quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tema: Será que é possível haver esperança para aquele que esqueceu de Deus?

(Ezequiel 40.4)
Introdução

Voltamo-nos para a esperança do paraíso.
No livro do Profeta Isaías, ouvimos o profeta alertar Ezequias, rei de Judá, em relação ao exército assírio, ao mesmo tempo em que lhe assegurava a proteção de Deus. No livro do profeta Jeremias, que viveu um século depois de Isaías, incitar Judá e Jerusalém a seguirem a orientação do Senhor e se renderem ao exército Babilônio. Examinamos a Lamentação de um indivíduo que estava em Jerusalém durante o cerco e a queda da cidade. Aqui encontramos o profeta Ezequiel que viveu na mesma época de Jeremias, mas cujo ministério, na verdade, acontece no exílio, na Babilônia. Os babilônios levaram os israelitas, contra a vontade deles, para o exílio na babilônia em várias etapas, e ezequiel foi transportado em uma das primeiras. Provavelmente em 597 a.C.. ele viajou para a babilônia com a família rela e outros líderes de Jerusalém. Jerusalém foi apenas totalmente destruída uma década depois, em 586 ou 587 a.C. Ezequiel foi treinado para ser sacerdote na cidade de Davi e conhecia bem a vida religiosa e seu povo.
Mas Ezequiel estava a um exílio de distância do templo, talvez parecesse que não haveria futuro para esse sacerdote servir o povo de Deus. Afinal, o trabalho do sacerdote era vinculado ao Templo. Muitos dos Judeus ficaram preocupados com a idéia de que Deus talvez estivesse inacessível a eles já que estavam longe da Terra Prometida. Mas esse não era o caso – nem para Ezequiel, nem para o povo. Deus prepara esse jovem sacerdote para ser porta-voz especial entre os judeus exilados.
Qualquer pessoa sabe que Ezequiel era um homem, que estava longe de ser uma pessoa normal. Ezequiel foi um dos maiores personagens espirituais de todos os tempos, apesar de sua tendência à anormalidade sobrenatural.
Talvez as coisas estranhas que o Senhor chamou Ezequiel a fazer a fim de se comunicar com seu povo sejam o que faça com que ele pareça tão estranho.
Deus chamou Ezequiel a transmitir visões misteriosas e fantásticas pela prática de atos estranhos e simbólicos. Durante o primeiro período do ministério de Ezequiel (593 – 586 a.C.), Deus chamou-o a ser praticamente um recluso afligido por convulsões, paralisias e mutismo periódicos. Por exemplo, episódios de afasia em que Ezequiel fica deitado imóvel sobre seu lado durante meses, até anos (4.4). Ele é amarrado com cordas em sua casa para que não pudesse sair em meio às pessoas (3.25). A língua dele é grudada no palato para que não possa falar (3.26). Ele recebe ordem de não chorar a morte da esposa (24.16,17), e é transportado em visões (8.7). É lhe dito para fazer uma maquete da jerusalém sitiada e levantar a espada contra ela (4.1,2; 5.1,2). O profeta ainda empacota seus pertences e enterra-os ao longo de todo o muro da cidade para simbolizar o exílio vindouro.
Antes da queda de Jerusalém, era constante Ezequiel anunciar a mensagem de Deus representando a profecia. De fato, Deus falara a seu servo que ele ficaria mudo, exceto quando Deus decidisse alivia-lo da aflição pela entrega de declarações especificas. Há dez dessas mensagens dadas na linguagem de sinais dos mudos nos primeiros vinte e quatro capítulos. Um tijolo, comida imunda, uma navalha, uma panela e um fogo foram elementos utilizados para transmitir a mensagem divina. Lembrando que quem voltaria para a sua terra, seria as crianças. Porque só depois de 70 anos no exílio é que seu seria liberto. Por isso a sua mensagem para ser teatral, lúdica.
Considerando esse livro tão estranho que rabis judeus, com freqüência, não permitiam que os jovens lessem Ezequiel até completarem trinta anos a fim de que não ficassem desencorajados com a dificuldade de compreender as Escrituras e, por isso, as desdenhassem. Porém o apostolo Paulo nos orienta a não deixar Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.
Mas esse livro não é, de fato tão difícil de entender. Ele dividi-se em duas metades. Nos (1-24), o Senhor conta a seu podo sobre o julgamento que virá sobre eles. Ele diz que os babilônios e Nabucodonosor destruirão Jerusalém. O auge acontece no (24), quando vem a Ezequiel a palavra de que o cerco à cidade começara. Os capítulos 25-48 trazem mais esperança. A segunda metade inicia-se com condenações aos povos circuvizinhos, especificamente Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. Em 33.21, chega a palavra de que, na verdade, Jerusalém caiu, e, a partir desse ponto, Ezequiel começa a profetizar sobre a esperança e a restauração para o povo de Deus. As profecias de Ezequiel se estende-se por um período de mais de duas décadas – de cerca de 593 a 571 a.C.
Existe três seqüência básicas de visões que Deus dá a Ezequiel, e, se você as entender, pode dizer que conhece o livro. A primeira 1-3, em que Ezequiel, já na babilônia, vê pela primeira vez Deus vindo a ele em uma visão. A segunda 8-11. É uma lembraça repentina em que Deus mostra a Ezequiel como sua presença deixou Jerusalém por causa da adoração idólatra praticada no templo. A seguir, o livro termina com a seqüência de uma longa visão, apresentada nos capítulos 40-48, em que Deus vem, de novo, ao seu povo em um Templo reconstruído.

UMA VISÃO DE DEUS, O REI

A primeira visão e Ezequiel é a de Deus, o Rei. Esse livro, como outros grandes livros da bíblia, inicia com Deus em sua corte celestial.
Deus aparece para Ezequiel em uma visão de abertura extraordinária que se inicia com as palavras: “E aconteceu, no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que, estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu vi visões de Deus” (1.1). A seguir, Ezequiel, nos primeiros capítulos, descreve essa visão.
É importante lembrar que o fato de Deus revelar-se a Ezequiel (também a Daniel) na Babilônia, confirma as palavras de Jeremias. Que previu esse fato em uma visão de dois cestos de figos em que as frutas de um cesto estavam boas e as do outro não (Jr 24). O senhor rogava para continuar a abençoar os que estavam separados do Templo de Salomão, do trono de Davi e da Terra de Abraão.
Você já viu uma criança fazer uma coisa errada e, por isso, receber como castigo ter que passar “um tempo” no quarto ou sentada em uma cadeira em um canto? O exílio, para o povo de Deus, foi como ficar de castigo por um grande tempo. E senhor deixou-os um período no cativeiro, onde, estando fora da terra, do trono e do templo, poderiam entender o que fizeram de errado e deixariam de idolatrar esses elementos. A terra prometida, linhagem davídica de reis e o Templo, que simbolizavam a presença de Deus, eram bons presentes que Ele lhes dera. Todavia, o povo começou a usa-los mal. os presentes tornaram-se importantes demais. Por isso, o Senhor levou-os embora ao chama-los para a babilônia. Ele deixou-os de lado por setenta anos para que se concetrassem de novo no que era especial e a razão por que isso é importante. Contudo, a fidelidade Dele acompanhou-os no exílio, e é assim que se inicia a visão de Ezequiel, com Deus indo a seu povo que está distante do Templo, da linhagem de Davi e da terra de Israel.
A própria visão começa com um vento poderoso:

Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte, e uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa como metal brilhante, que saía do meio do fogo.
Do meio dessa nuvem saía a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era esta: tinham a semelhança de homem.
Cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas. (Ez 1.4-6).

A medida que a visão prossegue, vemos algumas criaturas muito bizarras ao redor do trono de Deus:

Vi os seres viventes; e eis que havia uma roda na terra, ao lado de cada um deles.
O aspecto das rodas e a sua estrutura eram brilhantes como o berilo; tinham as quatro a mesma aparência, cujo aspecto e estrutura eram como se estivera uma roda dentro da outra.
Andando elas, podiam ir em quatro direções; e não se viravam quando iam.
As suas cambotas eram altas, e metiam medo; e, nas quatro rodas, as mesmas eram cheias de olhos ao redor.
Andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; elevando-se eles, também elas se elevavam. (Ez 1.15-19)

Depois de descrições adicionais dessas criaturas, uma voz soa acima do firmamento. E, a seguir, o próprio trono aparece:

Veio uma voz de cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça. Parando eles, abaixavam as asas.
Por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia algo semelhante a um trono, como uma safira; sobre esta espécie de trono, estava sentada uma figura semelhante a um homem.
Vi-a como metal brilhante, como fogo ao redor dela, desde os seus lombos e daí para cima; e desde os seus lombos e daí para baixo, vi-a como fogo e um resplendor ao redor dela.
Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do SENHOR; vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava. (1.25-28).

DEUS NÃO É COMO NÓS

Ele é outra pessoa, notável e diferente de nós. Ele é extraordinário e incomum.
Ezequiel não hesita em descrever tudo que viu, usou as palavras “semelhança” e “como”. Havia “uma semelhança de trono como de uma safira”, e a figura sobre ele tinha “como o aspecto do fogo” em seu interior.
A bíblia chama Deus de “santo”. Ele é santo. Por isso, devemos demonstrar reverência por Deus. Ezequiel abaixou sua face mesmo depois de todo seu treinamento teológico! Seu novo conhecimento de Deus não o fez se sentir de forma alguma mais casual em relação a Deus. Ele ficou amedrontado com essa visão de Deus, assim como já ficou quando teve uma do Senhor.
Deus não é apenas a pessoa idosa que está lá no alto. Ele não é um mero tipo de avô, com barba branca, no céu. Também não é um vizinho amigável, um companheiro ou um camarada. A bíblia jamais retrata a alegria casual com que, muitas vezes, consideramos o auge da intimidade espiritual com Deus. Na bíblia, todas as visões do Senhor são amedrontadores e inspiram reverência.

DEUS É TODO-PODEROSO E ONISCIENTE

Talvez você tenha percebido que as cambas das rodas eram cobertas de olhos (1.18). e as quatro faces olhavam em todas as direções (1.6,10,17). Essas coisas mostram a onisciência de Deus. não há nada que Ele não perceba. E o fato de Deus estar sobre esse carro, que se move em todas as direções, mostra que é Todo-poderoso. Ele pode estar em qualquer lugar. Ezequiel podia confiar nesse Deus Todo-poderoso e Onisciente!

DEUS NÃO É LIMITADO PELAS CIRCUNSTÂNCIAS

Mas o grande ponto para Ezequiel era que, de qualquer forma, ele via Deus. Pois, afinal, não estava em Jerusalém ou no Templo. Ele estava no exílio quando teve a visão do Deus Altíssimo! O Senhor não está limitado a Jerusalém. A visão assegurou ao profeta que o Senhor estaria com seu povo por onde quer que fosse espalhado. Ele não está limitado a nenhum lugar. Deus preocupa-se com o mundo todo.
Deus não se limita ao ultimo ponto em que você pensa que o localizou! Talvez houve um momento em que se sentiu especialmente próximo de Deus.
Todavia, agora, você está perturbado, inseguro, temeroso de ter perdido a capacidade de se sentir próximo Dele, porque as circunstâncias mudaram. Bem, Deus mostra-nos, da mesma forma como mostrou ao profeta e a seu povo do A.T, que ele não é limitado pelas circunstâncias. É maravilhoso conhecer as bênçãos do Senhor por meio de qualquer um desses caminhos, mas lembre que Deus trabalha de muitas maneiras. Ele não está limitado a uma circunstância. Ele é o Deus do universo.

DEUS TOMA A INICIATIVA

Deus toma a iniciativa. Ele vem a nós. No versículo 1 “[...] se abriram os céus”. Ele escolheu descer. Ezequiel não abriu os céus e foi até Deus. Vs 3 “veio expressamente a palavra do Senhor” Vs 4: “Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do Norte” Vs 25: “ E ouviu-se uma voz”. E, por fim, no vs 28 “E ouvi a voz de quem falava”.
Assim como ele fez com Moisés no episodio da sarça ardente, com Isaías no templo e com Paulo na estrada de Damasco. O mesmo aconteceu com Ezequiel nenhum desses homens saíra em busca de Deus ou tentara fazer contato com Ele. Deus toma a iniciativa. Ele vem a nós. Ele nos amou primeiro, Ele nos atrai. Ele trouxe você até aqui hoje.

DEUS COMUNICA-SE

VocÊ percebeu que a visão de Ezequiel atinge seu auge em uma voz? Em palavras? Se fossemos coreografar essa visão, não faríamos dessa maneira. Hoje, exigiríamos um espetáculo – uma demonstração para os olhos. Mas aqui, a visão de Deus atinge o auge não com algo para os olhos, mas com palavras para os ouvidos – “e ouvi a voz de quem falava” (1.28).
Deus não quer apenas ser adorado a distância. Ele quer um relacionamento pessoal. O Senhor não quer se encontrar conosco a fim de que desfrutemos de alguma sensação visual, antes, quer uma aliança de amor. Não se satisfaça com a mera sensação. O fundamento desse livro é esse tipo de comunicação verbal com Deus, e isso é o fundamento de qualquer relacionamento que temos com Ele. A comunicação verbal é que constrói os relacionamentos, e Deus, graciosamente, comunicou-se com seu povo.
Por isso, a Palavra de Deus é vital em nossas reuniões na igreja. Reservamos tempo para ouvir a Palavra porque Ele fala, conosco por intermédio dela.

UMA VISÃO DA PARTIDA DE DEUS

A segunda grande visão apresentada nesse livro é uma lembrança repentina. É a visão da partida de Deus do templo de Jerusalém.
Muitas vezes, perguntam-me sobre o Paraíso. Muitas vezes, apenas digo que há muitas coisas que não sei sobre esse lugar. Mas tenho certeza que existe o paraíso e que ele não é aqui. Eu acho que a maioria das pessoas tem certeza que o paraíso não é neste mundo.
Com certeza, os companheiros de Ezequiel no exílio babilônico sabiam disso, a visão de Ezequiel ensinou-lhes que não apenas a babilônia não era o paraíso, mas Jerusalém também não era! Eles tinham percorrido uma longa distância para proteger a Cidade de Davi, achando que se agarrar a ela era algo equivalente a estar com Deus. todavia, isso estava errado. Por isso, Ezequiel apresentou-lhes outra visão, ou outra série de visões, em que viu o pecado de Israel e a partida de Deus em conseqüência dele. O Senhor transferiu seu povo para o “cuidado” dos deuses que realmente amavam.
Boa parte dos capítulos 6-24 é composta de profecias contra Israel por causa de seu pecado. “E desviarei deles [meu povo] o rosto” (7.22), agora Ezequiel vê Deus partir do templo e da sua área, da mesma forma como o povo abandonara a adoração ao Senhor. A visão termina no capítulo 11 quando o Senhor parte da própria cidade. Eis uma amostra dessa visão:

... ali a mão do SENHOR Deus caiu sobre mim.
Olhei, e eis uma figura como de fogo; desde os seus lombos e daí para baixo, era fogo e, dos seus lombos para cima, como o resplendor de metal brilhante.
Estendeu ela dali uma semelhança de mão e me tomou pelos cachos da cabeça; o Espírito me levantou entre a terra e o céu e me levou a Jerusalém em visões de Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava colocada a imagem dos ciúmes, que provoca o ciúme de Deus. (8.1-3)

Disse-me: Entra e vê as terríveis abominações que eles fazem aqui.
Entrei e vi; eis toda forma de répteis e de animais abomináveis e de todos os ídolos da casa de Israel, pintados na parede em todo o redor. (8.9,10).

Eis que a glória do Deus de Israel estava ali, como a glória que eu vira no vale. (8.4).

Então, saiu a glória do SENHOR da entrada da casa e parou sobre os querubins. (10.18).

Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles.
A glória do SENHOR subiu do meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.
Depois, o Espírito de Deus me levantou e me levou na sua visão à Caldéia, para os do cativeiro; e de mim se foi a visão que eu tivera.
Então, falei aos do cativeiro todas as coisas que o SENHOR me havia mostrado. (11.22-25).

Os capítulos 8-11 de Ezequiel. Contêm uma estranha verdade cinematográfica – ou a mensagem do tipo “você está Lá” – como se Ezequiel, da Babilônia, recebesse uma transmissão divina dos cultos pagãos que aconteciam no Templo de Jerusalém. Deus passava pela parte externa do templo – sua casa – como se desse uma ultima olhada. A seguir, Ele parte do santuário e de seu pátio e deixa-o para ser destruído.
O povo causou esse divórcio entre eles e Deus ao perseguir outros deuses. Nos capítulos 16, 20 e 23, o Senhor usa a linguagem mais vívida para acusar Jerusalém de abominável infidelidade. Ele diz-lhes:
Mas confiaste na tua formosura e te entregaste à lascívia, graças à tua fama; e te ofereceste a todo o que passava, para seres dele.
Tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares altos adornados de diversas cores, nos quais te prostituíste; tais coisas nunca se deram e jamais se darão.
Tomaste as tuas jóias de enfeite, que eu te dei do meu ouro e da minha prata, fizeste estátuas de homens e te prostituíste com elas.
Tomaste os teus vestidos bordados e as cobriste; o meu óleo e o meu perfume puseste diante delas.
O meu pão, que te dei, a flor da farinha, o óleo e o mel, com que eu te sustentava, também puseste diante delas em aroma suave; e assim se fez, diz o SENHOR Deus. (16.15-19).

Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos e rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles; e profanaram grandemente os meus sábados. Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir. (20.13).

Demais, levantei-lhes no deserto a mão e jurei não deixá-los entrar na terra que lhes tinha dado, a qual mana leite e mel, coroa de todas as terras.
Porque rejeitaram os meus juízos, e não andaram nos meus estatutos, e profanaram os meus sábados, pois o seu coração andava após os seus ídolos. (20.15,16).

Aumentou as suas impudicícias, porque viu homens pintados na parede, imagens dos caldeus, pintados de vermelho:
de lombos cingidos e turbantes pendentes da cabeça, todos com aparência de oficiais, semelhantes aos filhos da Babilônia, na Caldéia, em terra do seu nascimento.
Vendo-os, inflamou-se por eles e lhes mandou mensageiros à Caldéia.
Então, vieram ter com ela os filhos da Babilônia, para o leito dos amores, e a contaminaram com as suas impudicícias; ela, após contaminar-se com eles, enojada, os deixou.
Assim, tendo ela posto a descoberto as suas devassidões e sua nudez, a minha alma se alienou dela, como já se dera com respeito à sua irmã.
Ela, todavia, multiplicou as suas impudicícias, lembrando-se dos dias da sua mocidade, em que se prostituíra na terra do Egito.
Inflamou-se pelos seus amantes, cujos membros eram como o de jumento e cujo fluxo é como o fluxo de cavalos.
Assim, trouxeste à memória a luxúria da tua mocidade, quando os do Egito apalpavam os teus seios, os peitos da tua mocidade. (23.14-21).

Se você acha palavras inadequadas para um sermão, deixe-me lembrá-lo de que Deus mandou Ezequiel dize-las em publico. Deus estava claramente aborrecido com a maneira como seu povo devotou o coração a ídolos e a falsos deuses. Ele estava dizendo: “Isso é muitíssimo errado!”
Muitos anos antes da época de Ezequiel, Deus, por intermédio de Moisés, advertiu seu povo de que enviaria para o exilio se fosse infiel a Ele.

Assim como o SENHOR se alegrava em vós outros, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, da mesma sorte o SENHOR se alegrará em vos fazer perecer e vos destruir; sereis desarraigados da terra à qual passais para possuí-la.
O SENHOR vos espalhará entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da terra. Servirás ali a outros deuses que não conheceste, nem tu, nem teus pais; servirás à madeira e à pedra. (Dt 28.63,64).

Como já disse, o povo de Deus causou essa separação antinatural, esse divórcio. E agora, pagava o preço por ter feito isso. No capítulo 24, depois de todas as acusações espinhosas contra a infidelidade de Israel, encontramos as seguintes palavras: “E veio a mim a palavra do Senhor, [...]: Filho do homem, escreve o nome deste dia, deste mesmo dia; porque o rei de Babilônia se aproxima de Jerusalém neste mesmo dia”. Jerusalém, no cerco, começa a sofrer a punição da deserção de Deus.
Ao mesmo tempo, Deus chama Ezequiel para que ele faça o ato simbólico mais doloroso – e mais poderoso – que já lhe pedira:

Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Filho do homem, eis que, às súbitas, tirarei a delícia dos teus olhos, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas.
Geme em silêncio, não faças lamentação pelos mortos, prende o teu turbante, mete as tuas sandálias nos pés, não cubras os bigodes e não comas o pão que te mandam.
Falei ao povo pela manhã, e, à tarde, morreu minha mulher; na manhã seguinte, fiz segundo me havia sido mandado.
Então, me disse o povo: Não nos farás saber o que significam estas coisas que estás fazendo?
Eu lhes disse: Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Dize à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu profanarei o meu santuário, objeto do vosso mais alto orgulho, delícia dos vossos olhos e anelo de vossa alma; vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, cairão à espada.
Fareis como eu fiz: não cobrireis os bigodes, nem comereis o pão que vos mandam.
Trareis à cabeça os vossos turbantes e as vossas sandálias, nos pés; não lamentareis, nem chorareis, mas definhar-vos-eis nas vossas iniqüidades e gemereis uns com os outros.
Assim vos servirá Ezequiel de sinal; segundo tudo o que ele fez, assim fareis. Quando isso acontecer, sabereis que eu sou o SENHOR Deus.
Filho do homem, não sucederá que, no dia em que eu lhes tirar o objeto do seu orgulho, o seu júbilo, a sua glória, a delícia dos seus olhos e o anelo de sua alma e a seus filhos e suas filhas,
nesse dia, virá ter contigo algum que escapar, para te dar a notícia pessoalmente?
Nesse dia, abrir-se-á a tua boca para com aquele que escapar; falarás e já não ficarás mudo. Assim, lhes servirás de sinal, e saberão que eu sou o SENHOR. (24.15-27).

A fim de transmitir de forma adequada seus sentimentos para seu povo, Deus não poderia invocar uma linguagem mais profunda, mais íntima, mais amorosa e mais envolvente que a do relacionamento entre o marido e a esposa. Da mesma forma que Ezequiel perdeu sua esposa (“o desejo dos teus olhos”), o povo perderia Jerusalém “o desejo dos seus olhos”. Essas duas perdas eram apenas uma tênue sombra da que Deus sofreu quando perdeu o povo de Israel, o povo a quem chamou e fez, de quem Ele cuidou e com quem se deleitou, e a quem, em seu amor santo e zeloso, agora, julgaria.
Capítulos 25-32 e 35, a atenção de Ezequiel muda dos israelitas para as nações, aprendemos que a justiça de Deus não se limita a seu povo. As nações que pareciam vitoriosas, tanto para si mesmas como para os israelitas exilados, estavam em dificuldades com Deus. O Senhor também as julgaria. O povo do Senhor podia ter certeza de que apenas Ele era soberano sobre todas as nações.
Capítulos 33-34. Deus repreende seu povo por duas razões. Primeiro, Ele diz que seus líderes são corruptos e apenas “apascentam a si mesmos” (34.2). Segundo, o povo mesmo ignorou sua Palavra:

Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR.
Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.
Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. (33.30-32).

O povo senta-se, ouve e desfruta a Palavra de Deus, a seguir, ignora-a! Ele fazia todos os rituais de adoração a Deus, mas o coração era devotado aos ídolos.
Em suma, o povo de Israel tentava acreditar na prosperidade de sua terra, na estabilidade política da linha davídica e até no próprio Templo, mas o tempo todo ignorava a Palavra de Deus. Portanto, nenhuma dessas coisas o salvaria. Que isso seja um aviso para nós!
Também hoje, nenhuma dessas coisas funciona como objeto de nossa crença. Nenhuma properidade, estabilidade política ou religiosidade. Nem mesmo sentar e desfrutar da pregação da Palavra do Senhor. O Senhor por intermédio de Ezequiel, ensina-nos que nenhuma dessas coisas nos salvará.
Hoje, o reavivamento tornou-se um tema comum entre os cristãos. Contudo, os reavivamentos nunca aconteceram porque o povo falou sobre ele. Todavia, os reavivamentos verdadeiros aconteceram apenas quando o povo adquiriu a noção certa de Deus, de sua majestade e de senso de responsabilidade diante desse Deus. Cresceu em sua consciência de seus pecados. Desenvolveu-se na compreensão da obra de Cristo na cruz. Cresceu no entendimento do chamado a crer apenas em Cristo.
UMA VISÃO DA VINDA DE DEUS E A PROMESSA DO PARAÍSO

A ultima seção da profecia de Ezequiel apresenta as mais famosas visões de esperança. No capítulo 36, lemos sobre a promessa extraordinária de Deus de reunir um povo de todas as nações para si mesmo, de purificar esse povo de suas impurezas e de seus ídolos, de substituir o coração de pedra por um de carne e de garantir-lhe que seu Espírito moverá este povo a seguir os caminhos Dele e a guardar seus mandamentos (36.24-28).
Capítulo 37, vemos como isso será feito por meio da visão extraordinária de ezequiel do vale dos ossos secos. Ezequiel prega a Palavra do Senhor, e os ossos voltam à vida!
Os capítulos 40-48 apresentam a última grande série de visões do livro, nas quais Deus mostra a Ezequiel o novo Templo. O primeiro Templo fora destruído na invasão da babilônia após a retirada de Deus.
Algumas pessoas consideram essa visão final o novo Templo maçante que tumultua o texto bíblico e confunde nossa mente, à semelhança do que ocorre em apocalipse. Talvez alguém até tenha a tentação de ver as descrições desse Templo apenas mais como esboços arquitetônicos/ teológicos de um sacerdote sem função na babilônia e sem nada melhor para fazer.
Essa não é uma obsessão pessoal de Ezequiel. Ao contrário, Deus disse ao profeta:

Disse-me o homem: Filho do homem, vê com os próprios olhos, ouve com os próprios ouvidos; e põe no coração tudo quanto eu te mostrar, porque para isso foste trazido para aqui; anuncia, pois, à casa de Israel tudo quanto estás vendo. (40.4).

Na verdade, esse é ponto culminante de todo o livro. É mais provável que os ouvintes de Ezequiel tenham se encantado com essa visão e essa promessa de purificação e de renovação completas. Acima de tudo, o pedido de Deus para estar com seu povo, arrebataria a atenção dos ouvintes de Ezequiel.
Capítulo 43, a visão do retorno de Deus ao Templo reconstruído versa sobre isso. Da mesma forma que nos capítulos 10-11, viu o Senhor partir do Templo, Ezequiel, agora, assiste o retorno:

Então, o homem me levou à porta, à porta que olha para o oriente.
E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.
O aspecto da visão que tive era como o da visão que eu tivera, quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que tive junto ao rio Quebar; e me prostrei, rosto em terra.
A glória do SENHOR entrou no templo pela porta que olha para o oriente.
O Espírito me levantou e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR enchia o templo.
(43.1-5).

Ezequiel profetizou que os exilados voltariam para sua terra, e,aqui, prometeu que o Templo que havia acabado seria reconstruído e ficaria cheio com a presença de Deus. O Senhor estaria com seu povo de novo. Inúmeras bênçãos fluíram da presença e do governo renovados de Deus, da mesma forma que um rio fluiria do novo Templo. (47).
O propósito dessa visão do Templo é salientar a restauração do relacionamento de Deus com seu povo. Portanto, o versículo final do livro é uma declaração apropriada: “E o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor Está ali” (48.35b). O livro deixa-nos a imagem de Deus estar sempre com seu povo.
O livro de Esdras relata que os exilados voltaram à terra prometida e reconstruíram o Templo, porém, não há registros de que a glória do Senhor encheu o santuário como fez na consagração feita por Salomão, do primeiro Templo. Contudo, séculos mais tarde, o próprio Emanuel entraria nos arredores do Templo, em Jerusalém. E em apocalipse, na visão final da Cidade Santa, a comunhão com Deus torna-se mais intima á medida que o povo do Senhor celbra não só na presença Dele, por mais maravilhoso que isso seja, mas também com uma visão total Dele e com o habitar para sempre com Ele!
Ezequiel encerra com a esperança gloriosa do Paraíso. Promete-se a cada tribo um pedaço de terra renovada, terra essa que parece apontar para algo alpem do que Esdras e Neemias encontraram ao retornar. Uma terra pela qual ainda esperamos.
Porque Deus ofereceria essa esperança renovada a seu povo infiel? Acima de tudo, Deus promete mudar seu povo e restaurá0lo para si mesmo por causa do seu próprio nome:

Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes.
Vindicarei a santidade do meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a minha santidade perante elas. (36.22,23).

Como Deus pode restaurar pecadores para si mesmo? Afinal, Ele é santo. Como é capaz de desconsiderar pecados abomináveis e trazer pecadores à sua presença? Bem, Ezequiel traz uma luz para a resposta a essa pergunta, mas vemos que Deus não simplesmente desconsiderará a transgressão, antes, lidará e essa expressão simboliza – quando ele se deita sobre seu lado (4.4-6) – o carregar o pecado sobre seu corpo. E no capítulo 16, Deus promete um tempo de reconciliação para o infiel Israel (16.63).
Deus também diz que chegará o dia em que os pastores imprestáveis serão julgados e, chamando o povo de ovelhas, diz que levantará “sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as há de apascentar; ele lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, lhe serei por Deus, e o meu Servo Davi será príncipe no meio delas” 34.23,24. Nesse dia, Ele também fará um concerto de paz com seu povo 34.25. quem seria esse pastor vindouro? Jesus Cristo, que veio e deu a vida por suas ovelhas (jo 10.15). Jesus, ao oferecer-se na cruz, pagou pelos pecados de todos que se arrependem e Nele crÊem. Assim trouxe paz a todos os rebeldes prontos a se entregarem a Ele. Ofereceu misericórdia aos pecadores que querem morrer para o pecado e sabem que não podem fazer nada para conseguir perdão para si mesmos. Apenas por intermédio de Cristo, podemos nos reconciliar com o Pai.

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