e seremos mais felizes do que jamais pensamos que poderíamos ser. Vocês deveriam estar muito felizes agora também, ao lembrarem que quando os problemas da vida acabarem, vocês serão felizes no céu eternamente.
O obreiro cristão também será feliz. Quando ele chegar ao céu será humilde, bem como exultante. Verá ali aqueles para quem ele havia falado a respeito do Senhor Jesus Cristo. Eles creram em Jesus e foram levados ao céu também. Os obreiros cristãos estarão cheios de júbilo e dirão: "Aqui estou eu e os filhos que me deste; a ti louvor".
Os anjos também terão grande alegria. A Bíblia diz que há júbilo no céu por todo pecador que se arrepende. Assim, como será imensa a alegria deles quando um número incalculável de pecadores arrependidos, todos perfeitos e sem culpas, for trazido com segurança para o céu!
Pecadores, obreiros cristãos, anjos, todos terão muita alegria. Mas quem estará ainda mais exultante? O próprio Senhor Jesus Cristo estará mais feliz que todos. Todo o Seu povo chegou em casa a salvo. Com segurança, Cristo libertou de cada perigo todos os que Lhe foram dados por Seu Pai. O propósito de Deus foi cumprido e todo Seu povo eleito foi completamente salvo. Cada promessa feita por Deus Pai e por Deus Filho foi cumprida. Assim, naquele dia ninguém estará mais feliz do que o Senhor Jesus Cristo. Ele veio à terra para viver e morrer por nós, a fim de que nos céus pudéssemos ser Sua noiva. A Bíblia diz: "... como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus" (Is. 62:5). Que dia de júbilo será aquele! Diz Isaías: "Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito".
Toda a Igreja estará no céu, reunida de toda as nações, sem mancha alguma e completa. Nenhum crente estará faltando. Os cristãos não estarão lá por causa de algo de bom dentro deles, mas devido à aliança feita entre Deus o Pai e o Senhor Jesus Cristo. Inúmeros pecadores serão salvos, guardados de tropeços e por fim trazidos à presença de Deus , porque essa aliança não pode ser rompida.
E então, finalmente, o próprio Deus terá infinito regozijo. Está escrito no livro de Sofonias, no Velho Testamento: "O Senhor teu Deus... se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo". Acho que esta é uma das mais maravilhosas passagens da Bíblia. Quando o mundo foi feito, as estrelas da manhã exultaram de alegria, mas Deus disse apenas que "era bom". Ele não Se regozijará até que todas as pessoas escolhidas encontrem-se ao redor de Seu trono. Então, até Deus, o Pai Eterno, entoará uma esplêndida canção.
Há mais uma reflexão que eu gostaria de acrescentar. Tudo o que dissemos é verdade para todos dentre vocês que são crentes. Para todos vocês, é verdade que Ele os guardará de tropeços e os apresentará "com exultação, imaculados diante da sua glória". Então, vocês devem entoar juntos esta canção: "... ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e para todo o sempre. Amém."
Ao mesmo tempo, quando pensarem em sua segurança em Cristo, não esqueçam suas atuais fraquezas. Quero que saibam que por si próprios vocês não têm poder para obedecer a Deus por um só minuto. O poder gracioso de Deus por si só irá guardá-los. Cristo prometeu trazê-los com segurança para o céu, e Ele certamente fará isso. Vocês estão seguros nas mãos de Cristo. Nenhum inimigo de Deus pode arrancá-los de Cristo.
E quanto àqueles dentre vocês que ainda não sabem que foram salvos pela graça de Deus? Meu desejo é que vocês não confiem em si próprios ou em algum bem que acham que podem fazer, mas quero que confiem em Cristo. Vocês podem se arruinar e acabar indo ao inferno, porém não se podem salvar e ir ao céu. Somente Cristo pode salvá-los. Confiem suas vidas Àquele(que é poderoso para guardá-los de tropeços. Se vocês morrerem como estão, certamente perecerão. Só Cristo pode salvá-los. Somente Ele pode torná-los imaculados e levá-los ao céu. Ele é capaz de fazer isso por vocês. Cristo derramou Seu sangue na cruz a fim de abrir um caminho para vocês virem ao céu. Confiem no poder de Seu sangue e estarão salvos de seus pecados e impurezas. Levantem os olhos para Cristo com uma fé simples, para que possam chegar ao céu e cantar com todos os remidos do Senhor: "Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e para todo o sempre. Amém."
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Que Livro!!!



Que Livro!!!

(Isaías 34:16a) Buscai no livro do SENHOR e lede...

Obras e autores surgem e desaparecem. Mas a bíblia, através dos séculos, continua sendo “O Livro”.

A Bíblia Sagrada foi escrita em um período de dezesseis séculos, por cerca de quarenta autores. A Santa Biblioteca é formada por duas partes: o Antigo e o Novo testamento.

(Deuteronômio 17:19) E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir.

(Romanos 10:8) Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.

Deus é mencionado nas páginas sagradas cerca de 8.000 vezes. E a frase “Não Temas” ocorre 365 vezes – alguém achou 366 – e há cerca de 32.000 promessas nas páginas sagradas.

O maior versículo é Ester 8.9, e o menor, Lucas 20.30. Isso pode variar de acordo com a tradução empregada.

Ester e Cantares não contém a palavra “Deus”, embora a operação dEle esteja emplícita nesses Livros. Em cantares 8.6, Deus é apresentado como “Senhor”.

O livro de Isaías é uma miniatura da bíblia, com os seus 66 capítulos. A primeira parte tem 39 capítulos, e a segunda, 27. Assim como o Novo testamento termina mencionando o novo céu e a nova terra, isto ocorre em Isaías 66.22. O nome do profeta se assemelha ao de Jesus, cujo significado é salvação.

O maior e o menor capítulo da Bíblia estão no livro de Salmos: o 119 e o 117.

O capítulo que está no meio das Escrituras é o Salmo 118. Há 594 capítulos antes deste salmo e 594 depois dele! Este número multiplicado por 2 é igual a 1.118. curiosamente, o versículo que está no centro da bíblia é Salmo 118.8!!!! E este afirma: “É melhor confiar no Senhor, do que confiar no homem”.

Santa biblioteca

Se alguém dissesse que você leva uma biblioteca nas mãos, você acreditaria?
Acredite! Pois a bíblia é formada por 66 livros que cabem na sua mão. O que você acha disso?
A palavra “bíblia” significa, literalmente, “biblioteca. Deriva de “biblos”, e é empregada para representar uma folha de papiro ou pergaminho. Diversas dessas folhas formam um rolo – “biblion” - , e vários rolos constituem uma biblioteca ou bíblia, nome dado às Sagradas Escrituras a partir do Século II.

A Nossa Bíblia

A divisão de capítulos das escrituras foi realizada em 1250, e a de versículos, entre 1445 e 1551. O primeiro exemplar dividido em capítulos e versículos foi publicado em 1555. Você gosta de números? O antigo testamento contém 23.214 versículos inseridos em 929 capítulos. E o Novo, 7959 versículos contidos em 260 capítulos. No total, são 1189 capítulos, 31.173 versículos, 773.693 palavras e 3.566.480 letras.
A bíblia foi o primeiro livro impresso, em 1455, na Alemanha, por Johannes Gutenberg. Tal acontecimento revolucionou a indústria gráfica do século XV.

O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA

Sabia que todos os livros da bíblia apontam para Jesus? No Antigo Testamento há várias profecias sobre ele, conhecidas como messiânicas (Dt 18.15-18; Jó 19.25; Sl 22.1,16, etc.), que se cumpre nas páginas do Novo testamento.

PENSE NISSO

“Ou a Bíblia me afasta do pecado, ou o pecado me afasta da Bíblia” D.L.Moody.


fontes:


A Atualidade da mensagem da Bíblia.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

As 95 Teses de Lutero


As 95 Teses de Lutero


[Essas teses foram afixadas na porta da igreja do Castelo de Wittenberg a 1o de outubro de 1517. Era esse o modo usual de se anunciar uma disputa, instituição regular da vida universitária e não havia nada de dramático no ato. Lutero confiava receber o apoio do papa pelo fato de revelar os males do tráfico das indulgências.]
Uma disputa do Mestre Martinho Lutero, teólogo, para elucidação da virtude das indulgências.
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, o façam por escrito. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


1. Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo em dizendo "Arrependei-vos, etc.), afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser uma ato de arrependimento.
2. Essa declaração não pode ser entendida como o sacramento da penitência (i. e., confissão e absolvição) que é administrado pelo sacerdócio.
3. Contudo, não pretende falar unicamente de arrependimento interior; pelo contrário, o arrependimento interior é vão se não produz externamente diferentes espécies de mortificação da carne.
4. Assim, permanece a penitência enquanto permanece o ódio de si (i. e., verdadeira penitência interior), a saber, o caminho reto para entrar no reino dos céus.
5. O papa não tem o desejo nem o poder de perdoar quaisquer penas, exceto aquelas que ele impôs por sua própria vontade ou segundo a vontade dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoado os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de ninguém sem sujeitá-lo à humilhação sob todos os aspectos perante o sacerdote, vigário de Deus.
8. Os cânones da penitência são impostas unicamente sobre os vivos e nada deveria ser imposta aos mortos segundo eles.
9. Por isto o Espírito Santo nos beneficia através do papa, mas sempre faz exceção de seus decretos no caso da iminência da morte e da necessidade.
10. Os sacerdotes que no caso de morte reservam penas canônicas para o purgatório agem ignorante e incorretamente.
11. Esta cizânia que se refere à mudança de penas canônicas em penas no purgatório certamente foi semeada enquanto os bispos dormiam.
12. As penitências canônicas eram impostas antigamente não depois da absolvição, mas antes dela, como prova de verdadeira contrição.
13. Os moribundos pagam todas as suas dívidas por meio de sua morte e já estão mortos para as leis dos cânones, estando livres de sua jurisdição.
14. Qualquer deficiência em saúde espiritual ou e amor por parte de um homem moribundo deve trazer consigo temor, e quanto maior for a deficiência maior deverá ser o temor.
15. Esse temor e esse terror bastam por si mesmos para produzir as penas do purgatório, sem qualquer outra coisa, pois estão pouco distante do terror do desespero.
16. Com efeito, a diferença entre Inferno, Purgatório e Céu parece ser a mesma que há entre desespero, quase-desespero e confiança.
17. Parece certo que para as almas do purgatório o amor cresce na proporção em que diminui o terror.
18. Não parece estar provado, quer por argumentos quer pelas Escrituras, que essas almas estão impedidas de ganhar méritos ou de aumentar o amor.
19. Nem parece estar provado que elas estão seguras e confiantes de sua bem-aventurança, ou, pelo menos, que todas o estejam, embora possamos estar seguros disso.
20. O papa pela remissão plenária de todas as penas não quer dizer a remissão de todas as penas em sentido absoluto, mas somente das que foram impostas por ele mesmo.
21. Por isto estão em erro os pregadores de indulgências que dizem ficar um homem livre de todas as penas mediante as indulgências do papa.
22. Pois para as almas do purgatório ele não perdoa penas a que estavam obrigadas a pagar nesta vida, segundo os cânones.
23. Se é possível conceder remissão completa das penas a alguém, é certo que somente pode ser concedida ao mais perfeito; isto quer dizer, a muito poucos.
24. Daí segue-se que a maior parte do povo está sendo enganada por essas promessas indiscriminadas e liberais de libertação das penas.
25. O mesmo poder sobre o purgatório que o papa possui em geral, é possuído pelo bispo e pároco de cada dioceses ou paróquia.
26. O papa faz bem em conceder remissão às almas não pelo poder das chaves (poder que ele não possui), mas através da intercessão.
27. Os que afirmam que uma alma voa diretamente para fora (do purgatório) quando uma moeda soa na caixa das coletas, estão pregando uma invenção humana (hominem praedicant).
28. É certo que quando uma moeda soa, cresce a ganância e a avareza; mas a intercessão (suffragium) da Igreja está unicamente na vontade de Deus.
29. Quem pode saber se todas as almas do purgatório desejam ser resgatadas? (Que se pense na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal).
30. Ninguém está seguro na verdade de sua contrição; muito menos de que se seguirá a remissão plenária.
31. Um homem que verdadeiramente compra suas indulgências é tão raro como um verdadeiro penitente, isto é, muito raro.
32. Aqueles que se julgam seguros da salvação em razão de suas cartas de perdão serão condenados para sempre juntamente com seus mestres.
33. Devemos guardar-nos particularmente daqueles que afirmam que esses perdões do papa são o dom inestimável de Deus pelo qual o homem é reconciliado com Deus.
34. Porque essas concessões de perdão só se aplicam às penitências da satisfação sacramental que foram estabelecidas pelos homens.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plenária tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de perdão.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem cartas de perdão.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.
39. É muito difícil, mesmo para os teólogos mais sábios, dar ênfase na pregação pública simultaneamente ao benefício representado pelos indulgências e à necessidade da verdadeira contrição.
40. Verdadeira contrição exige penitência e a aceita com amor; mas o benefício das indulgências relaxa a penitência e produz ódio a ela. Tal é pelo menos sua tendência.
41. Os perdões apostólicos devem ser pregados com cuidado para que o povo não suponha que eles são mais importantes que outros atos de amor.
42. Deve ensinar-se aos cristãos que não é intenção do papa que se considera a compra dos perdões em pé de igualdade com as obras de misericórdia.
43. Deve ensinar-se aos cristãos que dar aos pobres ou emprestar aos necessitados é melhor obra que comprar perdões.
44. Por causa das obras do amor o amor é aumentado e o homem progride no bem; enquanto que pelos perdões não há progresso na bondade mas simplesmente maior liberdade de penas.
45. Deve ensinar-se aos cristãos que um homem que vê um irmão em necessidade e passa a seu lado para dar o seu dinheiro na compra dos perdões, merece não a indulgência do papa, mas a indignação de Deus.
46. Deve ensinar-se aos cristãos que – a não ser que haja grande abundância de bens – são obrigados a guardar o que é necessário para seus próprios lares e de modo algum gastar seus bens na compra de perdões.
47. Deve ensinar-se aos cristãos que a compra de perdões é matéria de livre escolha e não de mandamento.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que de dinheiro contado.
49. Deve ensinar-se aos cristãos que os perdões do papa são úteis se não se põe confiança neles, mas que são enormemente prejudiciais quando por causa deles se perde o temor de Deus.
50. Deve ensinar-se aos cristãos que, se o papa conhecesse as exações praticadas pelos pregadores de indulgências, ele preferiria que a basílica de São Pedro fosse reduzida a cinzas a construí-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve ensinar-se aos cristãos que o papa – como é de seu dever – desejaria dar os seus próprios bens aos pobres homens de quem certos vendedores de perdões extorquem o dinheiro; que para este fim ele venderia – se fosse possível – a basílica de São Pedro.
52. Confiança na salvação por causa de cartas de perdões é vã, mesmo que o comissário, e até mesmo o próprio papa, empenhasse sua alma como garantia.
53. São inimigos de Cristo e do povo os que em razão da pregação das indulgências exigiam que a palavra de Deus seja silenciada em outras igrejas.
54. Comete-se uma injustiça para com a palavra de Deus se no mesmo sermão se concede tempo igual, ou mais longo, às indulgências do que a palavra de Deus.
55. A intenção do papa deve ser esta: se a concessão dos perdões – que é matéria de pouca importância – é celebrada pelo toque de um sino, como uma procissão e com uma cerimônia, então o Evangelho – que é a coisa mais importante – deve ser pregado com o acompanhamento de cem sinos, de cem procissões e de cem cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja – de onde o papa tira as indulgências – não estão suficientemente esclarecidos nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É pelo menos claro que não são tesouros temporais, porque não estão amplamente espalhados mas somente colecionados pelos numerosos vendedores de indulgências.
58. Nem são os méritos de Cristo ou dos santos, porque esses, sem o auxílio do papa, operam a graça do homem interior e a crucificação, morte e descida ao inferno do homem exterior.
59. São Lourenço disse que os pobres são os tesouros da Igreja, mas falando assim estava usando a linguagem de seu tempo.
60. Sem violências dizemos que as chaves da Igreja, dadas por mérito de Cristo, são esses tesouros.
61. Porque é claro que para a remissão das penas e a absolvição de casos (especiais) é suficiente o poder do papa.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o sacrossento Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este é merecidamente o mais odiado, visto que torna o primeiro último.
64. Por outro lado, os tesouros das indulgências são merecidamente muito populares, visto que fazem do último primeiro
65. Assim os tesouros do Evangelho são redes com que desde a Antigüidade se pescam homens de bens.
66. Os tesouros das indulgências são redes com que agora se pescam os bens dos homens.
67. As indulgências, conforme declarações dos que as pregam, são as maiores graças; mas "maiores" se deve entender como rendas que produzem.
68. Com efeito, são de pequeno valor quando comparadas com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Bispos e párocos são obrigados a admitir os comissários dos perdões apostólicos com toda a reverência.
70. Mas estão mais obrigados a aplicar seus olhos e ouvidos à tarefa de tornar seguro que não pregam as invenções de sua própria imaginação em vez de comissão do papa.
71. Se qualquer um falar contra a verdade dos perdões apostólicos que sejam anátema e amaldiçoado.
72. Mas bem-aventurado é aquele que luta contra a dissoluta e desordenada pregação dos vencedores de perdões.
73. Assim como o papa justamente investe contra aqueles que de qualquer modo agem em detrimento do negócio dos perdões.
74. Tanto mais é sua intenção investir contra aqueles que, sob o pretexto dos perdões, agem em detrimento do santo amor e verdade.
75. Afirmar que os perdões papais têm tanto poder que podem absolver mesmo um homem que – para aduzir uma coisa impossível – tivesse violado a mão de Deus, é delirar como um lunático.
76. Dizemos ao contrário, que os perdões papais não podem tirar o menor dos pecados veniais no que tange à culpa.
77. Dizer que nem mesmo São Pedro e o papa, não podia dar graças maiores, é uma blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc. como em 1 Co 12.
79. É blasfêmia dizer que a cruz adornada com as armas papais tem os mesmos efeitos que a cruz de Cristo.
80. Bispos, párocos e teólogos que permitem que tal doutrina seja pregada ao povo deverão prestar contas.
81. Essa licenciosa pregação dos perdões torna difícil, mesmo a pessoas estudadas, defender a honra do papa contra a calúnia, ou pelo menos contra as perguntas capciosas dos leigos.
82. Esses perguntam: Por que o papa não esvazia o purgatório por um santíssimo ato de amor e das grandes necessidades das almas; isto não seria a mais justa das causas visto que ele resgata um número infinito de almas por causa do sórdido dinheiro dado para a edificação de uma basílica que é uma causa bem trivial?
83. Por que continuam os réquiens e os aniversários dos defuntos e ele não restitui os benefícios feitos em seu favor, ou deixa que sejam restituídos, visto que é coisa errada orar pelos redimidos?
84. Que misericórdia de Deus e do papa é essa de conceder a uma pessoa ímpia e hostil a certeza, por pagamento de dinheiro, de uma alma pia em amizade com Deus, enquanto não resgata por amor espontâneo uma alma que é pia e amada, estando ela em necessidade?
85. Os cânones penitenciais foram revogados de há muito e estão mortos de fato e por desuso. Por que então ainda se concedem dispensas deles por meio de indulgências em troca de dinheiro, como se ainda estivesse em plena força?
86. As riquezas do papa hoje em dia excedem muito às dos mais ricos Crassos; não pode ele então construir uma basílica de São Pedro com seu próprio dinheiro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos fiéis?
87. O que o papa perdoa ou dispensa àqueles que pela perfeita contradição têm direito à remissão e dispensa plenária?
88. Não receberia a Igreja um bem muito maior se o papa fizesse cem vezes por dia o que agora faz uma única vez, isto é, distribuir essas remissões e dispensas a cada um dos fiéis?
89. Se o papa busca pelos seus perdões antes a salvação das almas do que dinheiro, por que suspende ele cartas e perdões anteriormente concedidos, visto que são igualmente eficazes?
90. Abafar esses estudos argumentos dos fiéis apelando simplesmente para a autoridade papal em vez de esclarecê-los mediante uma resposta racional, é expor a Igreja e o papa ao ridículo dos inimigos e tornar os cristãos infelizes.
91. Se os perdões fossem pregados segundo o espírito e a intenção do papa seria fácil resolver todas essas questões; antes, nem surgiriam.
92. Portanto, que se retirem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "paz, paz", e não há paz.
93. E adeus a todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "a cruz, a cruz", e não há cruz.
94. Os cristãos devem ser exortados a esforçar-se em seguir a Cristo, sua cabeça, através de sofrimentos, mortes e infernos.
95. E que eles confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.


Estudo Introdutório às 95 Teses de Martinho Lutero*
Alexander Martins Vianna

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Segundo a tradição luterana que celebra a persona Lutero (1483-1546), as “95 Teses” foram afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Se este ato, recorrentemente celebrado como fundador da Reforma Luterana, realmente aconteceu, não teria, em si mesmo, nada de excepcional: na verdade, isso era um modo costumeiro de se anunciar uma “disputa” ou “justa teológica” entre os doutos de Wittenberg. Portanto, não se tratava de uma ação que deveria ter uma conotação individual, visto que as disputas eram debates que envolviam professores e estudantes. Isso explica o fato de Lutero pedir para aqueles que não pudessem se fazer presentes à disputa que, ao menos, enviassem as suas opiniões por escrito para serem lidas. Afinal, segundo as regras da eloqüência, as “teses” deveriam ser vistas como “pontos a serem debatidos” em uma plenária de doutos.
Nesse sentido, trata-se de um ato público envolvendo doutos e/ou seus estudantes, como demonstra o fato de as teses terem sido escritas originalmente em latim e não em alemão (língua familiar de Lutero). Observa-se também que o tom irônico e uma certa preocupação com a métrica e a rima fazem parte do ritual de “belo discurso” (arte da retórica) – conhecimento obrigatório nas universidades de teologia e direito da época de Lutero. Portanto, ao lançar as suas “95 Teses”, Lutero tornava públicas (mas não populares) as suas idéias, com a finalidade de expor a doutos algumas questões que o incomodavam a respeito das “vendas de perdão/indulgências”, cujas contradições práticas e doutrinais, somadas à corrupção de determinados setores do clero, eram vistas por ele como uma ameaça à credibilidade da fé cristã e da Igreja de Roma. Isso significa que, ao tornar públicas as suas teses, Lutero esperava receber o apoio do papa, em vez de sua censura. No entanto, depois de novas disputas teológicas, desta vez com agentes enviados pelo Papa Leão X (1475-1521; pontificado: 1513-1521), foi redigida contra Lutero uma carta de excomunhão datada em 21 de janeiro de 1521, que ele receberia meses depois.
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Entre 1517 e 1521, Lutero fora submetido a algumas disputas teológicas – e quase metade de suas teses foi refutada pelos doutos do papa. Aos poucos, a situação fugiu dos muros da universidade, e muitas idéias de Lutero foram convenientemente distorcidas por membros da nobreza alemã, que utilizaram a “desculpa da fé” para tomar bens e terras de famílias inimigas e da própria Igreja. Imprevisivelmente, toda esta situação foi consolidando uma atmosfera de cisma religioso na Europa que estava longe das intenções de Lutero. Portanto, deve-se entender que a ação de Lutero misturou-se involuntariamente com interesses políticos e com outras tendências do debate teológico e da cultura religiosa que remontavam ao século XIII.
Ora, isso nos possibilita entender por que Lutero manifestou-se tanto contra as revoltas camponesas (marcadamente “anabatistas”) quanto contra os nobres que mesclavam seus interesses mundanos com o debate teológico que ele suscitara. Além disso, não se deve perder de vista que Lutero estava historicamente inscrito no universo sociocultural do Antigo Regime e, portanto, era muito cioso das hierarquias sociais. Por isso mesmo, criticava a nobreza e parte do clero por não darem “bom exemplo” ao explorarem os camponeses com tributações extraordinárias, pois isso apenas servia, segundo a sua opinião, para alimentar novas circunstâncias de revoltas sociais. Assim, não é paradoxal que, em 1520, ele tenha escrito o seu “Apelo à Nobreza Germânica” e, em 1525, no contexto das guerras camponesas, tenha escrito “Sobre a Autoridade Secular”, admoestando ambos os estamentos por criarem situações de instabilidade política e social.
Nestes dois escritos, Lutero define claramente o caracter secular da autoridade política como chave para se manterem equilibrados os direitos e responsabilidades que justificavam as hierarquias sociais tradicionais. Portanto, frente a um mundo que se apresentava instável e inseguro, Lutero apelava para dispositivos tradicionais como meios de restauração da segurança no mundo, mas com uma novidade doutrinal que jamais foi praticada plenamente em parte nenhuma da Europa do Antigo Regime: uma década antes de ceder ao pragmatismo dos príncipes protestantes da Liga de Smalkalde (1531-1547), quando então ratificou o princípio “cujus regio, ejus religio”, Lutero afirmava que era Deus que deveria julgar a fé individual e, portanto, nenhuma autoridade política deveria, em nome dela, causar perdas de vida e de bens entre seus súditos.
-3-
Por fim, valeria fazer uma última indagação: Se a ação de Lutero de lançar as suas teses em 1517 não teria nada de excepcional, por que posteriormente isso foi celebrado em muitos livros didáticos de história com uma certa conotação de heroicidade ou excepcionalidade?
Em primeiro lugar, porque os desdobramentos não necessariamente luteranos de uma fé reformada ganharam avultado corpo e agentes sociais nas décadas que se seguiram a Lutero. Sem isso, não há quem celebre ou crie memória social em torno de determinado evento como “marco fundador”. Em todo caso, foi ao final do século XVII, contexto da expansão militar de Luís XIV (que revogou o Édito de Nantes em 1685) na Europa Central, que se começou a celebrar nos meios protestantes o “dia de lançamento das 95 Teses de Lutero” como um marco histórico de ruptura com Roma.
Em segundo lugar, desde meados do século XVIII, várias idéias de outros escritos de Lutero foram lidos numa chave interpretativa iluminista de progresso cultural, particularmente as implicações sociais e institucionais de sua percepção de que a fé ou a consciência religiosa não deveria ser matéria dos príncipes. Aliás, vale lembrar que Immanuel Kant (1724-1804) está inscrito na tradição luterana quando escreve o artigo “O que é Esclarecimento?”(1784), no qual define um nexo causal entre secularização, tolerância religiosa e progresso cultural.
Em terceiro lugar, é bastante significativo lembrarmos que, no último terço do século XIX, políticos e intelectuais – bem antes da sociologia de Max Weber – começaram a estabelecer um nexo causal entre “protestantismo”, “progresso capitalista” e “expansão colonial moderna”, de modo a explicar e justificar a emergência imperial da Grã-Bretanha e da Prússia em face à “decadência ibérica” e à “derrocada napoleônica”.
Cronologia:
1483, 10 de novembro: Nasce Lutero.
1509: Henrique VIII(1491-1547) torna-se rei da Inglaterra. Nasce João Calvino em 10 de julho.
1517, 31 de outubro: Lutero fixa as suas “95 Teses” na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.
1518: Lutero recusa-se a retratar-se perante o papa Leão X(1475-1521; pontificado: 1513-1521).
1520, junho: Leão X condena 41 proposições de Lutero.
1521, 21 de janeiro: Leão X excomunga Lutero, mas levam vários meses até a ordem de excomunhão chegar à Alemanha.
1522: Lutero publica a sua advertência contra os distúrbios e publica a tradução do grego para o alemão do Novo Testamento, com gravuras de Lucas Cranach (1472-1553).
1523: Lutero publica texto que fala do direito de a comunidade de fiéis julgar toda a doutrina e nomear e demitir clérigos.
1524-1525: Revolta camponesa liderada por Thomas Müntzer (1490-1525).
1525: Lutero publica texto contra os “profetas sagrados” e contra as “revoltas camponesas”.
1528: Mandato imperial ameaça de morte os anabatistas.
1530: Carlos V (1500-1558) – rei de Espanha desde 1516 e eleito imperador Habsburgo desde 1519 – fracassa em impor uma ortodoxia religiosa ao império.
1534: Ruptura de Henrique VIII da Inglaterra com Roma, supressão dos monastérios e concessão de permissão para os padres se casarem. Na Alemanha, Lutero publica a tradução do hebreu para o alemão do Velho Testamento.
1534-1535: Anabatistas tomam o poder em Münster, mas seu “reino” é derrubado pela coligação de forças católicas e protestantes.
1536: Surge a primeira edição de “Instituições da Religião Cristã”, de João Calvino. Ocorre também a introdução da bíblia vernacular na Inglaterra.
1542: Calvino organiza o seu catecismo em Genebra.
1544: Calvino admoesta os anabatistas.
1545, 13 de dezembro: Começa o Concílio de Trento.
1546, 18 de fevereiro: Morre Lutero.
1547: Eduardo VI(1537-1553) assume o trono na Inglaterra e demonstra forte tendência calvinista.
1549: Eduardo VI lança o livro de pregações e pretende forçar a uniformidade religiosa em torno da fé reformada na Inglaterra.
1553: Morre Eduardo VI e sua irmã mais velha, Maria I(1516-1558), pretende o retorno da Inglaterra ao Catolicismo.
1558: Morre Carlos V da Espanha e Maria I da Inglaterra. Elizabeth (1533-1603) assume o trono da Inglaterra e tenta restaurar o anglicanismo de seu pai, Henrique VIII, o que significava evitar os extremos puritano(Eduardo VI) e católico(Maria I).
1560, Março: Fracasso de uma conspiração de jovens aristocratas huguenotes contra a Casa Católica do Duque de Guise na França. Primeiro édito de tolerância é editado.
1561, Setembro-Novembro: Colóquio de Poissy, mas fracassa a tentativa de restaurar a unidade entre huguenotes e católicos na França.
1562, março: Massacre dos huguenotes em Vassy comandada pela Casa Católica de Guise. Primeira Guerra Civil Religiosa na França.
1563: Em março, Catarina de Médicis(1519-1589; regente: 1560-1574) tenta por fim à guerra civil francesa com a assinatura da Paz de Amboise, que concede certo grau de tolerância para os huguenotes. Neste mesmo ano, encerra-se o Concílio de Trento.
1564, 27 de maio: Morre João Calvino. Théodore de Béze(1519-1605) sucede Calvino como líder da reforma protestante centrada em Genebra.
1572, 23-24 de agosto: Noite do Massacre de São Bartolomeu em Paris.
1598: Publicação do Édito de Nantes.
1685: Revogação do Édito de Nantes.