segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Inspiração da Bíblia – Introdução

A Bíblia contém 3.566.480 letras, 773.693 palavras, 31.173 versículos, 1.189 capítulos e 66 livros. É, portanto, uma “biblioteca divina”, e exige não só orientação espiritual, mas também a aplicação de métodos de estudo reverentes e diligentes a fim de compreender seus assuntos diversificados e sua mensagem unificada.
Sabemos da importância de ter pessoas que conheçam e preguem a Palavra de Deus, porém, mais urgente é a necessidade de homens e mulheres que vivam a Bíblia. A minha oração é que vocês e eu, venhamos aprender, amar e viver as Escrituras Sagradas.

O que Algumas Pessoas acham da Bíblia


A Bíblia é objeto de numerosas e variadas opiniões.
Muitas pessoas não gostam dela. Voltaire, o grande filósofo francês, previu que a Bíblia desvaneceria em cem anos. Ele disse isso há quase 300 anos, no século XVIII. Um historiador escreveu: “Por volta do século XIX, os ocidentais já tinham mais certeza da existência do átomo do que qualquer das coisas de que a Bíblia fala a respeito”. Por volta do século XX, grandes seções das partes do mundo antes “cristãs” caíram em um ceticismo oficial oficial em relação à Bíblia. O governo soviético publicou há cerca de 50 anos a obra (Um dicionário de Palavras Estrangeiras) que define a Bíblia como “uma coletânea de lendas distintas e contraditórias, escritas em diferentes épocas e cheias de erros históricos que as igrejas publicam como livro santo”.
Por outro lado, muitas pessoas tinham opiniões excelentes a respeito da Bíblia. Ambrósio, o bispo de Milão do século IV, descreve belamente a Bíblia com estas palavras: “Como em um paraíso, Deus caminha pelas Sagradas Escrituras à procura do Homem”. Emanuel Kant que foi considerado o último grande filósofo da era moderna afirmou: “Já senti mais conforto com uma simples linha da Bíblia do que com todos os outros livros que já li”. Daniel Webster, foi Major no Exército onde atuou na guerra civil americana, também foi compositor, ele afirmou: “Tenho pena do homem que não encontra na Bíblia um rico suprimento de pensamentos e de regras de conduta”. Abraham Lincoln, foi o 16.º Presidente dos Estados Unidos da América. Preservou a União durante a Guerra Civil tendo conseguido a emancipação dos escravos. Declarou: “O melhor presente que Deus deu para o homem”, também afirmou: “Pois sem ela não conheceríamos o certo e o errado”. Theodore Roosevelt, outro presidente do EUA, declarou: “O conhecimento integral da Bíblia vale mais que a Instrução universitária”. A. T. Robertson, grande estudioso de grego, que atestou: “Dê a um homem uma Bíblia aberta, uma mente aberta, uma consciência ordenada, e ele certamente se tornará um grande cristão”.
Algumas pessoas acreditam que têm muita fé na Bíblia, contudo a sinceridade delas não é garantia de que a compreendam. O Rei Menelique II, imperador da Etiópia tinha muita fé na Bíblia. Ele arrancava e comia algumas páginas do livro santo sempre que ficava doente. Era uma prática constante. Em dezembro de 1913, ele se recobrava de um acidente quando começou sentir-se particularmente doente. Pediu a um assistente que arrancasse as páginas de 1 e 2 Reis e o alimentasse com elas, página a página.
Ele morreu antes de acabar de comer os dois livros.
Com certeza, a Bíblia é popular, quer você goste dela, quer não. Ela é uma campeã de vendas de todos os tempos.
Embora, provavelmente, o livro seja mais vendido que lido.
A Bíblia trata de todo tipo de tema: história, códigos de lei, máximas éticas, tratados filosóficos, discursos, dramas, cânticos, hinos, biografias, cartas, parábolas, e o estudo da Bíblia, é uma viagem de descobertas, quase sempre em regiões desconhecidas. E um dos melhores meios de conhecer esses lugares é visitá-los pelo o estudo.

A Natureza da Inspiração Bíblica

A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma mensagem com autoridade divina. Na verdade, os autores bíblicos dizem ter sido impelidos pelo Espírito Santo a expressar as Suas palavras – que sua mensagem chegou até eles por revelação, de forma que as suas palavras foram inspiradas pelo próprio Deus.

Dois Textos Básicos sobre Revelação e Inspiração

Um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma pode ser encontrado em duas passagens principais. Pedro disse que os autores foram impelidos pelo Espírito Santo, e Paulo declarou que seus escritos foram soprados pelo próprio Deus. Portanto, a Bíblia alega que autores movidos pelo Espírito Santo expressam as palavras inspiradas por Deus.
(2 Pedro 1.20,21 declara:)

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

Em suma, os escritos proféticos (do AT) não tiveram sua origem nos homens, mas em Deus, que agiu por meio de alguns homens chamados de profetas de Deus.
2 Timóteo 3.16, outra passagem clássica do Novo Testamento, declara:

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;

Mesmo que Pedro fale da mensagem originando-se de Deus, é Paulo quem declara que ela se torna a Palavra escrita de Deus. Deus é a sua Causa última, e as Sagradas Escrituras são o resultado portador de autoridade.
Há numerosas passagens na Bíblia que apóiam a alegação de que a mensagem da Bíblia veio da parte de Deus, por intermédio de homens de Deus, e foi reunida na Palavra de Deus. Particularmente iremos analisar em que se fundamenta a inspiração do Novo Testamento.

Descrições da Inspiração do Novo Testamento

Os autores do Novo Testamento também consideravam os seus escritores como Escritura inspirada por Deus. Pedro, referindo-se às epístolas de Paulo, declarou que elas também eram Escrituras (cf. 2 Tm 3.16), da mesma forma que o Antigo Testamento também o era. Ele escreveu:


E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. (2 Pedro 3.15,16).
Paulo cita o Evangelho de Mateus como sendo Escritura, juntamente com o livro de Deuteronômio do AT, afirmando: “Porque diz a Escritura [em Dt 25.4]: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E [em Mt 10.10]: Digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18).
Paulo declarou, em 1 Coríntios, que suas “palavras” são as que o “Espírito Santo ensina” (2.13). pois, “Deus no-las revelou pelo seu Espírito” (v.10). O apóstolo conclui a sua exortação, dizendo: “Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (1. Co 14.37). Ele também inicia a Epístola aos Gálatas lembrando-os de que a sua pregação vem da parte de Deus: “Porque não recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).
O apóstolo João faz a abertura do livro do Apocalipse com as palavras solenes: “Revelação de Jesus Cristo, a qual lhe deu” (Ap.1.1), e conclui o livro com a declaração de que ele é um profeta (no mesmo nível que os profetas do AT): “E disse-me o anjo: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro” (Ap 22. 9).

O Que a Inspiração Garante

A inspiração dá garantia de toda a verdade que a Bíblia ensina, implica, ou sugere (espiritual e factualemente). Paulo declarou que “toda” a Escritura, e não algumas partes dela, é “divinamente inspirada” (2 Tm 3.16), e Pedro declarou que “nenhuma profecia da Escritura” veio da parte de homens, mas todas têm a sua origem em Deus (2 Pe 1.20,21).
Jesus disse aos Seus discípulos que o “Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26). Ele acrescentou: “Mas quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16.13). Como questão de fato, a igreja está edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2.20). E a igreja primitiva perseverava “na doutrina dos apóstolos” (At 2.2), a qual foi registrada na páginas do Novo Testamento e era considerada “Escritura” junto com o Antigo Testamento (cf. 2 Pe 3.15,16; 1 Tm 5.18).

O que a Inspiração não Garante

Ela não garante que todas as partes de uma parábola transmitam uma verdade (sem tirar o mérito da verdade que está sendo explicada através daquela ilustração – Lc 18.2).
Nem que não existam hipérboles (uma figura de linguagem que faz uso do exagero deliberado no texto (Cl 1.23).
Nem que todas as afirmações são literais
Nem que todas as afirmações acerca do universo tenha sido feitas a partir de uma perspectiva astronômica moderna
Nem que todas as citações das Escrituras devam ter mesma aplicação que a do contexto original (cf. Os 11.1; Mt 2.15).

A Bíblia Tem origem Divina

A fonte última de uma Bíblia divinamente inspirada é o próprio Deus, pois as Escrituras são “sopradas” ou inspiradas por Ele (2. Tm 3.16): “Toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). As Sagradas Escrituras não surgiram do impulso humano: “Nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.20,21).

A Bíblia Chegou até nós por meio de Homens

À exceção de umas poucas ocasiões, como, por exemplo, a entrega dos Dez Mandamentos – que foram “escritos com o dedo de Deus” (Dt 9.10) - a Bíblia não veio até nós diretamente de Deus, mas de forma indireta, passando pela instrumentalidade dos Deus profetas. Hebreus 1.1 declara: “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras [...]” O espírito Santo “inspirou homens santos de Deus” (2 Pe 1.21). Davi disse muito bem: “O Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca” (2 Sm 23.2), (Dt 18.18; Is 59.21; Zc 7.12; At 4,24,25; Hb 4.7).
Deus não desrespeita nem a personalidade nem a cultura dos autores bíblicos quando, na sua providência, os guiava como veículos da sua revelação escrita para a humanidade.
Os autores humanos não eram simplesmente secretários que anotavam algo que estava sendo ditado a eles; a sua liberdade não foi suspensa nem negada. Eles não foram autômatos. As suas palavras correspondiam ao seu desejo, no estilo em que estavam acostumados a escrever. Na sua providência, Deus promoveu uma concordância divina entre as palavras deles e as Suas.

Definição sugerida de Inspiração

A inspiração é a operação sobrenatural do Espírito Santo, que, por intermédio de diferentes personalidades e estilos literários dos autores humanos escolhidos, investiu as palavras exatas dos livros originais das Sagradas Escrituras, em separado ou no seu conjunto, como a própria Palavra de Deus.

A Providência de Deus

Como o Deus da Bíblia é onisciente (Sl 139.1-6; 147.5), todo-amoroso (Mt 5.48; 1 Jo 4.16), e onipotente (Gn 1.1; Mt 19.26), conclui-se que Ele não inspiraria livros que serviriam para a fé e prática da igreja ao longo dos séculos, sem que tivesse condição de preserva-los. A perda de livros inspirados seria um lapso da providência de Deus. O Deus que cuida dos pardais certamente não descuidaria de sua Palavra, e o Deus que preservou a sua revelação na natureza (Rm 1. 19,20), certamente não falharia em preservar a sua revelação especial nas Sagradas Escrituras (Rm 3.2). Em suma, se Deus inspirou a sua Palavra (2 Tm 3.16), Ele também a preservará.

O Número de Manuscritos do Novo Testamento

Da mesma forma que ocorre com o AT, o número de manuscritos é supreendente quando comparado com uma obra típica da antiguidade, a qual normalmente apresentará de sete a dez cópias manuscritas disponíveis. Em contraste, o Novo Testamento apresenta quase 5.700 manuscritos gregos disponíveis nos nossos dias – isto faz dele o livro mais bem atestado da antiguidade.

O Milagre, por André Chouraqui

Para finalizar que apresentar uma ilustração de André Chouraqui, “André Chouraqui”, um judeu nascido na Argélia em 1917, escritor premiado, reconhecido linguísta e tradutor de vários livros(incluindo a Bíblia e o Corão), falecido em Jerusalém no último dia 08 de Julho, escreveu o seguinte no prefácio da sua tradução a Bíblia:
Se um autor vindo de uma província perdida no meio de um continente desconhecido, chegasse a um editor com um manuscrito escrito em uma língua misteriosa, e anunciasse que sua obra seria traduzida em milhares de idiomas e dialetos; seria lida por dois milênios por centenas de milhões de pessoas de todos os continentes em todas as nações da terra; inspiraria a fundação de três religiões universais (judaísmo, cristianismo e o islamismo) além de milhares de confissões e seitas; dissesse que sua obra provocaria revoluções e guerras, e ao mesmo tempo suscitaria com a mesma intensidade entregas místicas e heroísmos nunca vistos; que sua obra dois ou três milênios após ter sido escrita continuaria a ser vendida em todo o mercado editorial do mundo com edições de milhões de exemplares por ano, e que enfim, uma enorme parte da humanidade veria nela um último recurso e sua única esperança de salvação… Dissesse ainda que sua obra fora escrita por Deus através de 40 autores diferentes, que não necessariamente foram contemporâneos entre sí, pois escreveram o texto num período aproximado de tempo de 1500 anos, e que a sua obra é a compilação de 66 livros…
É preciso dizer como ele seria recebido?. (…)
É, no entanto, esta impossível aposta que a Bíblia realiza no campo do pensamento e de sua transmissão que, de fato, superou todos os limites de espaço e venceu todo o tempo. Este livro de Israel escrito em hebraico, aramaico e em grego – Novo Testamento, não surpreende apenas pela universidade e pela longevidade de sua carreira: o que faz mais ainda, (…) ao falar ao homem de todas as idades, em todas as línguas, em todos os seus níveis de consciência e de cultura.
Se um milagre é o que torna real o impossível, estamos diante de um milagre no campo da comunicação universal. (A Bíblia).




Bibliografia:

NORMAN Geisler. Teologia Sistemática. 1ª Edição. Rio de Janeiro. CPAD. 2010.

PHILLIPS, John, Explorando as Escrituras. Rio de Janeiro. 2ª Ed. CPAD, 2005.

DEVER, Mark, A Mensagem do Antigo Testamento. Rio de Janeiro. 1ªEd. CPAD, 2008

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